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Incursões

Instância de Retemperação.

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diário político 253

d'oliveira, 22.01.22

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A iliteracia política não desculpa a estupidez

 d’Oliveira, recit 22 de Janeiro de 2022

 

 

Eu nada tenho a favor do dr. Rui Rio e já aqui o critiquei duramente um bom par de vezes. Também nada tenho contra a srª D. Rosa Mota  que também não conheço de parte nenhuma.

E é desta senhora (e a propósito do senhor acima citado) que cumpre fazer algumas observações.

Que eu saiba, a antiga campeã da maratona nunca foi conhecida por outros feitos senão os atléticos que não são poucos mas, de todo o modo, limitados ao específico campo do desporto.

Todavia, por obscuras razões alguém entendeu meter a atleta jubilada num grupo de criaturas que iriam falar de política. Dessa, seguramente, gloriosa e estimulante conversa apenas ouvi um fragmento em que o sr Valter Hugo Mãe falava do “deserto cultural do Porto” na época dos mandatos de Rio. A isto, se ainda oiço bem  - e se não houve edição da reportagem, seguiu-se a frase burra e ignorante da senhora Mota que entendeu qualificar o líder do PSD de “nazizinho”.

A coisa foi tal que até António Costa  resolveu demarcar-se da acusaçãoo ignóbil e cretina, dizendo mais ou menos que as palavras comprometem apenas quem as diz.

António Costa, por mera cortesia democrática e algum apego à verdade, poderia ter dito que, na sua (dele) opinião Rio podia ser várias coisas mas nazi não. Assim sendo fica a mancha pouco honrosa de permitir uma acusação imbecil e gratuita feita por alguém que, neste específico caso, provou ser politicamente inculta. Ou apenas parvamente maldosa.

São acusações destas que fazem ricochete e acertam nas causas que eventualmente se pretendem defender.

Não vale a pena referir o percurso político de RR para se verificar que o homem nada tem de nazi (que, entre nós, que também não curamos de ser cuidadosos, toma o aspecto de superlativo de fascista). Que a criatura é teimosa, não há dúvida mas que se sujeitou durante toda a sua vida política (que principia ainda estudante nas lutas associativas da Faculdade Economia), demonstrou  claro apego às instituições democráticas, aos costumes democráticos, aos ideais europeus , não há dúvidas.

Eu tenho quase uma certeza absoluta que, confrontada com o que foi o ideário nacional socialista, Rosa Mota seria absolutamente incapaz de “dar duas para a caixa”. Mais, também tenho por claro e seguro que do ponto de vista histórico nada saberá da história da Alemanha entre as duas guerras, da influência cruzada de duas ideologias  muito em voga nessa altura (o fascismo mussoliniano e o comunismo versão Komintern) e que, por diferentes razões, mas graças a uma situação desastrosa e medonha, levaram um país culto e civilizado a tornar-se refém de algo  monstruoso, de uma ideologia “pobre” mas totalizadora, aberrante sobretudo numa nação em que prosperara o mais importante partido socialista saído das primeira e segunda internacionai.

Nada disto seria importante, ninguém é obrigado a saber de História, de Política de Economia ou Cultura para poder ser cidadão votante em Portugal. Todavia a ignorância não permite dizer asneiras, cujo alcance, (vou ser piedoso) se desconhece.

Os leitores permitirão que cite o famoso diálogo entre Fídias e um pobre sapateiro que, ao observar a sandália esculpida pelo Mestre, fez-lhe notar que a fivela estava mal desenhada.

O escultor prontamente refez a composição mas, animado pelo seu êxito, logo o humilde sapateiro quis sugerir mais alterações. Conta-se que, então, Fídias lhe terá dito "#sapateiro não passes da sandália (ou do pé ou do sapato, tanto faz)".

A senhora Mota poderia ter dito imensas coisas, inclusive que RR desprezaria os atletas, os artistas ou os cidadãos (que entretanto sempre o votaram cada vez mais) sem entretanto qualificar tão estúpida como ridiculamente o actual candidato a Primeiro Ministro.

De referir que este, uma vez sem exemplo, ignorou olimpicamente a atleta olímpica dando como certo que a criatura não merecia resposta.

E não mereceria de facto , não fora o facto da frase ter subitamente invadido os ecrãs sem ter merecido uma clara reprovação (que aliás renderia de certeza votos a Costa).

Eu não vou votar Rio, nunca votei à Direita do PS, nunca me passou pela cabeça tomaras dores de um candidato mas a iletracia política e a as frases insultuosas não me confortam de modo algum. Deixar a senhora Mota a babar-se no seu tolo adjectivo(zinho) é de mais para mim.

Nunca pensei voltar ao convívio dos leitores com este tema mas que querem, alguém tem de limpar as estrebarias de Áugias.  

d'Oliveira, regressado das trevas da pandemia por via de uma frase que desonra quem a disse

 

A vinheta. fotografia ou fotograma de uma obra de Leni Riefenstahl, uma artista que essa im era claramente uma adepta do nazismo mas que, tambem, conseguiu ombrear com fotógrafos e cieneastas democratas e até, pasme-se, anti racistas: lembremos a sua extraordinária reportagem sobre o povo Nuer que, apenas para instrução da senhora Mota vive em África, bem perto do seu centro geográfico.