au bonheur des dames 512
Frenesi estival
mcr. 17-7-22
Acalmaram ligeiramente as temperaturas e os incêndios o que não significa qualquer espécie de sossego para o resto do verão (que é muito, uma eternidade...) que ainda nos falta.
Entramos pois na silly season com os jornalistas entusiasmados com uma extraordinária projecção sobre as futuras eleições presidenciais. Ou está toda a gente farta de Marcelo (o que não seria especialmente admirável...) ou então não tem outros jogos malabares para se entreterem.
E então o que temos? Pois Gouveia e Melo à frente das hipóteses, sobretudo se Costa não se candidatar. Percebe-se a razão tanto mais que, neste momento, o Governo está na mó debaixo, mesmo depois da inusitada e inesperada maioria absoluta obtida.
Ainda hoje há quem tente perceber essa estranha eleição legislativa em que as sondagens (todas ou quase todas...) mostravam um PPD ameaçador.
É bem possível que, por isso mesmo, tenha havido um toque de sinos a rebate na Esquerda e o voto útil se ter imposto ainda mais depois das burrices do BE e do PC. De todo o modo estes dois partidos já sabiam (ou deviam saber) que os eleitores, mesmo os mais acirrados, não perdoam e, menos ainda, compreendem, os votos parvos, as obstruções, as condições inaceitáveis postas ao PS para não chumbar um orçamento.
Todavia a hecatombe à esquerda não justifica sozinha a maioria absoluta. Houve igualmente, uma convulsão à dieita que feriu de morte o CDS e fez disparar as votações no Chega e na IL.
De todo o modo, a realidade do momento é mesmo esta: há fogo, vai haver gogo, arderam mais hectares do que em igual período de 17 e a alguns ministros em justa, justíssima, perda de prestígio. Já nem se fala do cavalheiro das perninhas de banqueiro alemão a tremer pois isso era algo que, mais do que escrito nas estrelas se antevia há muito. E, antevê-se mais porquanto a TAP não descola antes titubeia tanto o u mais que as outras, os comboios ainda estão por comprar e, muito mais, por andar nos carris nacionais.
Aliás o “jovem” Pedro Nuno perdeu pau e bola ao não se atrever a demitir-se. Na ânsia de conservar o lugar deixou-se enredar na teia de Costa e perdeu a confiança de muitos que o creditavam como um homem forte e um político corajoso.
Quem também está frágil ´é a senhora da Saúde. Eu, que dou acusado de estar sempre a apouca-la, nunca duvidei que aquilo era uma bola de sabão. Agora as urgências obstétricas e pediátricas estão que fervem. Outras se lhes seguirão que a sangria no SNS vai ainda no adro.
Vale a pena repegar em Gouveia e Melo apenas para recordar aos mais desatentos que o almirante veio (para sorte nossa) substituir uma criatura incapaz, politicamente (mal) escolhida que rapidamente mostrou que não servia para gerir o combate à pandemia. Essa escolha sem pés nem cabeça foi da Ministra ou, pelo menos, ela subscreveu-a. Em felizmente poucas semanas o homem a tinha dado com os burrinhos na água e uma providencial crise num hospital que também era da sua responsabilidade deu azo à sua precipitada defenestração.
Todavia, a Ministra, graças à acção de Melo e respectiva equipa de militares, pode adornar-se com alguns louros de uma vitória para que manifestamente pouco ou nada contribuíra.
Foi muito festejada, incluindo a promoção interesseira de Costa que fingiu que ela era uma concorrente de peso à sua sucessão, a senhora aceitou tudo isso sem perceber emas como acima se disse, a bola de sabão acaba sempre por rebentar.
E pronto, eis aqui, e agora, um divertimento estival, leve e inconsequente. Uma jornalista avança mais alguns nomes (Portas, Marques Mendes, Santos Silva) mas tudo isso é lenha para uma fogueira muito ao gosto e ao desgosto da época.
Pessoalmente sempre desconfiei dos futurólogos, das bolas de cristal que não tenho nem quero ter e no Verão só me apete ir a banhos, aviar em boa companhia umas sardinhas ou ganhar o euro-milhões que está gordo que se farta.
Dois anos é muito tempo, sobretudo para quem não sabe se ainda por cá estará.
O que for logo se verá.