E o absentismo? Quem cuida do absentismo senhores jornalistas?
O estado de criar a balbúrdia nas Escolas Secundárias prossegue o seu caminho. Por algum lado se consolidou a ideia de gerar o caos no ensino público. Há uma agenda clara, visível, com acções concertadas, dia a dia. Os alunos são o instrumento primordial na acção. A todos, associaçoes de pais incluídos, a comunicação social abre o microfone. Não só abre o microfone como incita ao azedume. E se os entrevistados não são acutilantes, o(a) jornalista tem sempre a pergunta certa para obter a resposta óbvia.
Vejamos, ontem foi o dia da folgança na Escola Daniel Sampaio da Charneca da Caparica e numa Escola de Macedo de Cavaleiros. Nesta fase as razões para fechar as escolas é sempre a mesma: Exigem o reforço do pessoal não docente.
A Jornalista passa a notícia. Escola fecha por falta de pessoal. Depois, pelo meio, diz que a escola tem “16 funcionários sendo que 6 estão de baixa por tempo indeterminado”. A jornalista podia pensar, afinal a Escola tem pessoal, o que acontece é que estão doentes. O que se terá passado na Charneca para, de uma assentada, 37,5% dos funcionários ficarem doentes? Quê epidemia ocorreu por ali? E, já agora, em outros locais onde falta tanta gente por doença.
Esta questão, tão óbvia, bem poderia ser colocada às Direcções das Escolas, às Associações de Pais, dos Alunos, aos entrevistados. Seria curioso conhecer a resposta, as soluções que têm para combater o absentismo. E, já agora, porque não conhecer a opinião do sempre presente presidente bastonário dos médicos. Afinal as baixas são concedidas, penso, pelos senhores doutores em medicina.
Contudo, o que a jornalista quer saber é em que “isso afecta o aproveitamento dos alunos?”. Em tudo, dizem. A jornalista insiste, “e a senhora sente algum desgaste na sua saúde?" A resposta óbvia, induzida, “claro que sim”.
Em coerência, a jornalista deveria ter prosseguido e perguntado: “então porque não mete baixa”? Não perguntou, mas deve ter pensado que aquela funcionária é uma palerma, bem poderia ir de baixa para cuidar da sua saúde. Grande oportunidade noticiosa era se fossem todos de baixa. Todos menos os alunos, que ficavam para o filme.
Ainda se ouve uma funcionária, a gente faz falta num lado depois fazemos falta noutro lado e andamos assim a ir de um lado para o outro, cansamo-nos muito. É a deixa para nova questão com resposta óbvia, “e a segurança dos alunos está em causa?” Claro que sim, respondem de pronto.
É chegado o momento da conclusão jornalística, o Governo tem de reforçar o pessoal em todas as escolas.
E o combate ao absentismo, quem cuida disso ou isso não é tema para o jornalismo de folhetim?
Seguiu-se igual reportagem numa Escola de Macedo de Cavaleiros, 3.000 alunos sem aulas durante 3 dias. É uma acção do Sindicato recém-formado que dá pelo nome, bem português, STOP.
Quem e como se conseguirá parar esta agenda destruidora da Escola pública?
E quem cuidará da praga do absentismo?
É legítimo que o Governo – este ou outro – deva dotar as Escolas com mais de um terço dos funcionários para suprir o crónico absentismo? Os contribuintes, jornalistas incluídos, estão disponíveis para pagar?
E o que fazer com esta comunicação social?