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Incursões

Instância de Retemperação.

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Diário político 226

d'oliveira, 29.05.18

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É com certeza uma casa espanhola (e modesta...) 

 

O senhor Pablo Iglésias é, como se sabe, secretário geral da organização “Podemos”, força política radicada na extrema Esquerda espanhola e herdeira, pelo menos em avultado número de militantes, da fantasmática IU e de diversas pequenas, e praticamente desaparecidas, formações de Esquerda. Também recebeu o apoio (e integrou) avultado número de antigos militantes do PSOE. Neste momento é a quarta força política de Espanha depois de durante algum tempo ter ameaçado os socialistas. Desde a fundação até hoje, o Podemos já misturou muita água no seu vinho o que, justamente, lhe terá conseguido uma melhoria na quantidade de votos que tem obtido.

De todo o modo, não é fácil definir com exactidão o programa do novel partido justamente porque, como se sabe, é a prova do poder que finalmente traça as verdadeiras fronteiras da ideologia e da real intervenção política.

Todavia, não é a isto que vimos.

Há uns tempos atrás, em 2012 , o anterior ministro da Economia de Espanha (hoje no BCE) entendeu comprar uma casa por 600.000 euros. Tal facto originou um violento ataque de Pablo Iglésias que não só achava que quem gasta tal soma numa casa é “milionário” e por isso indigno de ser ministro, sobretudo da Economia, mesmo s Guindos tivesse tido excelentes lugares regiamente pagos antes de entrar na política. Iglésias, aliás, também declarava que uma casa de tal preço era um lixo disparatado e ofensivo.

Nas últimas semanas, Iglésias e a sua companheira, entenderam comprar exactamente pelo mesmo preço (ó ironia das ironias!...) uma casa situada numa zona privilegiada para aí viverem e educarem os filhos que estão prestes a nascer.

Estalou o escândalo entre a opinião pública espanhola. Iglésias pecava tanto ou mais que Guindos. Ainda por cima, recorria a uma hipoteca que representa exactamente 90% do preço da futura casa pagável em prestações mensais durante trinta anos, o que atira o fim da dívida do casal para os setenta e poucos anos. Fora o ordenado de deputados que ambos recebem, desconhecem-se outros meios de subsistência, mesmo se Iglésias tivesse sido professor e colaborado nuns simpáticos mas quase desconhecidos programas de televisão.

A militância “podemos” que aplaudira freneticamente a denúncia contra Guindos ficou entalada. A s críticas vieram de todo o lado e especialmente do presidente da câmara de Cadiz, o senhor “Kichi” que, pelos vistos, fez voto de pobreza e vive num apartamento minúsculo de 40 m2, situado numa zona popular e alugado.

Perante o arruído ensurdecedor e a geral gargalhada da restante classe política, Iglésias, sempre hábil recorreu a um estratagema: um referendo interno entre os apoiantes de “Podemos”. Dois terços votaram (como no?) no líder e casal hipotecado até às orelhas já pode dormir descansado na sua nova mansão que, por ser de revolucionários já não é nem uma vergonha nem um luxo.

(lembremos para os ex-amigos íntimos do Siriza grego que já o senhor Varufakis se deixara fotografar numa belíssima mansão com vista sobre a Acrópole: a revolução é sobretudo óptima e aconselhável para os outros, para os paisanos e demais patas ao léu que, embevecidos votam nos exemplares e humildes profetas do futuro radioso e dos amanhãs que cantam ((pelo menos para eles, acrescento eu)).

* na gravura a "casinha" em que questão. Fonte: internet

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