au bonheur des dames 603
El destape en Portugal
mcr, 1-10-23
Leitor que aqui chegaste graças à vinheta velhaca, desilude-te. No presente folhetim não vamos tratar dessa enlouquecida época espanhola que surdiu logo que a censura franquista esmoreceu. nos idos de 1975. Num brevíssimo espaço de tempo, os espanhóis deixaram de cruzar fronteiras para ver cinema dito "erótico" e, paralelamente, a industria cinematográfica indígena atirou-se de pés e cabeça para a produção rápida, barata e atrevida de fitas em que as actrizes apareciam primeiro de seios à mostra, depois em "nu frontal" e por fim num total à vontade que era repercutido por revistas (entre todas a "Interviu" que subitamente quintuplicaram as tiragens). Foi, no dizer de W., "um pagode!, um bodo aos pobres". Arre, Heinzie -sou eu...- de repente as nossas salas de cinema fronteiriças ficaram vazias pois do outro lado havia mais, mais variado e mais lampeiro"..."
Nada, raspas de nada! Aqui apenas vamos relembrar esse escândalo monumental que é (já era, sempre foi, vai ser) a questão da TAP .
Quem estas linhas traça foi um constante usuário da TAP porque era o meio mais fácil, rápido e menos oneroso de ir passar férias a Moçambique, peregrinação gozosa que durou entre 1957 e 1965.
Acresce que o avião se revelou ser o único meio de transporte em que eu não enjoava!
Mais tarde ainda usei a companhia em viagens para a estranja, dessa feita a título de turismo... Porém, rapidamente me apercebi que havia concorrentes mais em conta, com serviço idêntico e muito maior escolha de horários.
E isso, esta verificação foi partilhada com muitos outros portugueses, basta atentar na rápida instalação de companhias aéreas estrangeiras e, mais tarde, nas vantagens claríssimas do "low cost".
Uma vez chegados à nossa época tornou-se evidente que a TAP era já só um resquício caro anti-económico dos fausto do Império. Deixou de haver exclusividade nas ligações às ex-colónias que rapdamente criaram as suas próprias companhias e, simultaneamente no resto do mundo da diáspora portuguesa (sempre tão exaltada... e tão pouco respeitada...)os nossos patrícios expatriados foram percebendo que tinham mais e melhores alternativas para dar um saltinho à pátria madrasta.
só na cabecinha de uns desvairados patrioteiros, se outros tantos radicais (que provavelmente quando voam se servem de companhias não portuguesas ) é que continuou a vigorar a ideia da "companhia de bandeira", da soberania nacional e do interesse estratégico.
complementarmente, a TAP ajudou a tornar o naufrágio mais violento quando se meteu em negociatas no Brasil que acabaram por custar muitos milhões ao país e à própria empresa.
No exacto momento em que uma forte mioria de países desistia das companhias de bandeira nacionais, permitia a privatização das mesmas eis que, no "torrãozinho de açúcar" regressou pela mão do PS a renacionalização da TAP e co ela a nacionalização dos prejuízos que, contas bem feitas, irão seguramente muito além dos 3,2 ou 3,6 mil milhões.
A chamada protecção à indústria nacional que forneceria mil bens e serviços é bonita mas sem sombra de dúvida brutalmente inferior aos prejuízos que os portugueses foram ( e serão...) chamados a pagar.
em tempos de concorrência, nem sequer o apport do turismo vale. Os turistas virão (enquanto a moda for Portugal, e a insegurança reinar no Magrebe e na restante margem sul do Mediterrâneo...).
E seria bom ter em linha de conta que, num futuro que se espera próximo, deixarão de se possíveis voos de curta duração devido à luta contra a poluição (onde o avião é rei...).
Ao fim de oito anos de Governo com e sem essa estravagância da "frente popular" (que , em boa verdade, serviu para minar duramente o PC e o BE que ou não perceberam ou se iludiram nesse abraço com a jiboia socialista) eis que a TAP está à venda "no todo ou em parte" e, seguramente, a preço de saldo e com a única desculpa de que se trata de limitar perdas actuais e futuras. A treta da protecção dos interesses nacionais, estratégicos e restante parafernália de atoardas pretensamente sérias, rigorosas e inadiáveis, vai ser visível nos próximos tempos. É só esperar para verificar.
Em terras vizinhas o "destape" serviu para mostrar maminhas gentis e restantes corpinhos amáveis de uma série inesgotável de jovens aspirantes a actrizes, por cá serve para ostentar as misérias ridículas de uma política pensada sem rigor, sem sentido de realidade e sem respeito pelos contribuintes nacionais, os mais mal pagos da europa mas os mais molestados pelo peso da fiscalidade nacional.
Um desastre e uma vergonha!