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Incursões

Instância de Retemperação.

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E se Steve Bannon vestisse Colete Amarelo

JSC, 16.12.18

Em plenas manifestações dos coletes amarelos, em França, ouvi vários jornalistas e mesmo comentadores a questionarem se um dia também teríamos os coletes amarelos por aí.


Alguém os ouviu e aí está o anúncio da manifestação dos “coletes amarelos” em Portugal.
Se acredito que não é uma encomenda dos ditos jornalistas, tão pouco me parece que sejam iniciativas espontâneas, individuais, alguém que acordou, foi para o Facebook convocar uma manifestação e umas horas depois tinha milhares de aderentes. É pouco crível.


Uns tempos após o 25 de Abril um grupo de jovens resolveu protestar contra Espanha, dirigiram-se para a Embaixada Espanhola, umas horas depois a embaixada era invadida e incendiada. Anos mais tarde, com a libertação de documentação secreta, veio a saber-se que por ali andou a mão da CIA. O que parecia um movimento espontâneo, não era bem o que parecia ser.


E com os coletes amarelos? Em Janeiro deste ano um tal Steve Bannon, ex-conselheiro de Donald Trump, criou uma fundação, que designou de “The movement”, com sede em Bruxelas, para financiar e ajudar ao crescimento dos partidos populistas e de extrema-direita europeus.


The Movement”, segundo o própro Bannon, intervirá através de sondagens, investigação e prestação de serviços de aconselhamento sobre a mensagem a transmitir e o público-alvo para os partidos de extrema-direita. Servindo, ainda, de ligação entre estes partidos e o Freedom Caucus, grupo de congressistas com raízes no movimento de direita radical Tea Party.


Nos últimos meses o Sr Bannon encontrou-se com vários líderes da extrema direita europeia, a começar pelo líder do Partido para a Independência do Reino Unido (UKIP; Marine Le Pen da Frente Nacional Francesa; com os nacionalistas cristãos do Fidesz, partido do Presidente húngaro, Viktor Orbán e com os líderes da Alternativa para a Alemanha (AfD).


Recentemente, Bannon discursou na conferência anual do partido neofascista Irmãos de Itália. Sob os aplausos dos presentes, o Bannon garantiu que Trump, brexit e o resultado das eleições italianas estão interligados.


Qual o objectivo imediato que Steve Bannon definiu para “The Movement”? Nada mais nada menos do que a criação de um “supergrupo” dentro do parlamento Europeu que possa eleger até um terço dos membros do parlamento nas eleições europeias de 2019.


Como é que os “coletes amarelos” entram nesta estratégia?


Não sei, mas não me espantaria que daqui a alguns anos se soubesse que a mão de Steve Bannon identificou bem as fragilidades da cada país, as causas do potencial descontentamento popular, para, a partir daí, descodificar a mensagem a transmitir ao público-alvo, comandar protestos, fomentar a desordem pública, semear o medo, elementos essenciais para que o seu “The Movement” se implante no centro do poder europeu.

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