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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

au bonheur des dames 597

d'oliveira, 28.05.23

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Tantos anos

mcr 28-5-23

Há muitos, muitos anos, gabei nestas páginas, um leitor de Manuel António Pina que compilava cuidadosamente todas as crónicas que este escrevia no JN.

Bem avisado andava, porque o MAP, por feitio, preguiça ou eventual pose, não se dava a esse trabalho e a certa altura já não tinha a noção de tudo quanto escrevera.

O meu querido e desaparecido amigo Mauel sousa Pereira entendeu avisar-me que ele fazia o mesmo com as prosas vagabundas que eu ia deixando no Incursões. Fiquei profundamente sensibilizado  mas nunca vi essa volumosa resma de textos. O Manuel morreu durante o Covid e, uns tempos depois, a filha prometeu-me entregar as folhinhas encontradas mas, pelos vistos, arrependeu-se, esqueceu-se ou achou-as boas para a lixeira municipal.

Entretanto, uma leitora I, ao ler o que eu escrevera sobe o Manel Pina resolveu dar-se ao esforço de me passar a papel e anos depois mandou-me mais de uma centena de textos.

Foi esse envio que me animou a continuar tal tarefa que entretanto ainda não terminou e já conta com um exacto metro de folhas frente e verso. Digamos que, até meio do covid, excepção feita dos textos todos de “estes dias...” (e pelas minhas contas dão para três caixas )e destes dois últimos anos (outro tanto pelo menos) sempre arranjarei mais meio metro de inutilidades, coisas apenas suscitadas pela  espuma dos dias e que, semanas, meses ou anos depois pouco significam.

Há cerca de 40 anos, um pequeno incêndio, numa casa anterior limpou sem apelo nem agravo mais outro tanto de escritos perpetrados (nunca uma palavra foi tão apropriada!...) a partir dos anos 60. Salvaram-se imerecidamente desse fogo purificador cerca de duzentos textos que ocupam mais quatro caixas-arquivo que só por teimosia, vaidade ou toleima guardo ciosamente. 

De certa maneira, esta avalanche de escritas diversas tem um pequeno valor pois acabam por ser na sua diversidade uma espécie  de diário  que nunca tive a coragem de iniciar ou de prosseguir. E em certas ocasiões são também testemunhos de correspondências com amigos que fui perdendo ao longo destes já longos anos.

A instimável leitora que me ofereceu uma antologia dos meus folhetins, afirmava-me no acto de entrega e muito geneoamente que assim aquilo estava pronto para publicação  na sequência de um livro do mesmo teor que eu dera à luz. Bem lhe disse que, com a morte do alucinado editor que se prestou a publicar-me, não tinha ninguém a quem entregar a tremenda tarefa de joeirar aquela torrente de textos e, eventualmente, dar-lhe forma de livro. Já na altura frequentava poucos editores e daí até hoje o número reduziu-se por morte ou reforma dos que restavam. 

Claro que como me aconselha o Manuel Simas Santas, produtor por grosso de uma chusma incontável de textos jurídicos, poderia tentar ma edição só na internet. Todavia, nem isso sei fazer mesmo se conseguisse ultrapassar uma preguiça ancestral e crescente. 

Depois desta vaga explicação, alguém, que vitoriosamente até aqui chegou, perguntará a que vem esta  confissão. Pois, ao facto, pelos vistos incontornável, do blog ter aniversariado! Só agora dei por isso, o que prova a minha cada vez maior desatenção pela vida de todos os dias. Mas o JCP não deixa passar nada e pimba, lá disse o que se passava. 

Vai daí fui ver ainda que muito incertamente, quantos folhetins fui publicando ao longo destes anos. 

E cheguei à aterradora conta de quase 2500 folhetins em 18 anos de colaboração, suspeitando eu que a conta será um pouco maior mas isso obrigar-me-ia a laboriosas investigações que em nada melhoram (nem provavelmente) pioram a realidade. 

Com sorte alguma outra leitora, quiçá um esforçado leitor, dedicar-se-á a essa arqueologia que isto, à velocidade com que as coisas vão, já só merece tal palavra.

JCP que leva a sério esta contabilidade e sabe onde procurar os números  refere um tremendo sucesso de visualizações mensais (2100! Livra!) coisa que eu nem sequer cheiro. Não percebo nada da mecânica interna do blog não sei onde ir pesquisar estas singularidades, basta-me haver sítio para dar à taramela que o resto alguém verificará. “A intendência, dizia Napoleão, segue o barco.  Não me estou a comparar ao corso mas apenas a aproveitar a sua tirada. Aliás nem simpatizo com a criatura nem como filho da vitória nem como náufrago no Beresina. 

E pronto, bom aniversário ainda que com tardios votos, ó blog que me acolheu com simpatia, fidalguia e muita, muita, paciência.

E obrigado leitores que a 2000 rotações mensais me dizem um vago olá, mcr” Saravá malta boa!

*na ilustração as pastas já completas de parte da colaboração de mcr noblog. Faltam pelas minhas contas sete ou oito pastas