estes dias que passam 692
Na esplanada, desafiando a chuva, ao calor da solidariedade
mcr, 18-5-22
A CG lá se vai batendo bravamente contra o vírus e, agora, como a infecção está instalada, deixou de usar a máscara. Como se quisesse meter-me também ao barulho!...
Todavia, vê-se que as vacinas algum efeito (e não pequeno) tiveram. A coisa, tirando umas dores de garganta, alguma rouquidão inicial, tem sido relativamente benigna. Esperamos que até domingo tudo se desvaneça e não passe de um momento desagradável que passou.
No meio disto tudo, há uma certa ironia: a CG fechou-se a sete chaves, usou e abusou da máscara e da restante parafernália anti covid. Só não resistiu a uma longa conversa com a nossa empregada que, coitada, aterá apanhado o raio do bicharoco entre um transporte colectivo e uma sessão de fisioterapia.
Eu, felizmente, estava longe, em Lisboa a cirandar pelos alfarrabistas e a expor-me perigosamente nas esplanadas do Chiado cheias como um ovo de turistas que em manadas compactas fazem a via crucis das maravilhas lisboetas pastoreados por guias que os esperam em filas cerradas na praça de Camões.
A nossa casa parece a Ucrânia dividida: o único ponto de encontro é a mesa do almoço e mesmo aí estamos a mais de 2,5 m de distância. Acomodei-me no quarto de hóspedes, não ponho os pés (nem o resto do cadáver) no escritório principal e voltei à esplanada para escrevinhar estas balivérnias. E vou aos restaurantes aqui do bairro pelo almocinho, coisa que, aliás, já íamos fazendo amiúde.
A pandemia, no nosso caso, alterou hábitos. Agora, há um excelente peixeiro que nos traz o peixe a casa, a fruta e boa parte dos legumes vem de uma mercearia que também faz entregas a domicílio, a roupa é passada fora também com entrega em casa, e quando a empegada não está encomendamos o almoço.
É que a excelente empregada que temos só tem (com grande pena minha) dois dias para nós pelo que, e para poupar a fada do lar, houve que reorganizar quase tudo. De resto eu fui sempre o moço de recados para compras em supermercado o que nem sequer significou mudança na minha rotina diária.
A CG garante que não só não gastamos mais mas que até poupamos dinheiro. Pode ser e, de todo o modo, não será o filho de meu pai, que irá verificar com minúcia as contas. Limito-me, preguiçosamente, a acreditar.
O covid que atormenta a casa obrigou-me (gostosamente...) a refugiar-me na esplanada para escrever o folhetim, coisa que faço sem problemas e até com satisfação pois sempre posso exceder-me na dose de cafés que tomo.
E é, justamente, por via do covid, que escrevo esta crónica. De facto, o blog, este blog, completa amanhã 18 anos o que, neste caso, significa pelo menos uma honrada velhice. Tnha sido combinado um jantarinho festivo mas se os bloggers põem o vírus dispõe e eu tive de comunicar, pesaroso, que não poderia ir para não infectar (eventualmente..., diga-se) a restante companhia. Solidários e generosos os meus colegas de redacção adiaram por oito dias a festividade para que eu possa também comparecer. E vê-los pois durante esta época pandémica os festejos não se realizaram.
É hora de, publicamente, lhes agradecer o gesto e as boas palavras com que mimaram a minha doentinha.
E de nos espantarmos com esta provecta id
ade: dezoito anos já?
E de lembrar todos quantos por cá passaram e, muito especialmente, um fundador que já não está entre nós: Joaquim Coutinho Ribeiro, o Carteiro, boa praça, fino conversador e excelente camarada.
*na vinheta: o Carteiro, nosso amigo.