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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

estes dias que passam 669

d'oliveira, 20.03.22

 

 

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Uma pessoa surpreende-se todos os dias

mcr, 20-03-22

 

 

toda a gente, ou quase toda (excepçao feita de alguns encobertos neutrais que dão  Putin um estatuto idêntico ao de Zelensky e que pedem em alta grita reflexão e calma a quem se indigna com uma agressão militar caracterizada, brutal e fora de todas as regras do convívio internacional, calma, ponderação, equilíbrio, sensatez tudo se resumindo a não condenar a Rússia antes de ouvir as suas “razões”) sabe como Putin e o seu governo ajudaram monetariamente grupos de extrema direita na Europa; como tudo fizeram para ajudar Trump a ganhar as eleições americanas. Vem daí a “compreensão” de Trump perante o pidesco tenente coronel (ou coronel) do antigo KGB, digno sucessor da “Tcheka” dos primeiros anos de revolução e da NKVD dos sanguinolentos anos de Stalin.

Aetrema direita europeia e mundial nunca se preocupou com os antecedentes “revolucionários” deste conspícuo cavalheiro o que, aliás, tem o seu quê de natural, dados muitos dos antecedentes de colaboração estreita entre o poder soviético e o nazi. Ao fim e ao cabo eram dois regimes que se assemelhavam, ambos se anunciavam como defensores de trabalhadores (o vero nome do partido de Hitlers é partido nacional socialista dos trabalhadores alemãoes (em alemão NSDAP, Nationalsozialistiche Deuttsche Arbeiterpartei), ambos se declaravam adeptos da ditadura, ambos proibiam outros partidos, ambos levaram ao mais completo delírio a admiração pelos chefes, ambos criaram vastíssimas redes de campos ditos de “trabalho” (de te trabalho que constrói a liberdade...)--- E por aí fora. Que se tivessem batido nas ruas é verdade. Mas que também se bateram e com maior ferocidade se possível contra partidos irmãos não restam quaisquer dúvidas. Ambos usaram da proibição de livros, com a subtil diferença que uns os quimavam em grandes arraiais públicos enquanto outros os destruíam mais em sigilo. No capítulo das artes plásticas foam ambos implacáveis contra o que no caso alemão se alcunhou de arte degenerada e no russo mais simpaticamente de arte contra-revolucionária. E é especialmente interessante verificar que no domínio da pintura e da escultura se assemelharem de tal modo que é quase impossível distinguir uma obra de autor nazi de outra de um verdadeiro e leal artista do povo.

Felizmente, mesmo inimigos da democracia liberal, desentenderam-se e tentaram aniquilar-se mutualente. Os soviéticos ganharam graças à aliança com as democracias ocidentais (Grã Bretanha e Estados Unidos)

 

É por isso  que não deixa de cusar alguma estranheza a opção de um expoente da extrema direita portuguesa se propor ir combater os russos de Putin, piedoso protector  de “camaradas” europeus do português.

 Não é caso único ao que se diz na medida em que no leste ucraniano se terá formado uma milícia de extrema direita para combater os separatistas russofonos.E digo isto, porque, no parlamento ucraniano apenas consta um deputado eleito vindo da extrema direita local (cá num país com quatro ou cinco vezes menos população elegeu-se uma dúzia; a menos que o luso “chega” não seja suficientemente nacionalista quanto a norma europeia exige!...)

 

De todo o modo, uma criatura de apelido Machado que se encontrava a aguardar julgamento e com medidas restritivas de liberdade terá sido autorizado pela senhora juíza do processo a passar-se para A Ucrânia para lá efectuar tarefas “humanitárias”. Consta que o mesmíssimo Machado declarou que ia armado. Se já partiu ou não, não sei.

A mim, o que me surpreende, se é que um bom par de decisões judiciais já deixaram de me surpreender, é o facto dea um acusado se permitir desandar daqui para fora, correndo o risco de nunca mais voltar furtando-se assim ao julgamento. Não foi o primeiro a pirar-se não será o último pelos vistos, pelo menos enquanto houver decisores judiciais que acham humanitário ir participar numa guerra. Ou ir para um território em guerra o que pode ser quase o mesmo...

Por mim, velho e cínico q.b., sempre me resta a esperança que uma misericordiosa bala russa o leve desta para melhor pois sempre se poupava a despesa de um julgamento. Ou que a tropa russa o apanhasse e, dado o seu estatuo de “mercenário” o destinasse a um daqueles gélidos destinos turísticos em que a Rússia, e antes dela a URSS, e antes ainda o Império,  eram useiros e vezeiros.

Claro que os comentadores neutrais, aquele “que em tempos de grande rise ((nmral)) a quem Dante na “Comédia” destina “os lugares mais quentes do Inferno”, juntando-os aos cobardes e que se amontoam antes do primeiro círculo, aproveitam esta viagem (eu mais diria esta arteira fuga) para uma e outra vez, virem proclamar que agressor e agredido é quase a mesma coisa, que o que interessa é o “diálogo” mesmo durante o fragor das armas, durante os bombardeamentos com o seu cortejo de mortos e feridos.

Estes indiferentes (ou neutrais)acreditam, ou fingem acreditar, que se os russos não se tivessem antecipado, seriam os ucranianos que invadiriam não só a Rússia mas, como o fantoche da Bielorússia afirmou sem se rir este segundo país...

Deixemos Machado e passemos a quem o deixa partir. Eu, respeitosamente, gostaria de saber que artigo da lei permite esta viajem humanitária. Que circunstâncias? Que credibilidade se pode atribuir a uma criatura que anda nas bocas do mundo há vinte anos, acusada sempre das mesmas malfeitorias?

* na vinheta: Ilustração da "divina Comédia"