estes dias que passam 803
A saúde é uma “seca”!
mcr, 9.6-23
Deixei de fumar há vinte e cinco anos. Foi a primeira e única vez que tentei e com persistência, sacrifício e alguma coragem acabou aí a minha carreira de fumador. Aliás de grande fumador pois eu debitava quatro maços diários, uma enormidade e uma estupidez de que me não orgulho.
Deixei de fumar não por qualquer problema de saúde ou respiratório mas tão só porque finalmente me convenci que, mais cedo ou mais tarde os problemas surgiriam. Apanhei amigos, conhecidos e familiares de surpresa e não foram poucos os que afirmaram que aquilo seria sol de pouca dura. De resto, eu próprio dizia que a partir dos 75 anos voltaria ao cigarrinho. Não voltei e, confesso, nem sequer sinto vontade de voltar.
Devo também dizer que não me tornei um anti-fumador alucinado e inclemente. Frequento sítios, esplanadas, onde há fumadores próximos mas que ainda não incomodam.
Tenho por mim que não é com medidas higienistas e paternalistas que se combate o cigarro nem com demasiados cercos aos fumadores. Claro que concordo com a proibição de fumar em espaços fechados mas não levo a sanha persecutória aos espaços livres mesmo se perto de escolas, cafés, hospitais ou estabelecimentos de ensino.
No caso da venda pouco se me dá que ela seja feita através de máquinas ou ao balcão. Não é a ausência da máquina que faz o fumador desistir e, no caso dos cafés, sobretudo os de província de pequenas ou pequeníssimas localidades, tenho por sacanice aberrante e violência estatal a proibição da venda. Tanto mais que tal proibição não se aplica aos álcoois, que se consomem sem restrição de qualquer esp´cie em todo o lado. E que inclusivamente se vendem livremente nas estações desserviço das autoestradas sabendo-se como se sabe que mesmo com uma baixa taxa de absorção, o álcool perturba gravemente a condução.
A proposta de lei tal como foi apresentada era um imbecilidade mas as sucessivas modificações não a melhoram especialmente. Permitir a venda de tabaco nas “grandes superfícies” onde é proibido fumar é uma originalidade asnática que cai por inteiro nas autoridades ministeriais que pressionadas não sabem como sair da ameaça . Pior é a permissão de venda em hotéis e na generalidade dos estabelecimentos turísticos onde também, ao que sei, não é permiti do fumar. Digamos que esta porta aberta à venda é um piscar de olho grosseiro e obsequioso aos turistas e uma bofetada a no camponês alentejano ou beirão ou de interior que não tem na aldeia uma tabacaria, um hotel, um AL uma bomba de gasolina ou uma estação de serviço, enfim nada...
Eu, de cada vez que vejo, na TV, o senhor ministro da saúde até me persigno. A criatura é redonda, fala redondo, está sempre tudo em marcha acelerada para a resolução mas se observarem bem, está na mesma como a lesma ou a caminho de piorar. Ainda há dias este extraordinário cavalheiro se congratulava com os resultados de um concurso de médicos que ficara deserto a mais de 60%.
Quando recordo que a Guterres chamaram “picareta falante” fico sem palavras, sem um adjectivo convincente para caracterizar esta loquacidade ensandecida, esta enxurrada de ditos que nada dizem. No Porto, este político perdeu todas as eleições a que se prestou e, se é verdade que está a fazer outro tirocínio para um glorioso regresso , o melhor é darem o próximo lugar ao Joãozinho das perdizes que parece bem mais sincero e capaz.
Eu sei que o SNS não é pera doce, que cada vez mais se assemelha a um titanic no mar da Palha mas o problema não está na ideia mas tão somente nas condições que se oferecem aos profissionais. Basta um exemplo colhido dos jornais. O Director Executivo do SNS (um homem capaz, com um invejável currículo e obra feita no S Joõ) gana quatro vezes menos do que Directora Geral do LUZ Saude que tem a su cargo uma equipa muitíssimo menor de pessoas que, porém são bem pagas, tem recursos técnicos suficientes e estão motivadas. O que se está a criar é um sistema para pobres (SNS) e outro para quem consegue pagar, tem seguro de saúde ou ADSE!!!
Enquanto este país pagar salários miseráveis a professores e médicos as coisas não melhorar\ao e não é com críticas aos horrorosos “privados” que a coisa melhora
E chamo a atenção para o facto de neste momento o SNS estar já a preparar acordos com hospitais privados para toda a temporada do Verão nomeadamente em Lisboa e Vale do Tejo e Algarve.