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Incursões

Instância de Retemperação.

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diário político 233

d'oliveira, 03.01.21

Como envenenar a vida política

d'Oliveira fecit 3.1.21

Eu já tinha decidido encerrar este capítulo do procurador europeu. A coisa cheirava mal há tanto tempo que mais valia esquecê-la do que voltar a revolver aquele tapete para onde foram varridos verdade e decência (e respeito pelos cidadãos a quem se atira um par de mentirolas mostrando o desprezo em que são tidos).

Todavia, a senhora ministra da Justiça entendeu conceder uma entrevista onde acusa quem se sentiu incomodado ou meramente perplexo de “envenenar a vida política”. Eu, às vezes, pergunto-me se algumas pessoas falam português e se conseguem fazer entender nessa língua que, pelos vistos, é traiçoeira.

A senhora Van Dunen, disse em substância o seguinte: Que a menção de procurador geral adjunto aplicada a um procurador da República teria sido uma “presunção” dos serviços do Ministério; que a menção à condução e investigação de um importante processo resultava apenas da confusão entre isso e a simples presença do mesmo magistrado no julgamento, algo absolutamente diferente e com um peso claramente menor; que a declaração de que o mesmo magistrado era responsável pelo “maior departamento nacional no âmbito da criminalidade económico financeira” quando na verdade o procurador era apenas responsável “da nona secção do DCIAP que, isso sim, era a nível regional “a maior em termos de volume de serviço dos DCIAP regionais”.

Juntamente com isto,  que não é pouco, a sr.ª Ministra desculpou o Ministério dizendo que a carta, onde este chorrilho de absurdas contra-verdades vinha plasmado,  fora enviada por uma repartição sem conhecimento ministerial.

Se isto, esta última e grotesca declaração fosse para tomar a sério temos que o Ministério da Justiça anda em roda livre, sendo indiferente haver ou não quem mande, no caso, a Ministra da pasta!...

Conviria, novamente, recordar, que foram estes especiosos argumentos os essenciais para descartar a escolha por um júri internacional e preferir-se estoutra puramente caseira, doméstica, amigável.

Se considerarmos que, de tudo isto, não há consequências conhecidas a tirar no que toca às presunções, enganos e erros dos serviços, facilmente verificaremos que pelo ministério anda tudo à balda.

Vir dizer que quem observa esta escolha em contradição com o hábito de avalizar a pessoas escolhida pelo júri, é envenenar a vida política é de uma falta gritante de inteligência e um total desrespeito pela inteligência dos cidadãos.

Eu diria que estas declarações da sr.ª Ministra empeçonham a credibilidade do Governo enquanto este a conservar num lugar para o qual manifestamente não está preparada.

Acresce que, desde que a vemos nesta posição também não se descortina qualquer acto que mereça já não digo o elogio mas pelo menos a ideia de que aquele ministério funciona, vive,. Nada!

Mais uma vez se recorre ao principio de Peter: numa cadeia hierárquica há um momento em que alguém assume a sua mais total incompetência.

Curiosamente, até o sr. Presidente da República, que vem sendo acusado de andar com o Governo ao colo, se sentiu “incomodado” e prometeu questionar o sucedido.

Claro que a sr.ª Ministra está de pedra e cal. Já se sabe que se manterá, dignamente inútil e inamovível, coisa que aliás ocorre com mais colegas. Daqui a dias já ninguém falará disto e a mansa tradição nacional esquecerá mais esta aberrante situação.

Ao fim eao cabo, já passámos por vergonhas maiores ...

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