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Incursões

Instância de Retemperação.

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au bonheur des dames 602

mcr, 22.09.23

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sete já era! Agora é onze o que está a dar

(ou último dia do Verão...)

mcr, 22-9-23

 

Nem Jacob, nem Labaão nem Raquel, serrana bela. Nem os sete perdidos anos a que se somariam outros tantos para o pobre pastor, entretanto já com mais uns anos em cima, e pior ainda para Raquel alvo de desejo que terá passado de menina e moça para mulher já bem entrada em anos e carnes, quase uma velha para os cãnones daquela mais que longínqua época. 

A historieta abundantemente tonta da estátua de Camilo que, ao fim de onze anos (mais de quatro mil dias), foi finalmente descoberta por uma plaiade de "ilustres" cidadãos portuenses não mereceria tanto espaço neste blog não fora dae-se o caso de estarmos no fim do Verão com alguns chuviscos repentinos a recordar o belo poema de Rilka "Herr, es ist Zeit", e sobretudo a ideia de que não vale a pena olhar para a pobre actualidade nacional tentando extrair daí algum pequeno troço de carne para mordiscar.

É que entre as próximas eleições na Madeira que as sondagens apresentam como um passeio descontraído mas triunfal para o PSD local, até às promessas -sempre promessas - de um futuro risonho para os indigenas da Lusitânia que verão as pensões do próximo ano acrescidas de um "brutal aumento" ou as prestações da casa baixarem abismalmente graças a um truque contabilístico que será posteriormente pago no tempo das vaquinhas gordas... enfim nada de jeito, neste dcampo não se pesca uma alforreca!...

 

E é por isso, só por isso, que se regressa ao caminho de Damasco de duas dúzias de "ilustres" que ao fim de esforçados onze anos de caminhada gloriosa viram a luz edescobriram uma escultura horrorosa, plantada no centro da cidade, uma estátua "pornograficamente horrenda" (Rui Moreira dixit!), uma afronta à srª D Ana Plácido, ali supostamente repesentada nua sob traços não só lascivos mas sobretudo adolescentes, Jesus, Maria José, então há de aparecer um cavalheiro vestido e uma mulher nua? Onde é que já se viu isto, no excelso campo da arte? 

E logo no largo do amor de perdição que melhor estaria junto do antigo convento de onde Teresa pela última vez, vê o barco que, para sempre, leva simão...

Eu, apesar de tudo, percebo, que o dito conjunto escultórico tenha por dias, semanas, meses, um, dois anos passado despercebido aos baixo assinantes higienistas e defensores da cultura da cidade invicta (por onde todavia passaram exércitos invasores sem grande perda de tempo ou de esforço guerreiro...)

Mas onze anos, quatro mil dias? 

Onze anos a swapertar concuspicências várias de turistas perdidos , de maraus que aindasonham com as putas da rua dos Caldeireiros, com os autobilistas que demandam os parques de estacionamento das redondezas, com a juventude estudantil das escolas próxin+mas, com os eventuais mas minguados visitantes do centro portugu~es de fotografiaqueocupa o antigo Tribunal da Relação e a Cadeia onde Camilo penou e ana Pácido passava tardes a tocar piano na sua cela?

E ainda consta que o tempo actual é feito de corridas medonhas, de dias que atropelam os dias e as noites, Santo Senhor da Agoniaque tão tarde revelaste às almas puras o sacrilégio anti camiliano e anti placidiano daquela torpe escultura de que se requer por medida de higiene a remoção para uma cave municipal!

Em boa verdade se diz que o Verão é o tempo das questiúnculas orfãs de razão e de motivo, ao fim e ao cabo está toda a gente a banhos, no Algarve, nas Caraíbas, em Torremolinos ou numa prais fria da Foz, aberta aos ventos, mas onde, apesar de tudo, passam raparigas de biquini reduzido, tanga brasileira sem sequer saberem que a dois passos dali, Camilo frequentava um casino desaparecido onde, diz-se, perdeu fortes cabedais, coisa que aliás ocorreu noutras paragens desde o Bom Jesus até à Póvoa, isto sem falar em locais mais ou menos clandestinos em plena cidade do Porto onde a jogatana fervia... 

E, finalmente, vamos ao hediondo espectáculo da mulher nua e do homem vestido, esse ultrage às regras que "Le dejeuner sur l'herbe"de um tal Manet, indivíduo de maus costumes e desinspiradoe involuntário  inventor da palavra "impressionismo", criou com o único fito de ultrajar uma longínqua posteridade portuguesa e portuense que considera imoral juntar uma mulher nua a um homem vestido. 

E mais não se diz. O Verão finda, há pouco choveu, o outono anuncia-se. Ou, como diz Rilke, Senhor. é tempo, O verão foi muito longo...

(acrecento e esses prolongados calores exaltam as criaturas, fazem-nas perder o norte e o tino ...)