au bonheur des dames 595
“Quando o sábio aponta a lua...”
mcr, 20-5-23
“...o tolo só repara no dedo!” Ora aqui está a prova provado que devo ter engolido um inteiro dicionário de provérbios. Em boa verdade, eles ocorrem-me sempre que me deparo com toliçadas de todo o tamanho e a época está mais cheia disso do que de cerejas.
Desta feita, dediquemos umas breves linhas a essa coisa informe que se chama SIS.
Devo confessar que órgãos ditos de informações e de defesa do Estado me causas reacções medonhas de defesa pessoal. Estou vaxinado contra esse tipo de organismos que à pala da “defesa do Estado”, graças a “informações” acabam sempre por se tornar em temíveis aparelhos contra os cidadãos.
Com a idade que levo, com os 14 processos da PIDE que tenho em meus nome na Torre do Tombo, com a recordação amarga de três prisões e uma inquirição na pide portuense que felizmente acabou sem chatices, com as barreiras profissionais que o empenhamento político ( e a respectiva reacção policial) que me caíram em cima, não é difícil imaginar o que penso destas coisas que não defendem a liberdade individual e escarafuncham a vida pessoal e profissional das pessoas para além de tentarem policiar o espírito e detectar a maldade nas nossas pobres cabeças.
O meu lemade vida é desde há sessenta anos este: à polícia e aos costums iz-se nada !
Ora nesta rábula de mau gosto e de duvidosa moralidade, essa aventesma chamada SIS, deu-se a uma tarefa impossível, ilegítima e ilegal: ir resgatar um computador “roubado”, a meio da noite (!!!, ai que saudades da pide!...) a um cidadão que, obviamente atemorizado se viu obrigado a entregar o objecto “roubado” a um agente.
No dia seguinte, a mesma aventesma pela voz melíflua de uma directora geral com o apoio extraordinário dum órgão de vigilância sobre o mesmo absurdo organismo, tentaram disfarçar afirmando que nunca houve roubo (rebentando assim com a palavra do 1º Ministro e dando-o como pateta ou mentiroso) e que por isso tudo estava certo tanto mais que o cidadão antes ladrão entregara a peça de livre vontade, sem violência física.
O organismo que vigia o bom comportamento do SIS, pela voz de uma senhora que há um par de anos provara a sua formidável competência como ministra, cargo de que foi defenestrada pela vontade maldosa de um Presidente da República, veio a publico dizer tudo bem, tudo como dantes quartel general em Abrantes!
Claro que tudo foi mal, tudo foi acanalhado, tudo foi imbecil e, sobre tudo, ilegal.
Quem chamou o SIS? Pelos vistos uma Chefe de Gabinete que não sabe nada de nada e se oferece como capa e escudo de um ministro que também não percebe bem estas coisas.
E não percebe pela razão muito simples de que para resolver o que ainda era suposto ser um toubo, chamou a Ministra da Justiça para acionar a polícia judiciária e o ministro do Interior, digo da Administração Interna para alertar o comandante geral da polícia.
Sorte tivmos, apesar de tudo por não se ter lembrado da GNR ou do SEF!. Claro que, pessoa contida, o sr Galamba esqueceu-se de alertar a NATO, a ONU, o rato Mickey e o Luky Luke.
Este último viria, aliás, a propósito dado que os irmãos Dalton seriam quatro tantos quantas as valorosas guerreiras agredidas no ministério por um Luky Luke enlouquecido e transviado.
O que espanta, se é que algo nesta historieta miserável de faca e alguidar, é o à vontade com que se substitui um simples telefonema para a esquadra mais próxima, pedindo o polícia desserviço para deter um assaltante.
O que espanta é esta multiplicidade de acções todas ao mais alto nível comprometendo ministros a meio da noite! O que espanta ainda mais é que estes ministros acorreram pressurosos em defesa do mimoso colega e das suas valquírias doloridas e chorosas emprestando a sua autoridade e mobilizando as polícias do Estado!!!
Em boa verdade usaram-se os tanques Leopard, os misseis patriot as bombardas de Diu e os sinos da velha Goa para matar uma incómoda pulga que ferrava descaradamente na carne inocente do ministro Galamba.
Nada disto incomoda as pessoas que assistem estarrecidas a esta cornucópia de burrices supinas?
Este ministro, as suas girls insofridas, os colegas sempre atenciosos, o 1º ministro “envalentonado” , os deputados do PS sempre compreensivos (todos, sem uma voz discordante, uma que seja?), tudo organizado em quadrado como Nuno Alvares nos Atoleiros ou Mouzinho em Gaza contra o tremendo Gungunhana e dando “gritos selvagens tais como Viva Portugal, às armas, lutar ou perecer!” (sic, dos manuais militares antigos).
Eu, desculpem os leitores a quem estes maus modos poderão estarrecer, quando vejo um ”serviço de informações” (que legalmente só informa, nada mais, ponto final, parágrafo) entrar nesta coboiada nocturna, ameaçadora e ilegal, lembro-me logo da pidlhada, desse miserável grupo de patifes, dos cabrões que os toleravam e apoiavam. Felizmente, já estou com uma idade canónica pelo que duvido que a coisa se torne mais ameaçadora antes da minha morte. Mas que é ameaçadora, disso não tenho duvidas, que é absolutamente contraria aos mais simples imperativos democráticos, idem aspas, aspas.
Tudo isto é reles, nauseabundo e miserável. Quanto às criaturas que deviam fiscalizar o SIS, só me resta relembrar o título do folhetim, recomendar-lhes óculos graduados ou, melhor ainda e mais honroso, a demissão.
Por uma de duas razões: ou não perceberam nada ou fizeram um frete.