au bonheur des dames 511
Mistérios lusitanos
mcr, 12-7-22
O alerta fora dado no domingo por Marques Mendes na SIC. Portugal é o 3º pior país da UE em numero de mortes por COVID!
Ignoram-se as razões mas não há dúvida que algo corre mal por cá.
Junte-se-lhe o facto de, sempre na UE, também temos um número expressivo de novos casos (9º lugar).Todavia, neste caso, mesmo comparando com outros países há o factor turismo que pode impulsionar as novas infecções. Isso e os festivais de Verão onde se tem juntado multidões impressionantes. Valeria a pena saber que classes de idade são as mais afectadas já que quanto ao número de mortes há a certeza que são os velhos a pagar a factura.
Um médico, pneumologista e catedrático na faculdade de Medicina, acusa as autoridades de não terem ou não prodigarem retrovirais em quantidade suficiente. A srª ministra diz que há medicamentos à fartazana pelo que compete aos técnicos explicarem a sua escassa ou a sua não aplicação.
Aguardo com espectativa (e alguma ansiedade, dada a idade que já me pesa) a explicação (que tarda) da DGS. A srª directora geral que deixe em paz o bacalhau à Brás e diga que diabo de coisa se passa.
É sempre interessante verificar que a sr.ª Ministra da Saúde volta e meia reclama-se de “não técnica” (verdade lapalissiana...) para tirar o cavalinho da chuva. No resto tudo como dantes, quartel general em Abrantes! O hospital de Braga voltou a encerrar a urgência de obstetrícia(o que a meu ver, mais do que uma ocorrência, já se transformou num hábito que se manterá agravando-se durante o resto do Verão). Felizmente temos o bacalhau à Brás no banco dos réus...
A segunda singularidade lusitana de que há notícia fresquíssima de hoje é o número de organismos consultivos do Estado. Pelos vistos, o Conselho Económico e Social encontrou 408 mas assegura-se que o Estado ignora realmente quantos há no total. Pra já são 408.
A notícia acrescenta que alguns são redundantes e outros não tem actividade!
Resta saber se tem o quadro preenchido e com os respeitáveis conselheiros a ganhar o seu.
Os exemplos anedóticos abundam (cfr “Público” de hoje, pp. 10 e 11) mas a palma vai para um relativo à banana (o que prova que a república bananeira já não é uma miragem mas apenas uma ameaça) e outro sobre a juventude que duplica um segundo igualmente dedicado a essa nobre causa e a uma geração cada vez menor .
(algum/a leitor/a concluirá que eu só ando aqui a dizer mal da pátria ou que tenho uma agenda bolchevista, populista, liberal, capitalista ou mais outra coisa que acabe em ista. Lamento imenso ter de negar mas o meu problema é importar-me com o país onde nasci, onde vivo e onde quase de certeza morrerei. É que gostava de o deixar um pouco melhor, um pouco mais atraente sem recorrer ao turismo do pé descalço e ao servilismo perante a estranja. Provavelmente li demasiadamente a imortal obra “Dificuldades que tem um reino velho em emendar-se” da autoria de um cavalheiro chamado Ribeiro Sanches (sec XVII( que foi médico e eminente escritor cuidadosamente exilado da pátria como convinha a um cristão novo perseguido pela Inquisição e pela má vontade de muitos patriotas.
(há uma edição à venda na internet)
Ou então tresli Eça e outros mal pensantes o que, somando-se a um imoderado gosto por bacalhau cozido com todos, à lagareiro e à Brás, me converte num ser daninho e pernicioso. O que vale é que já vou bastante adentrado em anos pelo que já não farei demasiado mal à grei, ao nobre povo, aos heróis do mar e outros gloriosos abencerragens que povoam o jardim à beira mal plantado e que, ora, corre o risco de se converter em palco de incêndios.
E logo hoje que “está de estorricar os untos” (cfr “Cartas de Fradique Mendes”)
na vinheta: Ribeiro Sanches