estes dias que passam 685
Notas à grande guerra patriótica
mcr, 3 –o5-22
A história da 2ª Grande Guerra Mundial é um dos acontecimentos mais tratados em livros mas mesmo assim, a falsificação histórica é extraordinária e surpreendente tanto mais que os documentos da época são em quantidade avassaladora.
No caso especial da Rússia, na altura União Soviética, conviria sempre lembrar que a guerra desta com a Alemanha só começou em finais de Jungo de 1941.
Até lá vigorou o chamado pacto Molotov-Ribentrop que não só permitiu à Alemanha ter as mãos livres para concentrar as suas forças no ataque à Polónia e depois na chamda frente ocidental como, ainda por cima, receber gigantescas quantidades de produtos alimentares e minerais fornecidos pela URSS que assim, decerto modo, forneceu os meios para ser mais tarde atacada. Além do que, é bom lembrar, a URSS ou o seu governo tinha liquidado a elite do Exército Vermelho numa gigantesca purga que, depois do início da invasão viria a revelar-se dramática para a contenção da invasão.
Alguns historiadores soviéticos e muitos russos mais recentes, tentam esconder o valor da ajuda inglesa e americana à URSS.
Sem esse inestimável apoio a resistência teria sido muito mais difícil do que na realidade foi.
Valeria a pena voltar a manuais históricos inquestionáveis e entre eles a uma história de “A Rússia na guerra” de Alexander Werth que se vai citar por haver edição portuguesa (Publicações europa-América, 1971) em sete volumes.
No 5º volume, pp 58 e ss, podem encontrar-se os números relativos à ajuda anglo-americana.
Dos ingleses a URSS recebeu:
5800 aviões
4292 tanques
12 caça minas
103.000 toneladas de borracha
35.000 toneladas de alumínio
33.000 toneladas de cobre
48.000 toneladas de chumbo
93.000 toneladas de juta
dos americanos:
6430 aviões
3, 734 aviões
10 caça minas
12 canhoneiras
82 embarcações pequenas
210.000utomóveis
3000canhões anti-aéreos
1111 canhões anti aéreo de tiro rápido
23 milhões de metros de tecido militar
2 milhões de pneumáricos
6500 toneladas de níquel
1,2 mi lhões de toneladas de aço
20.000 máquinas ferramentas
991 milhões de cartuchos
22 milhões de granadas
130.000 toneladas de TNT
88.000 toneladas de pólvora
1,2 milhões de fio telefónico
245.000 telefones de campanha
478.000 toneladas de gasolina
98.ooo toneladas de alumínio
184.000de cobre
42.000 toneladas de zinco
5,5 milhões de pares de botas militares
e mais 275 milhões de dólares em produtos diversos
No final da guerra foi notado que além de equipamento ferroviário, a URSS recebera 427.000 camiões, 13.000 veículos de guerra, 2000 veículos para canhões e 35.000 motocicletas
2.670.000 milhões de produtos petrolíferos
4.478.000 milhões de toneladas de víveres (relatório Deane que totaliza a ajuda em 11 biliões de dólares).
Os leitores perdoarão este pequeno excerto das ajudas concedidas pelo dois aliados anglo-saxónicos.
Obviamente não foi isto que fez ganhar a guerra mas na verdade contribuiu e muito para a famosa vitória de 9 de Maio (8 no Ocidente). Pode mesmo afirmar-se que esta ajuda foi absolutamente vital para o período dos dois primeiros anos de guerra na Rússia (1942/3) evitando a fome e o colapso do enfraquecido exército vermelho que obviamente se reconstituiu ao fim de duríssimos meses (mais de um ano) de combates em que foi, por várias vezes, dizimado. Com as terras mais produtivas ocupadas quase até ao fim da guerra, a ajuda alimentar foi também ela essencial.
Não se pretende fazer esquecer o brutal esforço soviético, o heroísmo das suas tropas, o sacrifício de milhões de militares e civis mas cumpre salientar que a ideia da frente única (tantas vezes clamada por Stalin) nunca foi verdadeia pois as hostilidades sempre se mantiveram em várias frentes: em África pelos ingleses, depois pelos americanos e finalmente pelos franceses, Itália pelos exércitos aliados (que também tinham tropas polacas e brasileiras por exemplo) no Pacífico onde, a partir de Pearl Harbour, os americanos com australianos e neo-zelandeses foram dificultosamente vencendo os japoneses ilha por ilha.
E no Atlântico onde o combate naval foi dramático originou tremendas perdas para os anglo-americanos.
Saliente-se, finalmente, que a partir da invasão da Normandia (6-jun-1944) a Alemanha viu-se finalmente forçada a lutar em duas frentes europeias e a dividir forças o que obviamente aliviou em muito a frente soviética.
E, já agora, que se é verdade que Berlin foi tomada pelos soviéticos isso só ocorreu porque havia tratados a garanti-lo. Os anglo-amricanos teriam podido continuar o seu avanço sobre o centro norte da Alemanha e é provável que chegassem primeiro à capital do Reich. Todavia, pararam e esperaram pelos soldados russos mesmo se para sul tivessem avançado rapidamente até tomarem o refúgio alpino de Hitler (ocupado por tropas francesas, aliás).
Escrevo isto, hoje, porque o dia 9 está próximo e seguramente dadas as especiais circunstâncias do momento iremos assistir a um paroxismo de propaganda russa (lá e, naturalmente, também por cá...)
na vinheta soldados alemães capturados em Stalingrado . Terão regressado a casa 10/15% destes prisioneiros e, entre eles, o marechal von Paulus que passou residir na RDA.