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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

estes dias que passam 838

mcr, 20.09.23

Excessivo, Watson, absolutamente excessivo

mcr, 20-9-23

 

Nunca votei no sr. dr. Marcelo Rebelo de Sousa. Isso me basta para não me sentir responsável pelo que Sª Ex.ª diz ou faz. 

Na última semana, verifiquei mais uma vez o acerto do meu voto, melhor dizendo do meu não voto nele.

Não sou um moralista, muito menos sou avesso a um decote feminino, bem pelo contrário. Vejo, observo com a possível, mas voluptuosa,  discrição, tento guardar o que posso na memória e passo adiante. Sem comentários não porque obedeça a ditames do actual politicamente correcto mas apenas porque nunca fui adepto do piropo e muito menos sou adepto de embaraçar qualquer pessoa, no caso, mulher. 

É por essa, e apenas por essa, razão que me confrange a frase sobre a eventualidade de uma bela jovem poder apanhar um gripe dada a quantidade de seio a arejar

É-me indiferente o facto de a jovem querer exibir-se.  Está no seu direito mesmo se isso possa causar observações menos discretas. 

No caso, e como José Miguel Júdice, houve um MRS gracejador a debruçar-se sobre o ombro do Presidente da República. E este, pelos vistos, não se importou. Ou importou-se tardiamente, o mesmo é dizer que o mal estava feito e Inês era morta ...

E bem sei que, por cá, este tipo de piadas (que o não são ou sendo-o não passam de graçolas), cai no goto de muita gente. Basta ver como um cavalheiro da minha idade veio justificar alegados atropelos e vária actividade de assédio sexual, com hábitos em vigor quando era menino e moço. Nem sequer reparou, nesta improvisada e malograda defesa, que o que mais se criticava era a posição das alegadas vítimas sujeitas por razões diversas à sua influência e poder. 

Um Presidente da República nunca está sozinho e em público deve evitar qualquer acto ou rase que possa ser mal interpretado. Deve lembrar-se que hoje em dia há um claro e, por vezes, pesado escrutínio popular de todas as suas acções.

Se, como é o caso, tem por hábito expor-se  a delicadas misturas com os cidadãos seja por uma selfie, seja por uma conversa inocente, há que vigiar-se cuidadosamente porque, na pele de alto magistrado político, não é o cidadão que também é que está em foco mas a figura institucional e circunstancial que representa. 

Este suelto sobre um belo seio que se mostra não foi caso único. Basta recordar o caso da senhora avantajada em carnes que "poderia partir a cadeira em que se sentava". 

com a agravante, no último caso de nem sequer a frase poder ser tomada como elogio... 

Todavia, não apenas  este o aspecto em que as declarações do sr. Presidente suscitam alguma surpresa. Depois de uns meses em que algumas (mas não poucas) declarações  pouco amáveis sobre matérias e casos da estrita esfera do Governo, eis que, subitamente, como se houvesse mudança de rumo a 180 graus, o mais alto magistrado da nação se desdobra em elogios a futuras actuações do Governo mesmo se estas em pouco ou nada pareçam servir os cidadãos ou a sociedade em geral. Dir-se-ia que, antes mesmo se conhecerem objectivamente os prós e os contras de um par de propósitos apenas anunciados. 

Da guerrilha a que penosamente fomos obrigados a assistir parece que, pelo menos de uma das partes se passou à cumplicidade com actos futuros e desconhecidos! 

Com uma curiosa agravante: é que o Governo nem sequer se dá por achado com esses possíveis elogios (se é que não se trata de requintada ironia...)

E só não opto por esta hipótese só aflorada entre parêntesis,  porque se trata de algo demasiado remoto e pouco crível.

Direi que em qualquer dos casos,  há um excesso de verbosidade presidencial que em nada serve os interesses das partes ou a causa pública. 

Para além de poderem parecer um caso de pensamento errático, coisa a que o doutor Marcelo Rebelo de Sousa, analista político frio mas contundente, nunca nos habituou. 

Mas que tudo isto é, ou parece ser, surpreendente, não suscita quaisquer dúvidas.

E aqui para nós, muito à puridade, de nada nos serve ou conforta. 

 

 

 

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