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Incursões

Instância de Retemperação.

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estes dias que passam 665

d'oliveira, 13.03.22

O menino é “rabino”... 

E o rabino é o quê?

mcr, 13-03-22

 

 

Há uma dúzia de anos, a comunidade judaica do Porto vegetava: poucos membros, não havia rabino, a sinagoga estava quase sempre encerrada. 

Subitamente, uma lei mal feita (como de costume) apesar de copiada de outra, espanhola, muito melhor, transformou o patinho feio e magro num cisne branco e gordo.

A lei destinava-se a “reparar” a infausta expulsão dos judeus no reinado de D Manuel I, mesmo que, a partir de inícios do sec. XIX Portufal voltasse a admitir judeus no território nacional e, sobretudo, a tornar a prática religiosa legal e sem entraves. E se digo isto, é porque nesse capítulo o lugar português acaba por ser honroso no concerto das nações. 

Nos termos da lei, votada unanimemente, preceituava-se que, em fazendo prova de origem portuguesa qualquer cidadão judeu poderia candidatar-se `s nacionalidade portuguesa.

Claro que a referida prova nã era especialmente fácil porquanto passados 500 anos as raízes portuguesas perdiam-se quase que totalmente. Havia, evidentemente, o pormenos de nomes de família portugueses (ou espanhóis idênticos...), a prática da língua ladina (com problemas idênticos ou documentos que só por milagre tivessem passado incólumes por inco séculos de história movimentada.

De todo o modo, o milagre da multiplicação dos pães aconteceu. Dos quase quarenta mil processos de concessão de nacionalidade, cerca de 90% (!!!) foram certificados pela exígua comunidade portuense. Se isto já era admirável, incrível, inacreditável, o processo Abramovitch tornou-o exposto a tudo. 

Eu nada tenho contra o sr Abramovitch, incluindo a sua imensa fortuna, os iates, as casas, as mulheres, enfim tudo o que quiserem. Nada, excepto o facto da criatura ser da privança próxima de Putin. Depois as informações que correm dão Abramaovitch com origens ba Ucrânia e até com uma avó lituana. Nada que, de perto ou de longe, seja susceptível de indiciar um dos conhecidos destinos da diáspora sefardita portuguesa (Marrocos, Holanda, Veneza, Istambul ou mesmo Tessalónica). Pelos vistos, ao que conste também nunca ninguém, excepto o rabino do Porto e, eventualmente, um advogado da mesma cidade e membro da direcção da comunidade judaica portuense. 

Acresce que o sr Abramovitch já usufruía de pelo menos duas outras nacionalidades, a russa e a israelita. Nãi frequentava a ocidental praia lusitana, não conhece a língua, não se lhe conhece um gosto especial pelo fado, pelo bacalhau com todod ou pelas sardinhas assadas. Nem pela alheira!...

Parece que nem sequer tentou um visto gold comprando algum casarão caro e luxuoso entre Lisboa e Cascais. Mesmo se, como afora se começa a saber, muitos oligarcas russos pouco fiados no novo czar de todas as Rússias, trnham começado a comprar propriedades a partir de territórios fiscalmente paradisíacos, em nome de sociedades fantasmas e, até com nomes emprestados por esses mesmos locais . O dinheiro pode tudo e uma nacionalidade, mesmo a portuguesa, a três / quatro mil quilómetros de Moscovo, acaba por ser atraente e sobretudo barata, mesmo com comissões gordas a intermediários indígenas.

Houve, porém, uma  precipitação, uma imprudência e mesmo forte impudência (não confundir com a anterior): por um lado o número  extraordinário de processos despachados pelo Porto em curto espaço de tempo, por outro o facto de Abramovitch  ser o dono do Chelsea, agora em venda (e à beira da falência, diz-se). Acresce que o Reino Unido não terá em grande conta o multimilionário russo. Consta que nem sequer um visto de residência lhe terão renovado. Ingratidão inglesa  ou mera manobra de adeptos de clubes adversários do Chelsea? 

Algum(a) leitor(a) recordará que neste blog já tinha levantado esta questão. 

E por outro lado, o escândalo pareceu tão enorme que as autoridades lá entenderam abrir um processo. Esse processo terá levado a PJ a resolver-se (arriscar-se seria mais verdadeiro) a incomodar o rabino no exacto momento em que a criatura se preparava para ir dar um passeio por Israel. À cautela foi detido e intimado a ficar por cá a apanhar este chuva rala mas incómoda ate se ver melhor o que acontece. A sua situação é a de mero arguido. Logo se verá e isso se transforma em algo mais duro e se algum eventual julgamento comprova as acusações, e são várias, que se lhe fazem.

Fossem os processos de certificação menos números , digamos 10, 20%, a coisa passaria, mas 90% há que convir que brada aos céus. 

Acresce ainda que se teráo descoberto algumas contas bem chorudas em nome dos principais indiciados. A ser verdade a coisa complica-se. 

Eu bem sei que isto, mesmo tratando-se de um amigalhaço de Putin, é um mero fait-divers no momento ultrajante e infame que se vivr. Todavia, “est modus in rebus”, isto cheira que tresanda e, pior, pode prejudicar a imagem de uma comunidade portuguesa que, seguramente, nada terá a ver com isto. Mas que sai prejudicada, ai isso é como ginjas...Sai e de que maneira!

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