au bonheur des dames 479
Pequeno lembrete ao dr Costa
(e aos seus epígonos...)
mcr 5/4/19
O Sr. Primeiro Ministro entendeu criticar o ex- Presidente Cavaco por este sair do recato a que soem submeter-se os ex-presidentes da República. Desconfio que S.ª Ex.ª não recorda o dr Mário Soares que nunca deixou ( várias vezes com acerto e sempre com pleno direito) de intervir na “res publica”.
Mais: não o fez com punhos de renda ou pezinhos de lã. Alturas houve em que foi truculento, para não usar palavra mais forte.
É verdade que o sr. general Eanes ou o sr. dr. Jorge Sampaio foram mais discretos (poderia dizer-se que estavam nos antípodas do sr. doutor Marcelo Rebelo de Sousa que consegue ainda ser mais interventivo do que no seu longo e conturbado passado de jornalista, dirigente partidário e comentador.
A minha simpatia pelo sr. professor doutor Cavaco Silva é nula e isto desde sempre, melhor dizendo, desde que ele foi ministro das Finanças. Disso há neste blog farta constância numa boa dúzia de textos.
Todavia, não posso nem quero, nem devo impedir que qualquer português – e especialmente quem tem clara influência na opinião pública – de a todo o momento dizer alto e claramente o que pensa sobre a vida política. Diria, até, que os senadores da república tem o estricto dever de não se calarem.
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Uma segunda questão se me permitem: parece que o sr. dr. Carlos Martins usou, quando era deputado, uma direcção algarvia para receber mais uns miseráveis euros do erário público. Foi apanhado e terá devolvido toda ou parte da soma assim obtida. Conviria dizer que isto, esta bizarra interpretação da “ética republicana” o impediria de chegar a Secretário de Estado. Pelos vistos, nem o Ministro da Pasta nem o Primeiro Ministro pensaram desta maneira. Arriscaram apostar nele e o resultado está à vista...
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voltando aos recados ao sr. Primeiro Ministro.
Se é verdade que o expediente de pôr o Parlamento a legislar sobre a questão agora em aberto terá algum escasso mérito, não menos verdade é que o próprio Governo poderia estabelecer para si mesmo uma grelha de incompatibilidades familiares. Deixar a discussãoopara a AR significa, por outro lado, adiar para as calendas gregas a resolução do problema. E até lá, enquanto o pau vai e vem, folgam as costas.
E finalmente
Da banda do acossado PS, houve a referencia ao caso das sete amantíssimas esposas de ministros ppd que, há quase trinta anos, infestaram os gabinetes dos colegas dos maridos (umas vezes como adjuntas, outras com chefes de gabinete). Na altura, o “Independente” pôs a boca no trombone e muito boa, ou má, gente (eu incluído) explorou o tema. Nessa época, até no Parlamento Europeu havia o arraigado hábito de levar familiares para os respectivos gabinetes de apoio. E não era apenas o caso português. Com o decurso do tempo foram-se afinando as regras (escritas ou meramente implícitas) e o festim foi acabando. A prática, aquela prática, não era saudável mas poucos, raros, a criticavam. Trazer à colação o caso, trinta anos depois, poderá fazer lembrar casos idênticos passados por exemplo com o Dr Mário Soares e alguma parentela. Ou será que ninguém se lembra?
Ou a prescrição só funciona em 50% dos casos?
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