Constroem uma outra realidade
Escrevemos mais abaixo acerca das políticas que levaram ao desmantelamento dos serviços públicos e da destreza dos governantes em justificar a degradação e mesmo incapacidade de resposta desses serviços.
O recurso dos governantes a todos os meios para justificar a sua acção, para nos mostrar uma realidade inexistente, não deixa de nos surpreender.
De entre todos a mais activa é, provavelmente, a Ministra da Justiça. As notícias dizem que o acesso à Justiça está mais complicado, que o tempo de resposta é bem mais moroso? Pois bem, a Senhor ministra encomenda uma auditoria, paga pelos contribuintes, e revela as suas conclusões: “A Justiça é mais rápida”, que "não existem quaisquer dificuldades de articulação entre as entidades envolvidas no sistema de acesso ao direito.
O problema da ministra é a realidade. A realidade mostra que, por exemplo, cinco meses é o tempo médio que o Instituto de Segurança Social (ISS) demora para atribuir um advogado oficioso”.
Como se imagina o Ministério da Justiça é a entidade mais isenta para proceder a uma auditoria que avalie o seu desempenho político. Mas estas são as notícias que passam e eles sabem disso.
Na área da saúde repete-se mais do mesmo. Degradação de condições de trabalho leva à demissão de 28 directores de serviços do Hospital Amadora-Sintra. Médicos apontam como exemplo a "saída preocupante" de recursos humanos qualificados que não foram substituídos e a incapacidade de contratar profissionais.
Como é que o Governo reagiu. Que nada tem a ver com a redução de meios humanos e materiais, que o problema está no excesso de doentes, nos doentes cada vez mais idosos… A somar a este argumentário até apareceu quem defendesse que estaríamos perante demissões de cariz político, querendo dizer, partidário. Às tantas ainda vão descobrir que aqueles 28 directores de serviços são simpatizantes do Syriza…
Lamentável. É certo que se os idosos fossem proibidos de recorrer aos hospitais estaria resolvido o problema…
Até Marcelo Rebelo de Sousa justificou, na sua conversa semanal na TVI, que o atraso superior a ano e meio na emissão de cartas de condução pelo IMTT se deve a “burocracias”, que ainda emperram os serviços públicos. O que é Marcelo saberá acerca do funcionamento do IMTT? O que é que Marcelo saberá acerca dos constrangimentos e despesas que a incapacidade o IMTT desempenhar atempadamente a sua missão acarreta para as pessoas que necessitam de renovar as suas cartas de condução?