… E a medida até parecia ser uma coisa boa…
António Costa anunciou que o Orçamento do Estado para 2019 contemplará incentivos fiscais para os emigrantes que decidam regressar a Portugal no período de vigência do Orçamento para o ano de 2019.
Esta medida parecia ser uma coisa boa. Desde logo, exprimia a vontade política de fazer regressar alguns dos que partiram. Mesmo que o seu impacto não fosse por aí além, isto é, mesmo que não gerasse filas nas fronteiras, por poucos que regressassem já era bom. Parecia ser este o espirito da medida.
Contudo, por artes comunicacionais, o que parecia uma boa medida passou a ser uma medida péssima, criticada por corporativistas e comentadores de serviço.
Na frente da onda, como sempre, o Dr. Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos. Desde logo, acusa António Costa de propor uma medida que representa "uma desigualdade naquilo que é a possibilidade de tentar fixar médicos, nomeadamente nas áreas mais carenciadas" e que o primeiro-ministro deve usar "os mesmos argumentos em termos de incentivos" para fixar os cidadãos que residem em Portugal e não apenas os que emigraram.
Também não sei se seriam estes incentivos que levariam os médicos a deslocalizarem-se dos grandes centros para as “zonas mais carenciadas”.Mas sei que há Autarquias que oferecem incentivos bem mais significativos, habitação, por exemplo, e nem por isso conseguem atrair médico algum. O que é que o Senhor bastonário pensará disto? Qual o preço a pagar pela atratividade de um médico para o interior?
Na mesma linha discursiva e corporativista, ouve-se a Senhora bastonária da Ordem dos Enfermeiros. Desde que a Senhora descobriu o seu apego ao SNS, coisa que brotou no pós-Passos, não mais parou de censurar e desvirtuar as políticas do Governo. Agora, também, reclama que os incentivos anunciados por António Costa não farão regressar os milhares de enfermeiros que emigraram, que deveriam ser dados incentivos aos que cá estão e por aí adiante.
O curioso, o que me espanta, é o tempo de antena que esta gente tem. De tanto que falam o pessoal até esquece qual foi a medida proposta pelo Governo e só fica no ouvido o alarido das reclamações, das lamúrias, das invectivas corporativistas.
Afinal de contas, o que leva, o que verdadeiramente motiva, a dar tanto microfone a esta gente?