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A “democracia” deles
mcr, 19 de Fevereiro
dois partidos portugueses (com a aparente anuência dos restantes, preparam-se para liquidar o pouco que resta de democracia no que respeita a candidaturas independentes às eleições autárquicas.
Desde a proibição de nomear da mesma maneira a candidatura à Câmara e as candidaturas às freguesias, para não falar de outras exigências descabidas vale tudo para impedir grupos de cidadãos (a que se exige de todo o modo, milhares de assinaturas, década vez) de conquistar Câmaras e Juntas de freguesia.
A razão é fácil de perceber: já há uma vintena de autarquias com vereações independentes.
Entre elas a do Porto, um espinho cravado nas gargantas do PS e do PSD que tem sido batidos sem apelo nem agravo nos actos eleitorais.
Se os leitores se derem ao trabalho (desagradável) de pesquisar os nomes que os dois partidos do “centrão” propuseram, verificarão sem surpresa que ou se tratava de gente desconhecida ou saída dos aparelhos.
Em qualquer dos casos, a mediocridade dos candidatos, a sua falta de convicção nos destinos da cidade era tão manifesta que os eleitores espavoridos correram a refugiar-se na candidatura de Rui Moreira.
E, como é sabido, há na cidade uma clara predisposição para dar a este autarca a sua terceira e última possibilidade de a governar. Nem o PS nem o PSD ainda apresentaram candidato mas basta olhar para as luminárias que se têm perfilado para perceber que o que oferecem é mais do mesmo ou ainda mais medíocre.
E assim toca de arranjar maneira de ganhar na secretaria. Com uma lei feita à medida que, imagine-se, até a deputada Ana Catarina Mendes confessou, na televisão, ser “imperfeita”, garantindo que o seu partido vai tentar melhora-la. Ou seja vai pôr um remendo, nos remendos à democracia que se vão inventando todos os dias.
Não se pense que o PSD está isento de culpas. Nada disso, bem pelo contrário. Rui Rio, responsável, de certo modo, pela vitória de Rui Moreira na primeira vez, quando retirou o tapete ao candidato do seu partido que queria passar de Gaia para o Porto, vem agora, numa imparável corrida para a derrota dentro e fora do partido, acusar Moreira de não confiável.
Rio, uma mediocridade notória, só tem uma espécie de virtude: é teimoso. Conviria esclarecê-lo que a teimosia de per si não substitui ideias ( que RR notoriamente não tem) e menos ainda é algo que possa reparar uma direcção partidária de que ninguém pode dizer que é lúcida ou “oposição”. Esperemos pelos próximos capítulos.