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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

estes dias que passam 333

d'oliveira, 23.03.16

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É o multiculturalismo, estúpido!

 

Em Bruxelas o que espanta ao não são as bombas de hoje mas apenas o terem só hoje rebentado. Como é que ninguém esperava este infame foguetório havendo, no coração da cidade, mesquitas salafistas, imãs que persistentemente fazem a apologia da sharia, do sacrifício dos terroristas, e da glória da guerra sagrada.

Esta gente move-se como peixe na água, predica, glorifica e propõe o “Califado” e a destruição violenta dos “cruzados”. com a aquiescência de muito político e intelectual europeu que acha o Ocidente horrível e a guerra santa uma saudável reacção contra um passado de excessos coloniais.

Mesmo por cá, uma criatura deputada europeia veio uma vez dizer que “compreendia” (ó alma gentil e mais burra que um penedo de granito!) estas acções. Poupo-lhe o nome porque esta gente quanto mais anónima for, melhor. Não as exaltava, mas... E neste “mas” vai todo um passado de desvario político. E houve gente que vota esta gentuça e partido(s) político(s) que não a põe entre baias e lhe tira o tapete, o sumptuoso tapete que a munificência do parlamento europeu permite.

Começa a perceber-se (mesmo que não se aplauda nem se aceite) a má vontade dos países centro-europeus que se recusam a receber um único muçulmano. Por muito que essa atitude fira os “direitos humanos” de milhões de vítimas das guerras civis que assolam o mundo árabe, uma coisa é certa: na Eslováquia, na Polónia, na Hungria e arredores é bem mais difícil acontecer algo semelhante a Paris ou Bruxelas. Ou Londres. Isto para não falar em Telavive onde a vigilância fia muito mais fino.

Toda a gente, esta gente, desvia pudicamente o olhar da Arábia saudita de onde se exportam, com o petróleo, as “madrassas”, os agentes da subversão wahabita, os discípulos de Bin Laden.

As primeiras vítimas são, obviamente, os mortos e feridos e não, como aleivosamente se pretende, as comunidades refugiadas mesmo se, sobre elas, mais e mais, se vá abatendo a desconfiança. Não se pode tolerar a propaganda religiosa radical seja sob que aspecto for. O que é extraordinário é que na “compreensiva” Europa, se criminaliza o revisionismo histórico em relação à Shoa ou à matança dos arménios mas permite-se a livre circulação do ideário radical islâmico. É extraordinário!

Como é extraordinário verificar que os diferentes serviços de “inteligência” europeus não fazem circular a informação que detêm sobre organizações ou/e pessoas com claras ligações ao Daesh. Para que servem estes funcionários da segurança?

Sabe-se já que um dos “cérebros” dos atentados de Paris viveu tranquilamente alguns meses em Moelenboeck com a ajuda de amigos, familiares e vizinhos. Não parece ser surpreendente que estes dois atentados tenham sido acelerados devido à prisão de Salah Abdeslam. O plano já estaria pronto faltava uma “boa” ocasião para o pôr em prática. O resultado está à vista: trinta e um mortos para já, fora os feridos graves e muito graves, digamo-lo com brutalidade, os que vão morrer. Hoje ainda, amanhã, nas próximas semanas. Na Bélgica ou noutra qualquer capital europeia.

Haverá quem compreenda que as diferentes “mouvances” radicais tenham um acesso tão fácil à internet e, sobretudo, que a sua propaganda não seja eliminada? Como é que países com tantos recursos tecnológicos que podem, num ápice, apagar os sites do Daesh, não o fazem? Então apanham-se diariamente sites de pornografia infantil e os seus utentes e não se conseguem caçar e destruir os dos islamistas?

Tudo isto seria risível se não fosse trágico. Como se a única reacção pudesse ser iluminar os monumentos com as cores belgas!...

(Talvez valha a pena arranjar preventivamente corres verdes e vermelhas para quando nos couber em sorte entrar, em primeiro lugar e no prime time, nos noticiários internacionais!...Porque lá chegaremos como o testemunha o facto de haver vários militantes do Daesh vindos da zona da grande Lisboa. Para já matam e morrem lá, mas não faltará ocasião para exercerem o seu infame trabalho de apostolado na tranquila pátria onde nasceram e se estupidificaram)

A Europa acolhe comunidades de todo o mundo. Ainda bem, isso só a enriquece. Todavia, esse generoso acolhimento não exclui grupos que se marginalizam. Porque tem e/ou querem manter tradições culturais e religiosas (veja-se em Portugal os cerca de cinquenta casos, há dias noticiados, da ablação do clítorisem meninas africanas. Cinquenta não é exactamente uma pequena quantidade!...).

Há também, “segundas gerações” que desconhecendo o horror dos sítios de onde os pais vieram em busca de melhor vida, se recusam a partilhar os valores do país onde já nasceram. São poucos? Sem dúvida, mas é nesses pequenos círculos que se julgam menosprezados, que cresce a seara terrorista potenciada pelo clero islâmico exportado, sobretudo, pela Arábia saudita.

A política de não inclusão destes grupos na nação que os acolhe e lhes dá a nacionalidade, fundamentada no respeito por um corpus cultural que eles pouco conhecem, a revelação de uma religião que lhes dá uma promessa de eternidade num universo paradisíaco e a glória que no território muçulmano lhes é tributada, têm um ponto comum: o respeito quase supersticioso que certa intelectualidade europeia tributa a todas as alegadas vítimas do Ocidente. Tudo é cultura, tudo é respeitável mesmo se a cultura do Ocidente seja, na grande maioria dos países árabes, parcamente aceite quando não absolutamente excluída. Só para exemplo: enquanto na Europa as mulheres muçulmanas podem usar o hijab ou mesmo adereços ainda mais restritivos, é quase impossível que uma mulher ocidental possa circular sem a cabeça tapada por um véu num país mais rigorista. Ou conduzir um automóvel...

A questão é muito simples: quem quer viver cá, deverá viver como os de cá ou pelo menos não deverá poder hostilizar os valores de cá. Ponto, parágrafo. E deverá falar a língua do país onde resolveu viver. Conheci em França, portugueses que só por favor conseguem exprimir-se rudimentarmente. Conheço aqui, estrangeiros que tem a maior dificuldade em fazer-se entender. Isto só favorece a exclusão, a exploração de empregadores, a existência de mafias que controlam os emigrantes e criam, por isso mesmo, o clima que origina os ghettos.

Persiste numa certa Europa a ideia aberrante que não deve integrar os que a ela chegam. Com isso nem se fortalece a unidade nacional nem se protegem com eficácia e dignidade os que a ela acorrem. Pior: esse cego, diria fanático, respeito por todas e quaisquer alegadas diferenças de carácter cultural reforça a exclusão e torna ainda mais precária a situação dos emigrantes pondo-os sob a tutela de minorias étnicas, sociais e e financeiras que melhor exploram os que chegam e mais e mais aumentam o fosso entre pobres e ricos. Entre nacionais e metecos! Começa aqui a falta de respeito pelos direitos humanos de quem pede asilo, paz e trabalho. Tudo o resto é preconceito e racismo encoberto.

E um inesperado viveiro para todos os radicalismos extremistas...