AU bonheur des dames 601
Lembrar Camilo
mcr, 17-9-23
Já por aqui referi a existência de um pequeno grupo informal que tem largas dezenas de anos e que se auto-batizou "Sétimo de praia com latim e grego por fora". O nome incomum vem de uma frase ouvida no antigo Liceu D João III que agora tem um nome diferente e que em nada ( ou muito pouco, "poucochinho") contribuiu para o engrandecimento de Coimbra ou da educação nacional. Na verdade alguém, por razões agora perdidas ou desconhecidas, terá declarado, presumivelmente a um polícia, "tenho o 7º ano de praia com latim e grego por fora"
Isto fazia referência ao antigo 7º ano dos liceus, grau que conferia farta empregabilidade, bem superior à que hoje é dada por um mestrado. Nessa altura a maioria dos liceais que chegavam ao 7º e último ano dos liceus eram candidatos a cursos ditos "de ciências", sendo que nos de letras preponderavam "Direito" (para rapazes) e "Letras" (Românicas ou Germânicas e um pequeníssimo núcleo de Clássicas - os tais latim e grego...)
Naquele tempo a chegada à universidade não era pera doce, apenas os filhos da burguesia aí acediam, que o resto não tinha meios para mais cinco anos de estudos numa cidade longe de casa.
Ora, por razões diversas e também por mero divertimento, um pequeno grupo entendeu adoptar parte da frase para se descrever mesmo se todos tivessem feito a universidade. A principal impulsionadora do grupo era a Juju "Cachimbinha", irmã de um inveterado fumador de cachimbo que garantia que ela era , de longe, a melhor cuidadora de cachimbos não só no que tocava á limpeza deles, coisa difícil, demorada e chatíssima mas também uma expert em marcas de cachimbos, de tabaco para cachimbo e até conhecedora das artes de bom enchimento de um fornilho.
Tudo isto sem que alguma vez a Juju tivesse experimentado qualquer espécie de tbaco mesmo se um ex-namorado despedido com justa causa tivesse propalado que ela mascava tabaco e era adepta do rapé.
Mal fez o dito caramelo porquanto a Juju, que nunca foi boa de assoar, o procurou e esbofeteou em público no café Arcádia, sito à rª Ferreira Borges, em Coimbra quando o rapazola tentava infiltrar-se no grupo dos "teóricos", isto de um ajuntamento de especialistas de bancada, todos adeptos da Académica e onde pontificava Miguel Torga que, diz-se bateu fartas palmas ºa esforçada esbofeteadora.
Por essa e outras refregas a que nunca se furtou, incluindo um "fiscal de isqueiros" mal educado e demasiado lesto na caça à multa, a Juju é o único membro do grupo que nunca usou uma letra por pseudónimo. Os restantes chamam-se e respondem por Y, W, Z, K, Alfa, Ómega ou C de cedilha (sic) . E por aí fora...
A Juju licenciou-se em "Classicas", trabalhou sempre noutras e mais rentáveis áreas, e é ainda hoje uma especialista em Camilo. Sobretudo nas facetas menos conhecidas da sua produção literária desde as admiráveis cartas (e são muitas e saborosas) até às incontáveis polémicas em que, tão belicoso quanto a "cachimbinha", o génio de S Miguel de Seide se envolveu.
E, no que toca, à vida e aventuras de Camilo, não conheço ninguém que supere a minha velha e querida amiga.
Ora, e indo direito ao assunto que aqui me trás, depois do meu "suelto" sobre a guerra das petições à CMP, eis que W e Juju me enviam i seguinte recado:
"mcr seria bom que recomendasses ao crítico de futebol Rui Moreira que, à semelhança de Camilo, mandasse "a carta" (dos "ilustres" peticionários "higienistas") ao ventre fecundo da mãe terra pelo esófago da latrina".
(em nota a Juju declara que tem dúvidas sobre a atribuição de tal frase a Camilo mas "como tu já a usaste várias vezes faça-se a tua vontade. E "marmeleiro rijo nessa gangada !")