estes dias que passam 586
Saída precária 16
Os desastres de m
mcr, 30 de Março
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O meu muito chorado amigo Manuel Sousa Pereira era, de formação, escultor. Em Portugal os escultores ou tem amigos poderosos ou hão de dar aulas. MSP não tinha, nem queria, amigos poderosos. Deu aulas e, nesse capitulo, foi tão bom ou tão mau que alunos e professores da sua Escola de sempre deram a uma sala de aulas o seu nome! Além de professor tinha a mania da carpintaria e da marcenaria. AA oficina que ele tinha no atelier invejavam-na muitos carpinteiros e marceneiros.
E tudo lhe saía bem, raios o partissem!
Durante anos ajudou os amigos. A mim, então nem se fala. Caridosamente dizia-me que eu tinha um défice de jeito. Isto quando não me chamava cruamente deficiente crónico e absoluto. “Tens uma qualidade”, acrescentava, “o material que tens em casa é bom!”. Referia-se à pequena bateria de ferramentas que eu tinha para os pequenos arranjos. “Pelo menos não és como o Manuelzinho (outro amigo que em boa verdade e dada a corpulência se deveria tratar por Manuelzão) que só compra do mais reles e mais barato que há!”
E metia mãos à obra sempre alimentado a cafés e chocolatinhos que a CG lhe trazia.
A minha inépcia (aquilo a que chamo carinhosamente “os meus desastres” lembrado de um livrinho da srª Condessa de Segur) é altamente contagiosa e transmitiu-se à minha desoladora ignorância informática.
Acreditem ou não, estive, hoje horas e horas, para encomendar dois volumes da monumental “Merveiles de la Nature” de A.E. Brehm Faltavam-me justamente os respeitantes aos mamíferos (1600pá ginas ao todo!)
Em boa verdade, parte dos meus baldados esforços devem-se a um problema com o sistema de pagamento da livraria francesa pois nem a minha habitual salvadora (que gere uma empresa de informática onde compro tudo e me atura continuamente conseguiu entrar.
Farto dessa livraria recorri a outra e andei aos tombos pois a encomenda primeiro não entrava por erro na minha identificação (e aí eram os meus pobres olhos doentes que não davam conta de um erro no mail que fornecia) e depois exigia-me um numero de telefone que além dos 9nove números tinha mais dois caracteres que não descobri. Ao fim de porfiados esforços lá consegui fazer a encomenda mas para isso tive de mudar a minha senha (uma hora!) e de descobrir um atalho a indicar o país que me passara desapercebido! Ou seja incompetência notória!
Ontem, tentei enviar a um amigo recente que faz o favor de me ler, a fotografia que hoje serve de vinheta. Trata-se de um péssimo retrato de um conjunto de boletins da Sociedade de Estudos de Moçambique, uma espécie de milagre cultural que funcionou em Moçambique durante dezenas de anos, reunindo uma excelente colecção de contribuições de ordem científica, cultural e etnográfica devida aos sábios locais.
Esse meu amigo patiha comigo a mania de gostar de Moçambique e de ir comprando tudo o que se escreveu sobre a colónia. Ora eu não só tenho a colecção completa dos boletins mas também (antes de conseguir a colecção completa e só vendida como tal!) umas dezenas de boletins dispersos que me atravancam as estantes da cave. Propus-lhe estes 70 cm de boletins e ele aceitou rapidamente. Devo dizer que, anteriormente ao saber que eu andava atrás de um dos três volumes da “Historia dos caminhos de ferro de Moçambique”, se tinha disposto a oferecer-me um exemplar repetido da mesma obra e que, milagre de Santa Rita de Cássia padroeira dos impossíveis –e protectora das mulheres maltratadas-, era exactamente o que me faltava!
Ora eu quis mandar-lhe a fotografia dos volumes que, moralmente. já lhe pertencem. Nada feito- O raio da fotografia não entrou no mail que eu triunfalmente lhe enviei. Que terei eu feito? Ou não feito? Mistério insondável. Assim vai à boleia do folhetim esperando que ele tenha a pachorra de procurar o blog e de o ler e ver o raio da fotografia que, convenhamos, está mais torta do que o cargueiro que entupiu o Suez.
Isto hoje sai assim, mais deslavado que o abominável homem das neves mas não me apeteceu tricotar sobre o parecer criativo (sicut António Costa, de repente irónico!) do sr Presidente da República.
E sobretudo não me apeteceu referir o ultra populismo da srª do Bloco que a propósito de umas ajudinhas aos pobrezinhos entendeu referir a banca. Ela, pelos vistos, ainda não percebeu que se a banca estoirar não haverá apenas pobrezinhos haverá um naufrágio irremediável e absoluto que também a engolira inteirinha mailos seus camaradas de partido e restante pópulo português.
(nota: nunca tive dinheiro que se visse, e sobretudo nunca entrei no BES. Para quê se não tinha o cacauzinho mínimo para investir? Porém, se aquilo dá para o torto haverá umas boas centenas de milhar de portugueses que chiarão... E conviria lembrar que foi um governo apoiado pelo BE quem lançou mão salvadora ao banco. Ai a memória curta, tão útil que é....)