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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

estes dias que passam 839

mcr, 26.09.23

Ouvido, visto e lido

mcr, 26-9-23

 

em princípio a “silly season” teria acabado há um par de semanas. Estamos em Setembro, o Outono chegou com pequenos chuviscos e menos calor e se é verdade que ainda se não veem castanhas, não menos verdade é que as aulas começaram, os professores mantem a sua irrequietude, a falta de médicos em certas zonas continua apesar do ministro não a ver. O cavalheiro que faz de ministro tapa com uma extrema loquacidade as falhas mais evidentes e as reclamações mais simples.  Dir-se-ia que o homem é uma espécie de “Cândido” mesmo que se duvide  que alguma vez tenha lido Voltaire.

Ver a criatura na televisão (e ele, julgando-se fotogénico, perde-se pela televisão...) com o ar de sr Feliz  ou de sr Contente, nem sei qual prefira, com um ar risonho e um olhar cheio de manhãs que cantam, é algo que já deixou de ser engraçado para apenas se tornar patológico...

Vista e ouvida também na televisãoo foi uma srª ministra que, à falta de qualquer espécie de comentário sobre o último livro de Cavaco Silva, disparou esta pérola: ele terá “convivido com o trabalho infantil”! ...

Esta política faz-se de tonta ou então é mesmo assim. O trabalho infantil conviveu com toda uma série de primeiros ministros da democracia ou com mais precisão: impôs-se a essa série de cavalheiros. Foi algo que chegou a parecer um atavismo da sociedade portuguesa e seria bom inquirir se , porventura escondido, ainda continua a cevar-se nas crianças pobres. 

Seria bom lembrar que antes de Cavaco, esteve Soares, pessoa que, como o anterior não deveria achar graça alguma a essa lepra social. 

E também não parece despiciendo recordar que mesmo sem trabalho infantil visível (notem bem: visível) há por ai muita pobreza infantil escandalosa. Não sei a referida ministra, sem argumentos contra Cavaco, sofre também da acentuada miopia do seu colega da saúde , ou se entende o jogo político como uma troca de actos mesquinhos. 

 

No rescaldo das eleições madeirenses, as declarações atingiram alturas insuspeitadas. Nem vou referir as atrapalhações do sr Montenegro que parece ter ido por sapatos de defunto para cavalgar uma vitória que, de facto, foi evidente, robusta e, no continente teria dado uma maioria absoluta.

O principal representante nacional  de um partido que manteve um deputado na Madeira decidiu que isso foi uma grande vitória ao mesmo tempo que salientava que o resultado do PPD/CDS era uma derrota.  Ou o cavalheiro não sabe sequer aritmética ou não percebeu que o partido vencedor era  21 vezes maior que o seu... 

O representante do PS, que averbou uma estrondosa descida e perdeu todas as câmaras que anteriormente ganhara, esforçou-se por reafirmar que uma coisa era esta eleição regional, outra a eventual futura eleição nacional. O sr de La Palisse não diria melhor mas ficou por analisar a que se deve tal tombo eleitoral. E mais uma vez, lá veio a cantilena da perda da maioria absoluta. Também aqui conviria lembrar que a coligação vencedora perdeu um mandato enquanto  o PS perdia nove. Assim se explicam os  ganhos do Chega, do JPP bem como o regresso do BE e do PAN  a entrada da IL. Como também se afirma que o regresso do PAN é o resultado do deputado perdido pela coligação, temos que o PS alimentou o Chega, a IL, e o JPP. Basta fazer contas. 

A CIP propôs um 15º mês na condição de não ter também (convém acentuar este também de pesadas e caras consequências) de pagar os respectivos impostos. 

A menos que a minha aritmética elementar devida aos meus queridos professores primários de Buarcos esteja errada, haveria para todos os trabalhadores abrangidos pela medida um claríssimo ganho  e mesmo uma pequena boia salvadora para o mar revolto da inflação que nos atormenta.

Pelos vistos o Governo fez “ouvidos de mouco” e nem sequer perdeu um minuto a rentar perceber, quanto mais discutir, a proposta. O argumento que só dialoga dentro dos limites da concertação social é risível, pouco verdadeiro e mais parece uma fuga em frente. Bem que a medida só funcionasse durante estes tempos conturbados...

Parece que saiu um livrinho para crianças escrito em “linguagem neutra” conforme umas regras vindas sabe-se lá de onde. O dr Marques Mendes, afirmou que, mesmo sem ler essa obra maior da novlingua que uma minoria pretende impor, iria comprar a obra para dar aos netos. Pelos vistos, o ilustre candidato a candidato soube que um grupo de palermas teria irrompido pela sala onde o livro era apresentado  uivando dislates de toda a ordem. Isso bastou para passar um atestado de obra prima ao livrinho. Recomenda-se ao comentador que leia os livros antes de os propor. 

O partido Siriza que tanto emocionou algumas senhoras do BE, tem vindo a perder eleição sobre eleição. Nas últimas registou 2% dos votos. Vai daí contratou para presidente um ex quadro superior do banco Goldman Sachs, multimilionário, actualmente armador que promete levar a agremiação ao caminho da glória. Note-se que na eleição interna este cavalheiro esmagou uma candidata da antiga e quase desaparecida ala tradicional.  A Grécia sempre a inovar...

Aqui ao lado, em Espanha, o sr  Pedro Sanchez, dirigente do PSOE derrotado há mrss pelo PP com uma forte diferença de votos e de deputados prepara-se para tenar a investidura com os vtos dos nacionalistas catalães cujo único objectivo é, como dizia um amigo meu, catalão e jurista reputado, “libertar a metrópole catalã das suas colónias espanholas”

A Espanha, entre outras estranhas práticas constitucionais admite nas eleições gerais partidos regionais, permite o empréstimo de deputados para que partidos minoritários possam formar grupos parlamentares, aceita que em certas regiões a língua local se substitua à nacional e seja factor preferencial inclusive para se apresentar uma candidatura a bombeiro profissional ( o fogo tem clara preferência pelas línguas “nacionais” regionais...). além do que para prevenir o nacionalismo separatista inventou um enxame de autonomias sem par na Europa e sobretudo caríssimas e pouco eficazes. 

Esta tentativa da actual direcção do PSOE choca com uma boa parte da velha guarda do Parido (Felipe Gonzalez incluído) vai expulsando antigos dirigentes discordantes  e sabe, depois de várias sondagens recentes que se agora houvesse eleições, o PP aumentaria o número de deputados em mais doze o que lhe daria uma folgada maioria absoluta. 

Já no meu tempo, se falava de um “labirinto” espanhol e bastou-me andar por lá e falar duas das três línguas em questão (galego e catalão) para perceber um par de coisas, sobretudo esta: tais línguas usadas como arma de arremesso contra o odiado castelhano são rapidamente esquecidas quando se trata de fazer negocio com estrangeiros. De facto ninguém se dá ao trabalho de aprender basco ou catalão para viajar ou negociar. São raros, contam-se pelos dedos da mão, os escritores, bascos, galegos e catalães, que proíbem a tradução dos seus livros  em castelhano, ou seja, e para citar Camilo José Cela, em espanhol. Cá em casa moram algumas dezenas de títulos em galego e catalão, quase todos de poesia e posso afirmar que não foi tarefa fácil encontra-los nas respectivas regiões de origem. 

 

Final: na última semana, o sr Presidente da república não fez nenhuma declaração estrondosa. Teme-se pela sua saúde.