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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

au bonheur des dames 566

d'oliveira, 27.01.23

Lisboa não sejas francesa”

mcr, 27-1-23

 

O título apela para uma cantiga antiga que. Aliás, é medíocre. Todavia, rima com o outro título que havia para o folhetim: “à grande e à francesa” mesmo se hoje em dia  o esbanjamento seja mais dos novos ricos russos (agora em local incerto. E falo apenas dos que ainda não foram suicidados ou morreram de morte macaca...).

Porém, o título vai todo para o famoso altar a construir para a visita papal. 

Cinco milhardas prece muito para algo que só vai servir para um par de missas. As descrições que ouvi na televisão são algo de faraónico ou, melhor dizendo, são típicas de um certo Portugal onde a pompa e circunstância  foram de regra. 

E u não sei se o investimento vai render os balúrdios prometidos ma recordando eventos passados só de pensar nisso até me persigno. E não sou religioso, convém acrescentar. Isto de contar com o ovo no cu da galinha já mereceu há quinhentos anos a crítica de Gil Vicente. Pelos vistos, a comédia caiu em saco roto.

Uma coisa é certa. Mesmo num espaço renovado aquilo é demasiado grande e o altar não tem cabimento nos hipotéticos festivais de música. 

Uma visita papal, sobretudo do actual Papa, não pede coisas tão gigantescas e tão caras. 

Claro que não estou com os filisteus que agora em nome da laicidade rasgam as vestiduras e clamam pela pureza e pobreza primitivas da Igreja. 

Sobretudo, e como já citei, os arautos da laicidade cujo discurso  além de bacoco é falso. É verdade que o Esado é çaico mas parece incontroverso que uma larga maioria da população é católica. Basta comparar as peregrinações a Fátima com, por exemplo, o conjunto de todos os comícios políticos de um ano.  Fátima deixa-os a uma distância de anos luz. E basta recordar que a terra está longe de tudo mesmo para quantos não vem à pata  dias e dias ao sol e à chuva. 

No meio disto tudo, vi que um tal José Fernandes (o Zé do Bloco nos bons tempos) tem um cargo importante (e seguramente bem pago ) no controlo da preparaçãoo das festividades. Agora diz que não sabia de nada. O Sr Presidente também de nada sabia. Porém já eram públicos alguns custos e deles o do projecto da horrenda mastaba a que chamam  altar. 

Muito á portuguesa começou-se tarde e a más horas e por isso o recurso aos habituais truques foi de regra. Quando o tempo aperta, os convidados metem a unha n conta, coisa que não sendo só nacional, é costumeira. 

Mesmo que os famosos lucros, o “retorno” atinjam os 100 ou 200 milhões, a verdade é que isso ainda é uma incógnita. Basta que a guerra acelere, que o covid recupere, sei lá que mais e lá  vai o projecto da chuva de patacas pelo cano. 

Fiquei também a saber (sempre pelas mesmas fontes televisivas) que a Igreja, ao contrário do que se propalava também entra com uns largos milhões. E se assim é convém lembrar que essa despesa é a fundo perdido. A igreja não aluga casas, camas, tendas, não vende bifanas  nem promove arraiais onerosos. Dir-se-á que os seus ganhos são outros mas isso não tem valor contabilístico. Claro que hão de vender umas  medalhinhas, outro tanto de fitinhas e talvez de santinho mas isso são trocos. 

A ganhar à grane e à francesa são os arquitectos, engenheiros, projectistas,  donos de casas de pasto e similares, a malta das casas low cost e os vendedores de “suvenires”

Outro ganhador é o dr. Costa que, subitamente ficou na sombra graças ao facto dos holofotes estarem apontados a Moedas e a um bispo (e mesmo a um frei qualquer coisa que veio à televisão falando de escândalo).  O Sr Presidente, mesmo a despropósito, lá apareceu o seu par de vezes a repetir que nada sabia. Se nada sabia não precisava de vir à ribalta. Não é personagem desta arruaça.

Assim como até os ateus e os “representantes” dos laicos e outra gentinha vieram dar a sua sentença, eu atrevi-me a “postar” este folhetim. Também sou gente, pago impostos  (arre!!!) e não irei a nenhuma das jornadas gloriosas que se anunciam. Como é duvidoso, quase certo, que nunca porei os pés naquela zona seja ela parque verde, azul ou amarelo, ou poiso de música ao desafio, fico-me por aqui. 

O enredo segue dentro de momentos...

Lisboa, antes francesa e alegre que portuga e tristonha mesmo se, como diz a cantiga “Portugal outras coisas não perdoa.”