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Incursões

Instância de Retemperação.

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estes dias que passam 717

d'oliveira, 01.08.22

Troca de galhardetes 

mcr, 2 -8-22

 

Os senhores Santos Silva e Ventura, respectivamente presidente da AR e deputado, tem-se defrontado no parlamento repetidas vezes. 

Devo dizer que não são simétricas as posturas dos dois contendores. Efectivamente, o segundo consegue trazer aos debates  todo um conjunto de vilezas e parvoíces que exasperam muita e boa gente. Santos Silva entende que boa parte das burrices proferidas por Ventura merecem resposta do Presidente da AR  porque extravasam de maneira evidente todas as regras de conduta, políticas, éticas e morais, do discurso parlamentar. Trata-se a meu ver de um exacerbado sentido de missão presidencial parlamentar. Não que, a meus olhos, não concorde com as posições de Santos silva mas apenas porque é ali, no círculo parlamentar que as opiniões, mesmo as mais extremes devem ser declaradas. Santos Silva leva a sua rigidez (já lá iremos) demasiado a preceito e, com isso, só dá a Ventura oportunidade para se expor gloriosamente (duvidosa glória) nos meios de comunicação social. 

Ventura o perseguidor de imigrantes (dos quais precisamos como de pão para boca) nem sequer percebe que a sua estúpida campanha pode virar-se contra os nossos emigrantes que demandam a França, o Reino Unido ,a Espanha , p Luxemburgo ou a Alemanha. 

Imaginemos, por um único e desolado momento que as extremas direitas desses países resolvem começar uma campanha idêntica contra os portugueses que para lá vão. 

De resto para calar Ventura há duzentos e tal deputados que, julgo, não necessitam da tutela do Presidente da AR

Santos Silva finge que não percebeu os limites do seu cargo e continua a desdobrar-se em entrevistas em que alega as virtudes do seu “magistério” democrático.

Claro que, já não são poucos, bem pelo contrário, e vindas de todos os horizontes, as vozes que atribuem a Santos Silva ambições de transitar da presidência da AR para a da República. 

A sua cruzada seria o meio de fazer chegar aos futuros  eleitores  uma imagem de homem de Estado acima de toda a suspeita. E de criar, na Esquerda, uma espécie de deserto de candidatos, aparecendo ele como  o ´único, último  salvador da pátria. 

Claro que do lado de Ventura este duelo desigual tem claras e vantajosas consequências políticas: Ventura tenta consolidar e aumentar o espaço político  que vem lavrando. E apresentar-se como a única e verdadeira oposição ao PS ( e à defunta “geringonça” , nome mais do que apropriado a uma pouco exemplar “frente popular” onde todos os participantes venderam a alma por um prato minguado de lentilhas).

Ventura nem precisa de cartazes: bastam-lhe os títulos de primeira página dos jornais , os escândalos repetidos e ampliados nas redes sociais que se lançam gulosas e imprevidentes sobre este pobre naco de comida apropriado a varejeiras. 

Eu não conheço (nem espero conhecer)  o cavalheiro Ventura. Nunca tinha ouvido falar dele quando a criatura andava pela televisão a discutir futebol (assunto a que sou completamente arredio). Nem sequer o tomo por um verdadeiro fascista pois aquele discurso que usa nem nessa fétida matéria, é exemplar. Aquilo cheira-me a populismo bacoco a oportunismo de chico esperto e pouco mais. 

Santos Silva com a sua cerrada vigilância acaba por ungi-lo , por o tornar um político e não por o considerar irresponsável. 

Eu conheço pessoalmente  Santos silva mesmo se não possa dizer que somos amigos pois, à excepção dos “Estados Gerais” de Guterres,  nunca estivemos juntos o tempo suficiente. Corre que ele teria sido simpatizante do MES, organização onde me demorei cerca de um ano. Curiosamente, nessa altura, tinha-o por trotskista  ( e convenhamos que tudo no seu discurso político sugere tal filiação) mas justamente por o não conhecer suficientemente admito o meu eventual erro. Fora isso tenho-o por pessoa inteligente, muito inteligente, aliás, culta e bem preparada politicamente.  Mas isso também ocorre com o actual inquilino de Belém e nem por isso votei nele. E com mais uma gigantesca molhada de políticos pretéritos ou actuais (estes muito escassos) que  nem sempre (ou raramente) me caíram no goto e levaram o meu voto. 

Também não juro  que Santos Silva queira ser presidente da República, um cargo que cada vez significa menos, mesmo em final de vida política. Estamos já bem longe do tempo de Soares, Sampaio ou até de Cavaco (que só cito por ter retirado o tapete à Esquerda. Cavaco entrou na História como primeiro ministro e não como PR...)

O actual PR,  mesmo se parece possuído pela dançade S Vito e se mexe freneticamente, pouco mais é do que um cavalheiro com queda para o populismo, para a natação no mar e para as selfies. É duvidoso que do seu mandato reste mais do que a espuma dos dias.

O Verão, com os seus fogos escusados  e os seus calores demasiados poderá dar-nos uma trégua neste luta de galos  e permitir a um dos contendores perceber que a sua “vigilância revolucionária e democrática” é excessiva e contraproducente.

Quanto ao outro a falta de holofotes  é mais do que fatal. Deixem-no a falar sozinho como os tolinhos.  

 

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