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Incursões

Instância de Retemperação.

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Instância de Retemperação.

estes dias que passam 712

d'oliveira, 08.07.22

 

Aventuras do capitalismo imaturo (para não dizerselvagem)

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mcr, 8-7-22

 

quem me lê sabe que não faço parte dos grupos ditos anti-capitalistas que, cá vão convivendo com o sistema, aproveitando as suas facilidades e juntando-se, de quando em quando para o denunciar. De todo o modo, e ao contrário, fas imensas caravanas de pobres de que se proclamam defensores nunca pensaram em emigrar para qualquer paraíso socialista onde afirmam que se está a caminho da justiça social...

Todavia, ao ver o caos nos aeroportos não posso deixar de pensar que a tremenda confusão instalada tem muito a ver com um sistema de exploração de mão de obra barata que, agora, passada a pandemia, se vê a  braços com uma medonha falta de pessoal. Não so apenas as tripulações dos aviões (sobretudo pessoal de cabine) mas o desastre estende-se aos serviços de terra. Não há gente para o handling, não há gente para a informação, para o registo de bagagens. Perdem-se milhares de mala, cancelam-se centenas de voos, acumulam-se filas ingentes de passageiros desesperados  que perdem voos directos, ligações a outros voos sem que ninguém lhes dê uma explicação capaz, uma garrafa de água, um voucher para refeições ou  para uma dormida.

Faço parte dos indirectamente afectados pois tinha projectos para duas sortidas. Uns dias em Paris antes dos grandes calores e uma viagem a Florença para apresentar a cidade à CG e dar uma pequeníssima volta por Pisa, Arezzo e mais alguma cidade que nos apetecesse.

Claro que à vista do que as televisões me trazem, adiei tudo para as calendas gregas. Com sorte, darei o salto parisiense em finais de Setembro e o resto será quando Deus e o tráfego aéreo me permitirem.

Em boa verdade, mesmo que ninguém contasse com isto, agora, os baixos salários pagos por aeroportos e companhias de aviação já levantavam as maiores dúvidas e indignações. Com a pandemia, esta gentinha despediu trabalhadores à fartazana.

O mesmo sucedeu nas zonas turísticas indígenas, sobretudo no  Algarve. Agora, os hoteleiros e restauradores chiam que se fartam, pedem “providências” ao Estado,  aos municípios, ao SEF, porque os milhares (dezenas de milhares de despedidos, desapareceram, diluíram-se na multidão e não regressaram ordeiramente aos locais da tosquia de salários decentes.

“Ai  turismo, ai esta fonte de rendimento para Portugal...”, guincham de mão estendida.

Não me motivam ódios de classe, eu sou um burguês, reformista, liberal ou semi-libertário. Fui, in illo tempore, advogado de sindicatos, conheço uma boa parte dos truques patronais e outro tanto das políticas sindicais que, também elas, tem muito que se lhes diga.

Às pessoas que para mim trabalharam ou trabalham, tentei sempre pagar decentemente e bem acima dos salários ditos mínimos. Actualmente, a nossa empregada doméstica, ganha rigorosamente o dobro do tal salário mínimo nacional e, por isso, enche-nos de mimos e trata-nos como reis.  Volt e meia aparece com um pudim, quando não é uma travessa de rabanadas. Quando descobriu que a minha sogra que recentemente esteve por cá a passar uma quinzena, trazia-lhe broa de Avintes, regueifas que consolaram a boa senhora. E recusou firmemente, indignadamente, que nós pagássemos. “Era o que faltava! Eu dou por gosto!”

Descobri que, pagando decentemente, acabava por poupar dinheiro, tempo e era bem servido. Exactamente o que as companhias aéreas, os empresários hoteleiros os proprietários de restaurantes geralmente . não fazem.  Agora perdem muito, estão aflitos e viram-se para os poderes públicos (que no caso das empresas que detêm também não se distinguem pela generosidade  ou pela mera justiça salarial...) ou seja, para nós todos, os eternos pagadores a pedinchar “uma ajudinha, pelas almas”...

Não há pachorra!

 

(em tempo: por inépcia minha não consegui responder ao leitor JSP que sobre omeu post de ontem lembrava que Churchill fora o grandeculpado pelo desastre de Glipoli. Tem toda a razõ e creio que indirectamente ( demasiado indirectamente) fazia menção dessa estúpida aventura. Iodavia, Churchill conseguiu ultrapassar essa vergonhosa derrota e vencer Hitler muitos anos (quase 30...) depois. Errou quase sozinho na Turquia e, também bem só conseguiu mobilizar um país e a Comonwealth para fazer frente ao Eixo.. em conclusão: balanço fortemene positivo.  De todo o modo, JSP fez bem em referir esse percalço dramático da 1ª guerra. Um abraço)

 

 

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