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Incursões

Instância de Retemperação.

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Au bonheur des dames 545

d'oliveira, 18.11.22

 

 

 

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Pequena serenata nocturna em 2022

mcr. 18-11-22

 

eu ia escrever “requiem” mas os dois músicos que desapareceram foram de tal modo fonte de alegria que, pirateando o mais amado dos meus músicos, preferi o termo serenata (que para mim, ignorante e passado por Coimbra, é sempre nocturna).

Refiro-me a Bernardo Moreira  (Binau) um histórico do Hot club cujo quartto integrou. Era um excelente músico, um optimo divulgador e a sua acção no HCP foi de extrema importância.

Ouvi-o naquela velha casa duas ou três vezes mas nunca privei com ele. Todavia, a minha gratidão não é menor.

 

O segundo músico a que me queria referir é Jerry Lee Lewis, um dos pais primordiais do rock juntamente com elvis Presley, Fats Domino, Chuck Berry Roy Orbison e Buddy Holy.

Tenho a ideia de o ter ouvido pela primeira vez nos idos de 58 ou 59 graças a um colega de colégio ue, mais abonado do que qualquer de nós, comprava regularmente os 45 rotações que iam vagarosamente chegando. Era um fanático do rock e o seu empenhamento e (relativa) disponibilidade para comprar discos fizeram com que o alcunhássemos de “Discóbolo” (lembrança remota do que aprendêramos na história da Grécia Clássica...).

A adolescência molda muito do nosso gosto musical ou literário e eu confesso sem pudor que misturo nas pen que utilizo no carro, Mozart, rock, Nat King Cole e uma multidão  de jazzmen (descoberta já do tempo da universidade).

O que me dá gozo é que essas minhas paixões musicais são, hoje, quase todas, referenciais clássicos e aclamados.

JLL era um músico inspirado, extrovertido, branco do Sul e propenso a escândalos que quase lhe arruinaram a carreira numa América piedosa, conservadora e pouco dada à liberdade sexual fosse ela qual fosse.

O que é notável na carreira de JLL é a continua auto-reinvenção, a passagem por diferentes estilos musicais  e a novidade com que mesmo com quase oitenta anos ainda conseguia enormes audiências e vendas fantásticas dos seus discos. De certa maneira a longevidade acabou por o tornar a única testemunha viva de uma extraordinária revolução da música popular americana.

 

Sem querer transformar esta crónica num obituário não posso deixar de referir o Francisco Laranjo, um pintor talentoso e, por acaso, um tocador de harmónica bem humorado. Junto, como vinheta, um trabalho dele adquirido há uns bons trinta anos