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Incursões

Instância de Retemperação.

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Instância de Retemperação.

estes dias que passam 783

d'oliveira, 15.03.23

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“os inocentinhos”

mcr, 15-3-23

 

Antes de começar, convém-me referir que nada me move contra este Governo mesmo que, honestamente, deva confessar que não tenho dele ideia brilhante, sequer razoável. 

Para o efeito, lembraria tão só aquela ex-governante e estrela deste agrupamento de criaturas que pouco excedem o sofrível (e estou a ser benevolente) que, durante o seu mandato vociferava contra os privados da saúde. Agora, fora das lides governamentais, mas sempre no pico da onda (dirige a concelhia PS de Lisboa e, pelos vistos é uma putativa candidata à presidência da Câmara), veio dizer, com inexcedível candura e ilimitado descaramento, que os privados foram óptimos e por vezes mais solidários com o SNS do que outros elementos do mesmo SNS!!! 

Portanto, esta marabunta que gere os destinos da pátria, amparada numa maioria esgotada, cansada e não sei que mais (sicut S..ª Exª o Sr. Presidente da República) deveria ter alguma prudência quando, para escapar com o dito cujo à seringa, desata a atacar os do costume, ou seja os privados. 

O dr. Costa deveria perceber que para Lenine tem peso a mais e barba a menos. Onde o outro varria tudo à vassourada(leia-se metralha de todo o tipo contra kadets, socialistas revolucinários, monárquicos anarquistas, “kerenkistas e burgueses de toda a ordem. Ou seja contra uma esmagadora – e depois esmagada – maioria  da população russa, o dirigente socialista dispara cargas de pólvora seca que fazem muito barulho e  confundem muito boa gente (desde que ingénua e cheia de boa vontade...)

A história das casas devolutas criminosamente ocultadas dos necessitados brada aos céus.

Sobretudo se vinda de quem nem sequer consegue explicar quantos prédios (e serão milhares) devolutos tem. E não consegue porque nem sequer sabe onde estão. Saberia se, porventura, como qualquer cidadão, qualquer paisano, tivesse de pagar impostos!...

O Estado, ou esta caricatura de Estado, nem sequer parou um minuto para pensar em que bico de obra se estava a meter, nos milhares de processos que iria defrontar nos tribunais, em todos os tribunais, incluindo os europeus, na incapacidade que lhe é congénita de identificar atempadamente os andares devolutos, de depois os reabilitar (quantos anos leva quando se sabe o fracasso das miseráveis medidas que pomposamente anunciou  e incumpriu?) como é que vai sem favoritismos (que seguramente se perfilam no horizonte)? 

A gentil senhora ministra da Habitação também provavelmente se toma por Clara Zeykin, Nadejda Krupskaia, inessa Armand ou, porque não por Rosa Luxemburgo. Lamento informá-la que não parece ser nenhuma destas senhoras nem sequer ter uma ínfima parte do talento delas, da actividade deles, da capacidade de sacrifício delas. E duvido muito, totalmente, que tenha sequer uma ideia, uma só!, do que é uma política socialista da Habitação!... Será que ela sabe que estamos no sec XXI, na Europa, dentro da União Europeia? Saberá que significa tudo isto? Todas as dúvidas são permitidas se é que não são absolutamente obrigatórias. 

Quanto à segunda frente de combate governamental, a coisa resume-se assim. P preço do cabaz alimentar português é fortemente superior ao do francês, alemão ou espanhol!!!

É verdade que a agricultura nacional  (onde também pontifica uma senhora que em seu tempo, o da pandemia, sonhava vender hortaliça à China!!!) não é exactamente tão desenvolvida quanto a destes países o que, eventualmente explicaria custos de produção mais altas. É verdade que o circuito das mercadorias agrícolas é menos perfeito  e, seguramente, mais pesado e oneroso do que os concorrentes europeus. Todavia, mesmo sem nos fornecerem um qualquer estudo comparativo (que não fizeram, não fazem e porventura nunca farão) eis que uma dúzia de exaltados dentro ou fora do Governo uivam contra os especuladores (que seguramente também há...) e lançam a ASAE à caça dos gambuzinos. 

Nos meus longínquos tempos de estudante, corria entre as hostes mais assanhadas do “marxismo-leninismo” a frase tremenda “brandir a bandeira vermelha para melhor (e mais traiçoeiramente, esmagar a bandeira vermelha”.

A coisa chegou ao delírio absoluto da “grande revolução proletária e cultural”, Ao sacrifício de uma inteira geração, a cerca de vinte milhões de vítimas incluindo-se nelas os “inocentinhos” que de livrinho vermelho em punho urravam hossanas ao Presidente Mao, o “grande timoneiro” e pediam e obtinham as cabeças de numerosos dirigentes de sempre do PCC, anteriormente classificados de primeiros e segundos absolutos companheiros do ditador. 

Por cá ficámo-nos por um “grande educador da classe operária” que depois também soçobrou na onda das acusações de oportunismo, deixando o poder a outro igualmente histérico que, também ele, foi defenestrado pela impetuosa marcha das massas populares, no caso um pequeno marulhar, um frémito à superfície das águas pouco profundas dum a poça de chuva primaveril.

Não é por coincidência que todos estes aprendizes de revolucionário nasceram ou cresceram já depois do 25 A. Embalados nos mitos heroicos mas sem saber como era duro viver nesses tempos, querem fazer figura, hoje,  quando o simples facto de tudo ter mudado quase radicalmente não é por eles tido em linha de conta. Sem uma teoria revolucionaria, sem conhecer o povo que julgam servir enquanto boys & girls educados no serralho das jotas, ei-los que patinham no quotidiano que aflige outros que tropeçam no salário mínimo ou em pouco mais. Um desastre, uma torva ironia da História, uma corrida para o pântano. 

Estamos servidos...