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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

au bonheur des dames 513

d'oliveira, 18.07.22

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Fogo sobre o contribuinte

mcr  18-7-22

 

Fui hoje à minha repartição de finanças pata pagar o “selo do carro” que agora tem outro nome mas é rigorosamente a mesma punção na algibeira do contribuinte.

Para começar, mantem-se as filas à porta pois deixou de haver, à entrada, uma máquina onde as pessoas podiam, com comodidade, dizer ao que vinham e obter uma senha.

Lá dentro de cerca de 16 guichets  utilizáveis apenas cinco estavam ocupados. Não sei se é por baixas, pelo covid, pelos fogos, por férias ou apenas por desprezo por quem ainda quer pagar o que deve ao Estado.

Quando chegou a minha vez, já dentro do edifício, uma senhora numa secretária logo à entrada começou por me perguntar  se eu tinha marcação.

Estupefacto, expliquei que não, que  apenas queria pagar o “selo do automóvel” E acrescentei que dois meses antes, para  fazer idêntico pagamento, ninguém me perguntara se tinha marcação.

“Nada feito”, retorquiu a funcionária, “afora é preciso marcação . Para que dia quer?”.

Eu pago os impostos todos sem refilar mas sem dar gritos de alegria pelo cumprimento desse patriótico dever a que correspondem muito poucos direitos. E assim, entendi insistir: “não venho cá pedir dinheiro, venho entrega-lo!”

E propunha-me já o dia de amanhã. Recusei. ”E hoje à tarde?”

Vejam bem a bambochata que tudo isto é. Voltei a insistir no meu direito, tanto mais que o guichet desse tipo de pagamentos estava desoladoramente vazio.

A funcionária não cedia pelo que recorri ao grande argumento: “se não puder pagar agora faça o favor de me trazer o livro das reclamações”.

Este livro deve ser mágico. À sua simples menção a funcionária levantou-se e foi segredar qualquer coisa ao guichet já referido. Na volta, anunciou-me que eu podia entrar e esperar.

E esperei um bom quarto de hora té a excelentíssima criatura fo guichet fazer o alto favor de me atender. Bastou-me declarar o meu nº de contribuinte e lá apareceu radioso o pagamento a efectuar. Um minuto! Porventura 59 segundos. Ou menos!

No meio da troca de palavras, a primeira funcionária queria o meu no de telefone. Recusei-me em nome da privacidade dos meus dados. O mesmo sucedeu com o  endereço do meu correio electrónico. Não precisam dele para nada, ou melhor com um destes eelementos eu era despachado para uma espera pela comunicação de algo tão simples como pagar um imposto. A funcionária não insistiu muito depois de eu lhe dizer que era advogado. S advogados são uns chatos de primeira e qualquer funcionário que se preze prefere vê-los de longe.

Confesso que também gostaria de ver de muito longe, a uns anos luz, os cavalheiros do fisco. Do primeiro ao último, munistro incluído. Mas o fisco é como um polvo. Tentacular. Sempre à espreita. Não perdoa um atraso. Mesmo sabendo, como sabe, que se for para arbitragem o conflito tem mais possibilidades de perder  (66%) do que de ganhar. Mas sabe que os cidadãos são ignorantes. Que temem o Estado. Que não querem chatices. Que não estão habituados a reclamar. Que nem sequer sabem que podem reclamar.

*na vinheta: máscara elefante “mbap mteng” etnia Bamileké (Camarões). Estas máscaras podem atingir mais de metro e meio e são extremamente coloridas. E caras!

De todo o modo, os amadores de arte primeiras africanas podem (e devem) visitar a “African Art” ou “galeria africana”, na Rª D João IV 303 no Porto. O proprietário, o sr Keita, originário do Mali  mas radicado em Portugal sabe o que vende, é simpático, explica as peças e a origem delas e tem de tudo “como na botica” Há peças boas, algumas muito boas, e peças para todos os preços  E duas ou três dúzias de  livros sobre arte africana  onde se podem tirar teimas. Suponho que está na internet