Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

estes dias que passam 731

d'oliveira, 28.08.22

Houve cortejo mas não houve povo

mcr,  28-8-22

 

Ou então foram as televisões portuguesas que conspiraram contra a “veneranda” memória de José Eduardo dos Santos e esconderam as multidões de luto e em lágrimas.

Às tantas havia mais polícias e militares integrados no cortejo do que cidadãos angolanos ao longo do percurso.

Isto, em qualquer parte do mundo, diz tudo,  mas é plausível que nos trópicos angolanos apenas signifique  que as multidões, abaladas pelo triste sucesso se tenham deixado ficar em casa para poder chorar mais à vontade.  

 

Deixando esta desolada paisagem fúnebre, tmos que as mesmas televisões e otras internacionais, deram voz a cinco membros da comissão nacional eleitoral ou lá o que é que questionaram de madeira estrondosa a “verdade” das conclusões oficiais que indicavam uma vitória provisória do MPLA.

Logo se verá como é que afinal as coisas ficam mas não deixa de ser curiosa esta clara negação de um duvidoso triunfo eleitoral do partido que sempre esteve no poder. E sobretudo, sabendo-se que em Luanda, onde o escrutínio internacional terá sido maior, a UNITA averba uma incontestável e forte maioria... contra isto, aparecem todas as restantes províncias a votar no MPLA!  Não digo que isto não seja eventualmente possível mas acrescento, à cautela, que parece pouco plausível sobretudo se nos lembrarmos que Luanda e seu termo foi seguramente a zona onde menos se terá sentido a privação que grassa em Angola e que tem origem na corrupção, no roubo, no desprezo dos mais pobres... 

( devo acrescentar que nunca simpatizei com a UNITA, nunca, ao que sei, conheci algum dirigente, militante ou simpatizante desse movimento, exactmente ao contrário do que se passa com o MPLA. Fui (e em alguns casos ainda sou) amigo pessoal de militantes dessa formação, muitos dos quais conhecidos desde Coimbra e mesmo desde a prisão de Caxias que no meu tempo acolheu “democraticamente” portugueses e angolanos sem descriminação de raça, cor, credo religioso ou outro.)

Era justamente por causa desta espectável consequência do acto eleitoral que julguei e julgo indesejável a presença do Presidente da República neste mais que adiado enterro.