Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

estes dias que passam 486

d'oliveira, 01.09.20

Unknown.jpeg

Um homem bom, decente, corajoso, culto

e um grande amigo

mcr, 1 de Setembro de 2020

Morreu hoje, o António Taborda. O nome pouco dirá às novas gerações mas diz muito, muitíssimo, à minha. O António conheci-o em Coimbra, logo em fins de sessenta, era eu caloiro e ele já por lá andava há muito. E andou ainda alguns anos, metido em tudo o que era teatro actividades culturais e associativas. Em 61/2 fez parte da Direcção Geral da Associação Aadémica e por isso foi expulso  de todas as Universidades por dezoito meses (dois anos lectivos!!!) por na, qualidade de membro da DG , ter sido um dos orgnizadores do 1º Encontro Nacional de Estudantes, em Coimbra e, mas  não era explicitamente dito, por, na mesma qualidade, ter sido um dos dirigentes da crise académica de 1962 em Coimbra.

Voltou à Universidade e ao convívio dos seus muitos amigos e voltou ao Teatro Universitário tendo sido meu companheiro no CITAC . Encontrei-o, mais tarde, no Porto já advogado e muito lhe devo em bons e leais conselhos quando comecei a advocacia. Fomos companheiros em tudo o que mexia na defesa de presos políticos, de estudantes acusados de participar nas crises que sacudiam periodicamente a niversidade do Porto, a partir de 70.

E estivemos juntos antes do 25 de Abril, quando isso era dificil e solitário, na resistência ao Estado Novo. Depois, cada um seguiu o seu caminho mas sempre amigos e solidários no projecto de defender a Democracia e a Liberdade mesmo se de pontos de vista diferentes mas nunca antagónicos. 

Ainda há alguns anos, tive a possibilidade de moderar  uma evocação das lutas estudantis em que ambos participamos sendo ele o encarregado de falar de 62 em Coimbra. A vida, o facto de vivermos em zonas distantes um do outro, não nos deram muitas hipóteses de nos reunirmos com a frequência que eu desejaria e que, tenho a certeza, também ele gostaria. 

A lei da vida, e da morte!, separa as pessoas mesmo que elas o não queiram. Agora, só a recordação dele me acompanhará. Uma boa e terna recordação de alguém a quem por brincadeira eu chamava Tarzan, porquanto havia nesses anos da nossa comum mocidade, um atleta de luta livre que era chamado "Tarzan" Taborda. Ora o António, mais que duvidoso amante do desporto, era também ele grande, daí o apodo.

Para a filha e, sobretudo, para a minha muito querida amiga Fernanda, um beijo, muitos beijos. E a certeza que que o António deixa um exemplo de integridade, de boa disposição e de dignidade que perdurarão.