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Incursões

Instância de Retemperação.

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Estes dias que passam 513

d'oliveira, 16.01.21

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Os dias da peste, 152, 2ª série

Segundo dia

mcr, 16 de Janeiro

Onde vivo o confinamento parece ser a regra. Pelo menos é o que vejo. Bem sei que levantando-me cedo e saindo pouco depois para a compra do jornal, posso perder essas anunciadas multidões de que as redes sociais falam.

Hoje, pelas dez e pouco cruzei-me com duas pessoas à porta da papelaria e com outras duas no supermercado onde fui para beber um café. O café é servido em copo de plástico e tam de ser bebido no exterior. Tudo visto, estive fora de casa um quarto de hora. O frio, de resto não ajuda.

Provavelmente, os relutantes ao confinamento só saem da toca pelo meio dia com temperaturas mais amenas. Ou então é porque, por aqui, mora gente mais avançada em idade. E com mais medo que é  algo que guarda a vinha melhor que um cão pastor alemão. Em boa verdade, a velhada, em qie me incluo sem vergonha nem rebuço, tem muito mais a perder como, aliás, se vê pelos números de mortos.

A terceira idade está a ser dizimada, basta ver o que se passa nos lares. Não há dia sem que as televisões se espojem demorada e voluptuosamente em revelações sobre cada um dos lares em que aparece um surto.

Noventa por cento da reportagem é puramente inútil, com umas criaturas a queixarem-se da falta de meios, a pretextar imensos cuidados, a acusar a falta de testes, enfim o habitual passa-culpismo que nestas ocasiões vem ao de cima. No meio disto tudo, há sempre um pivot qu, com ar grave, anuncia mais cem mortes.

Nunca sabemos qual a proporção de velhos (eles chamam-nos “idosos”, do mesmo modo que deixou de haver cegos mas apenas “invisuais”) e, sobretudo quais os meios sociais onde se registam mais óbitos.

Chega-se a pensar que há um claro interesse em esconder o número de vítimas mortais oriundas de lares. Aliás, só excepcionalmente aparecem estatísticas que permitem aos mais interessados perceber quem está mais exposto ou quem é mais atingido.

A DGS deve pensar que a populaça não necessita de saber isto como aliás não necessita de saber muitas outras coisas. No meio do barulho informativo retiram-se muito poucos dados úteis. Nem sequer aparecem quadros claros quanto ao número de vacinados e/ou ao ritmo das vacinações.

Deve estar tudo em “segredo de justiça” guardado com mais dureza do que os escândalos do futebol.

Entretanto a campanha eleitoral vai prosseguindo também ela ilustrada com reportagens mis que duvidosas. Que interesse terá ver um candidato a encontrar-se com um apoiante mesmo se esse apoiante goza de alguma relevância.

No capítulo da saúde, a discussão vai acesa. Agora, subitamente, algumas personagens avançaram com o número mágico de 41%. Seria isso, essa gigantesca catarata de dinheiros públicos, que ia parar às mãos dos odiosos privados. Como de costume, quando se fala de privados, está-se a apontar o dedo aos grupos proprietários dos hospitais privados.

Ora, sabe-se, via Instituto Nacional de Estatística que, os hospitais provados afinal apenas “abocanharam” 9%!!! A comparticipação em medicamentos atinge 12,4% e é a maior fatia dos famosos 41%. O resto, mais ou menos 19% vai directo para os meios complementares de diagnóstico, para todos os profissionais particulares que também tratam doentes, um a um, dentistas, analistas, clinicas de reabilitação física etc.

Também sempre via INE, se verifica que os hospitais privados receberam apenas 16,8% das despesas respeitantes à ADSE que, convém dizer, é financiada pelos 3,5% colhidos nos ordenados dos funcionários. Aqui o Estado não mete nem prego nem estopa.

Finalmente, segundo o Tribunal de Contas, a PPS com o Hospital de Braga terá poupado ao Estado – em comparação com a media de despesa dos hospitais públicos – mais de 75 milhões de euros em três anos. Algum dia saberemos se esta poupança continuou com o actual regime do mesmo hospital. A menos que se trate, também aqui, de segredo de justiça e que a divulgação desses resultados resulte em mais outra caça aos jornalistas, esses bisbilhoteiros que só querem o mal do Estado e do bom povo português...