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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

estes dias que passam 359

d'oliveira, 11.08.17

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Enquanto a burrice não pagar impostos vamos ter mais

 

mcr

 

Joaquim Namorado, nome cimeiro dos neo-realistas, poeta, professor e agitador cultural em Coimbra nos anos 40-70, apresentou certa vez um projecto de Código Civil que ele considerava simples e eficaz. Tinha apenas um artigo e um parágrafo:

artº 1 e único: é proibido ser estúpido.

parº único: fica revogada toda a legislação em contrário

Convenhamos que a proposta era audaciosa mas razoável. E tanto mais razoável quanto, como sabemos, a falta de senso e cabecinha parece ser uma das mais estendidas características da nossa classe política.

Senão, vejamos o caso estridente das próximas autárquicas, limitando-nos ao Porto e a Oeiras.

No Porto, uma criatura surgida do nevoeiro espesso que o PPD teima em cultivar, entendeu contestar a candidatura de Rui Moreira por esta num cartaz ostentar a palavra partido (o nosso partido é o Porto).

Aquele pobre diabo entende que a palavra partido indicia que há um partido local (mesmo que se saiba que tal coisa não existe nem consta que seja permitida). Assim, uma forte maioria de cidadãos iria pôr a cruzinha no grupo independente no convencimento imbecil de que estava a votar em algo semelhante (credo!, cruzes!, canhoto!) a essa coisa chamada PPD. O segundo ponto da actual reclamação tem por base o facto de Rui Moreira aparecer em fotografia em toda a publicidade para os diferentes órgãos autárquicos.

Recordemos que Moreira muito antes de ser presidente da Câmara já era cem vezes (se calhar mil) mais conhecido que o abencerragem descoberto pelo PPD, um tal Álvaro Almeida que ninguém conhece nem sabe de onde terá surdido.

E, pimba, trabalhos para o Tribunal como se este não tivesse coisa melhor em que se ocupar. Eu espero, sinceramente espero, que seja possível fazer pagar fortemente este pedido tonto, esparvoado, atirando para cima do reclamante com uma taxa que, à falta de melhor, faça pagar pela estupidez.

(declaração de interesses: conheço vagamente Rui Moreira mas não troco com ele qualquer palavra há, pelo menos vinte anos. Todavia, votei nele, votarei nele quanto mais não seja para fugir ao xico-espertismo do PS (outra candidatura com slogan idiota: “fazer pelos dois”, parecendo com isso afirmar que o bizarro Pizarro faria sozinho o trabalho dele e de Moreira. Este Pizarro tem-se feito notar por impor candidaturas perdedoras em várias zonas da área metropolitana e goza da injusta fama de ter feito um bom lugar no pelouro que ocupou. Convém lembrar que, em tudo o que se refere a habitação facilmente se vê o dedo do arquitecto Manuel Correia Fernandes, mas isso é outro falar).

Relembre-se, pour mémoire, que, durante meses,o PS nem candidatura apresentava escudando-se numa extraordinária ideia de fazer parte da lista Moreira. Mais, fizeram disso gala e alguns dos seus mais destacados dirigentes referiram essa aliança como coisa certa e segura.

Quanto às restantes candidaturas ao Porto não vale a pena sequer perder tempo. São meros verbos de encher.

Passemos a Oeiras.

Neste concelho não há quem ignore o trabalho de Isaltino Morais, o prestígio de que (justa ou injustamente) goza. Isaltino, libertado depois de um período na prisão assaz único (normalmente aquilo dava pena suspensa mas parece ter existido a ideia de que era preciso dar o exemplo e Isaltino não era suficientemente forte para, graças a um partido, se defender. Estava fora do quadro partidário e isso enfraquecia-o e permitia uma condenação fácil a pena de prisão efectiva. Não estou a defende-lo mas tão só a dizer alto o que muitos, uma multidão, pensam baixinho).

A candidatura de Isaltino apresentou 37.000 assinaturas( o que só por isso lhe garante um dos primeiros lugares no prélio que se avizinha) e para a tirar de cena (juntamente com uma outra candidatura de uma ex-apoiante do senhor Paulo Vistas, ex-delfim de Isaltino) nada melhor do que um artificioso argumento: os assinantes (todos uns ignorantes, claro!) poderiam desconhecer que estavam a apoiar o seu candidato. É que, segundo o doutíssimo despacho do senhor juiz, deveria constar ao alto de cada folha de assinaturas a imensa lista de candidatos isaltinianos!!!

Passemos piedosamente por este extraordinário argumento que, há uns anos, e sob a pena do mesmo magistrado, tinha sido menosprezado!

Recordemos, entretanto que o senhor juiz ora em questão exerce o seu múnus em Sintra mas, oh novo milagre de Ourique, ou das rosas, ou da santinha da Ladeira!..., ofereceu-se , num gesto de grande generosidade e sentido do dever de cidadania, para estar de turno em Oeiras.

Exactamente em Oeiras, onde um seu padrinho de casamento se candidatava (sempre o fatal Vistas). O senhor juiz terá feito vista grossa a esse acaso mesmo se, ao que parece, habita enm Oeiras, onde sua mulher trabalha para a Câmara ora presidida por Vistas.

Relembremos ainda que nenhum juiz é obrigado a oferecer-se para estes turnos mesmo se, eventualmente, possa ter de ser obrigado a fazê-los. Relembremos também que este senhor juiz poderia ter escolhido outros três concelhos (Mafra, Cascais ou Sintra) para evitar caçar nas terras onde concorre alguém que é seu amigo, quase parente e, de certo modo, patrão da sua mulher.

Movido apenas pelo intuito de servir, de nada disto se lembrou o senhor juiz como também se não terá lembrado do que anteriormente decidira em caso idêntico. Mudar de opinião é, aliás, próprio do homem...

Como é que se descalça esta bota, esta enorme botifarra?

Não sei. De todo o modo, qualquer decisão que torne Isaltino (que não conheço, que me é mais indiferente do que o resultado das eleições em Jacarepaguá (Brasil, RJ) parecerá sempre uma chapelada ainda mais alucinante do que era costume no Portugal de antigamente.

Uma chapelada e uma vergonha!...

 

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