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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

estes dias que passam 743

d'oliveira, 04.10.22

A hora dos lobos

mcr, 4-10-22

 

“....Soit par issy, soit par Ivry

les loups ont envahi Paris...”

(R Vidalie/L Bessiéres interpr: Serge Reggiani)

 

 

Desconfio que uma parte dos meus leitores não tem ideia da belíssima canção de Regianni que serve de epígrafe para mais um par de linhas que nunca pensei escrever. 

Nem sequer sei se haverá assim tantos que se lembre do magnifico cantor (e actor) que foi Serge Reggiani.Todavia,sempre confiante na curiosidade humana que ainda é maior do que a dos gatos, atrevo-me a sugerir que usem desses meios modernos para ouvir um par de canções , muitas, de Reggiani. Ou comprem os cds bastam dois para se fazer ideia (e que bela ideia...) deste excepcional intérprete. As suas canções não ficam atrás de Brassens, Brel ou Ferré mesmo se Reggiani não fosse um autor cantor mas apenas um cantor Um belíssimo cantor!

E passemos às nossas encomendas que a tarde faz-se tardinha.

Éainda o Brasil, claro. E daí nem boas novas nem melhores mandados. O partido do actual presidente garantia para já a maioria no Congresso! E vai à frentena corrida a governadores estaduais nos mais importantes Estados. Um desastre, um cataclismo! Um naufrágio!

E começa a ser posta a hipótese de uma vitória nas presidenciais!... A maré está a encher e nada  nem ninguém se atreve a permitir um prognóstico seguro a favor de Lula.

Estão a cinco pontos de diferença quando tudo indicaria que seriam quinze ou mais!...

Há, claramente, uma dinâmica de vitória da Direita que pode causar profundos estragos. O “imbrochável” que a mim me cheira mais a ejaculador precoce, já ganhou no litoral que importa, nas câmaras, vai provavelmente averbar mais alguns governadores estaduais, só lhe falta o Palácio do Planalto. 

Lula vai ter dd dar (e muito!) à perna para quebrar este súbito e pestilencial vento da Direita mais reaccionária, dos Evangélicos, dos amantes da ordem e progresso, dos ressabiados que não esqueceram os anos “PT”.

E o PT que não se soube reformar, reestruturar, regressar a umas origens sãs e simples, tem, aqui, fortes culpas no cartório. 

A meu ver, Lula não era o candidato ideal, sobretudo pela idade, pelos problemas, pelas suspeitas que sobre ele, justa ou injustamente, pesam. A norma que prescreve não mais de dois mandatos (seguidos) tem várias e ponderosas razões de ser. E uma delas tem a ver com aidade do candidato e com o facto de durante bastante tempo ter ocupado o poder.

E notem que o caso brasileiro nem sequer é uma surpresa. A Suécia, noutra ponta do mundo, a Itáli ainda há dias, a forte escalada da Direita francesa há alguns meses podem enunciar que o tempo favorece os nacional-populismos e outros ismos ainda piores. O populismo mais dementado vem ocupando posições na América Latina. D Venezuela à Nicarágua sem esquecer a Colômbia, verifica-se que à Esquerda o populismo também vai ganhando terreno. 

Os desastres do socialismo mundial (sobretudo nas versões mais radicais) deixaram as Esquerdas moderadas desamparadas e o Centro inquieto e incpaz de se recentrar (passe o eufemismo que é mais verdadeiro do que se poderá pensar). 

A Esquerda brasileira e o centro-esquerda partiram para a batalha em ordem dispersa . Não é de agora tal desencontro mas os anos “pt”  e a própria intrusão desse novo partido no complexo xadrez político brasileiro  acabaram com um modelo mas não foram capazes de impor um novo e melhor. 

Agora, entrou em cena um rufião  e à falta de modelos mais credíveis, eis que o povo, democraticamente, em eleições que todos afirmam terem sido limpas, oferece na primeira volta um pancadão de votos à raposa que entrou ruidosamente na capoeira.

As parcas semanas que restam para o dia da 2ª volta serão suficientes para criar um clima de confiança e um novo e inspirador alento a um aclamado vencedor à primeira ou a onda, quase um tsunami, da Direita unida e esperançada vai conseguir reeleger um Presidente que, com um Congresso da mesma cor poderá fazer História. 

Mesmo sem ser crente, vou acender uma velinha Entre um candidto mau e outro pior, não há dúvidas: voto no primeiro, nem que isso signifique tomar um purgante durante uma inteira semana, aliás quatro!    

 

(o jornal Público de hoje, trás um mapa eleitoral a cores que merece ser visto e revisto. E estudado...)