au bonheur des dames 542
Catar pulgas no Qatar ou
Vox clamantis in deserto
mcr, 14-11-22
Acabo de ler no Público uma intimação dirigida à Iniciativa Liberal assinada como de costume por uma inquisidora política que faz notar que o dito partido não disse nada sobre o Qatar.
Suponho que para a diligente criatura que, pelos vistos, é mulher para procurar cabelo em ovos frescos, torna-se imperioso vir condenar o Qatar. Eu, pouco dado a futebóis, ainda não me tinha pronunciado sobre esse surpreendente campeonato do mundo de futebol à sombra das palmeiras daquele deserto petrolífero.
Nunca percebi a escolha mas o cheiro do dinheiro parece ter propriedades afrodisíacas (e não só) para quem decide destas coisas.
O Qatar e a restante panóplia de pseudo Estados encostados à Arábia saudita (outro exemplo de democracia...) é uma (mais uma!...) originalidade política: Uns escassos milhares (dezenas, quiçá centenas) nascidos em cima de gigantescos depósitos petrolíferos, dividem os lucros e abstêm-se de trabalhar. Para o efeito há largos milhares de filipinos, indianos & similares que, por tuta e meia, fazem tudo desde a construção civil à limpeza urbana ou doméstica. E compram Rols-Royce, à pazada bem como aviões de combate e o que mais for necessário. Uma dúzia de emires bondosos e autocráticos governam autocraticamente os diferentes emiratos, fizeram as pazes com Israel e vendem o petróleo ao resto do mundo. Agora, também dão uma mãozinha ao futebol e à FIFA, construindo estádios sumptuosos que, depois, ficarão sem préstimo.
Consta que a mão de obra usada mais parecia uma multidão de escravos mas isso não terá comovido o sr. Blatter & restante comandita. Menos ainda as federações nacionais, os países e as respectivas equipas, para já não falar nos media e tudo o resto.
De todo o modo, pelos vistos, a iL é que é, entre todos, a culpada. Por omissão, certamente dolosa pois terá considerado o Qatar uma democracia liberal mesmo se tal não esteja escrito em parte alguma...
Leio, igualmente, que o facto dos dirigentes da IL entenderem que o aborto, a eutanásia e mais já não sei que questão fraturante não os desculpa nem sequer redime. Pelo menos aos olhos de dois catecúmenos que firmando-se liberais não aderem à IL e abominam estas oscilações fartamente anti-religiosas.
Ou seja, agora os partidos são também julgados por quaisquer silêncios que incomodem os inquisidores encartados sobretudo os de extrema esquerda que, por mero acaso, não distinguem entre agressor e agredido...
Assim vai o mundo, o pequeno mundo, dos (e das) comunicantes nacionais.