estes dias que passam 619
Natal com sombras
mcr, 24-12-21
Não são apenas os dias que estão feios, cinzentos e desanimadores. A nova variante do vírus avança impetuosa e, ontem, apenas na Europa, havia três milhões infectados (ou de novos casos, nem sei bem).
Conviria, porém, reflectir sobre estes números, sobretudo pelos portugueses (cerca de 6-000 novos infectadoa).
Eu não sei quem fornece os números às televisões mas lamento ter de dizer que ao fornecer apenas os que são noticiados presta um mau serviço às pessoas, alarma desnecessariamente quem já anda inquieto e, de certa maneira, mesmo sem o querer, falsifica a realidade.
É óbvio que com a gigantesca quantidade de testes (ontem terão sido quase 180.000), o número de casos positivos sobe!
Ora, seis mil casos em cento e oitenta mil, dá uma taxa de pouco mais de 3%.
E é este número que se deve comparar com os outros, mesmo os do mesmo dia do ano que passou ou de Fevereiro ou Março deste ano.
Igualmente, deveriam os portugueses ser informados sobre as idades, as doenças e mais factores de risco dos mortos bem como dos internados em UCI.
Já repararam que praticamente desconhecemos o número de doentes não vacinados (por estupidez, por ignorância crassa ou por negacionismos obtuso) que estão hospitalizados?
Ainda ontem, o meu amigo Manuel Vitorino, ex-jornalista, cinéfilo de toda a vida e camarada de vários carnavais políticos, me conta que uma feroz negacionista, tomou finalmente a estrada de Damasco, após quinze dias de coma induzido por causa do covid. Agora, que viu a luz, é uma tremenda apóstola da vacina, parece mesmo que a pretende tornar obrigatória!!!
Num pais que tem cerca de 14& de habitantes não vacinas (incluo crianças, de menos de 5 anos, o mais natural é que seja neste grupo que o ómicron se ceve alegremente.
Portanto, talvez valesse a pena reorganizar os critérios informativos. A menos que, como de costume, a DGS e o MS continuem a achar que é mais fácil pastorear os cidadãos como se de ovelhinhas se tratasse.
Também, já agora, não percebo porque é que festas em grandes espaços dão permitidas e sejam proibidas nas discotecas onde só se entra com vacinação e teste. O que ouvi, as primeiras são consideradas “eventos culturais” sendo as segundas pura desbunda erótica.
Eu devo confessar que não ponho o meigo pézinho em discotecas há mais de cinquenta anos, não sou parte interessada (bem que gostaria...) na coisa mas desentendo esta disparidade.
Todavia já estou por tudo, neste carrossel de disparates.
Outra situação que já me não surpreende é a da nova directiva da DGS sobre a aplicação da 3ª dose a toda a gente. Ou seja, a opinião pública, muita gente informada, especialistas incluídos clamavam por ela. Das duas uma: ou as vozes de burro já chegam ao céu ou os burros (com perdão dos pobres animais) estão noutro lado.
A ver vamos se o pai Natal, o menino Jesus, as renas ou o piedoso familiar esmoler e generoso se puderem. Mesmo se o novo vírus parece menos chato, mais vale deixá-lo para quem não se vacinou, não que lhes queira mal mas apenas para que aprendam um pouco o que é viver e deixar viver tranquilamente os outros e, sobretudo não confundir as liberdades fundamentais e essenciais com esta da recusa à pica.
E acarinhem especialmente os meninos (esta é a época deles) e os velhos que se sentem especialmente mais sós e estrangeiros num mundo que, pelos vistos, não parece ter sido feito para eles.