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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

estes dias que passam 807

d'oliveira, 20.06.23

Em política, o que parece, é!

mcr, 20-6-23

 

Só fui uma vez a Budapest e por razões bem claras: mostrar a minha solidariedade com um par  de amigos dos tempos da Faculdade Internacional para o Ensino do Direito Comparado.

Eram tempos de recém conquistada liberdade (nossa) e da não liberdade deles enquanto povo e país

Convenhamos que quase todos tinham uma violenta aversão ao regime imposto pelos tanques soviéticos que, em 56, esmagaram a primeira tentativa, aliás tímida, de libertação da pesadíssima tutela fraterna do URSS. A coisa correu mal e dezoito anos antes da Checoslováquia  ou três depois do 17 de Junho berlinense, os húngaros pagaram caro a ousadia de se pensarem independentes.

Dessa minha viagem ao chamado bloco de leste recordo o entusiasmo dos filhos do grupo de amigos que me acolheu e recebeu umas largas dezenas de cassetes de música  pop, rock, soul e similares que eu cuidadosamente gravara. À cautela ia no lote um leitor de cassetes que foi recebido com idêntico entusiasmo embora por lá houvesse aparelhos semelhantes. “Este cheira esabe a liberdade disse-me uma mãe de três adolescentes do grupo. 

Nunca mais voltei lá, perdi a pista a esses amigos e colegas que se foram vivos andarão todos pela mesma provecta idade que tenho.

Agora, a Hungria é o patinho feio da União Europeia mas isso, espero-o bem, passará.

Que o dr. Costa que não terá nas suas memórias um par de amigos antigos  e resistentes húngaros, entenda parar em Budpeste para ver a futebolaça, pareceu-me surpreendente tanto mais que se fazia transportar num avião do Estado para uma reunião essa sim importante na Moldávia.

Pela confusa e tardia explicação ele só se sentou ao lado de Orban porque convidado pela UEFA não podia recusar tal lugar nem tal proximidade.

Eu desconheço as regras da UEFA, não percebo porque é que um membro de um país terceiro seria convidado para ver um jogo de equipas estrangeiras que disputavam uma taça onde por junto havia um treinador português!

Não vi nenhum presidente dos dois países a que pertenciam as duas equipas finalistas. Ou não foram convidados, ou não quiseram encontrar Orban fora dos sítios onde obrigatoriamente se tem de cruzar com ele.

A isto soma-se a explicação do Presidente da República que, uma vez sem exemplo, ignorante do alcance do Falcon se saiu com a necessidade de escala técnica. Claro que a escala poderia ser para o dr. Costa dar uma mijinha que isto de um xixi em peno voo tem muito que se lhe diga.

A menos que o astuto Presidente quisesse mais uma vez atirar par o ar e para a discussão pública uma teoria sem pés nem cabeça, estilo poda de ramos mortos que nunca por nunca se referiam ao cadaveroso Galamba.

Dou de barato a ausência de costa (e do Governo, e do Presidente)na homenagem aos mortos do fogo de Pedrogão. Não teráo sido convidados, dizem-me e portanto aproveitaram o dia para outras e mais salutares ou desportivas ocupações.

É com eles. Seguramente os mortos que estão cuidadosamente enterrados não ficaram ofendidos, é provável que os vivos também não tanto mais que agora, à pressa surge a hipótese, desta feita sim”, de uma verdadeira homenagem.

Por mim, tal homenagem consistiria em acabar de reconstruir o que ainda falta e, já agora, de fazer tudo para evitara outra tragédia idêntica.

Ou como dizia o senhor Marquês de Pombal que o Demo tenha em seu santo seio, “enterrar os mortos e cuidar dos vivos!” 

E não ir a jogos de futebol que nada nos dizem para não ter de encontrar quem também nada nos diz...