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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

estes dias que passam 843

mcr, 10.10.23

os fins, sejam eles quais forem, nunca justificam os meios

mcr, 10-10-23

 

Leio, entre espantado e desgostado, o título  (e já basta) de uma crónica de uma criatura que se sente incomodada para tomar uma posição. Melhor dizendo, a criatura é toda pró palestiniana mas a brutalidade dos acontecimentos e a prudência levam-na a um título em que se confessa desorientada. Não é preciso ler mais. Isto define o relativismo moral de quem parece incapaz de perceber que um crime é um crime seja qual for a identidade da vítima.

Desde os meus mais tenros anos o conflito Israelo-árabe tem-me acompanhado. Não recordo a independência (1948) mas li o suficiente sobre essa guerra para perceber que logo aí (aliás mesmo antes) havia exacções de ambos os lados. De todos os modos, à proclamação do Estado israelita seguiu-se imediatamente uma invasão concertada de vários vizinhos árabes, alguns deles armados e trinados pelos ingleses. Foi um desastre para os invasores e sobretudo para um milhão de palestinianos que foram varridos  para as periferias jordana e libanesa. A operação levada a cabo pelo exército israelita chamava-se justamente "Vassoura de ferro" e está na origem dos famosos campos de refugiados  que no Líbano eram praticamente um Estado dentro daquele frágil Estado. 

A partir daí mas mais claramente nos anos sessenta, sucederam-se as guerras todas vencidas por Israel que foi sempre o agredido excepto durante a crise do Suez  quando chegou às margens do canal  de conluio com franceses e britânicos. 

É verdade que Israel tinha o claro apoio dos EUA mas convirá não esquecer e menos ainda menosprezar o facto de ter uma população incomparavelmente mais pequena que os vizinhos. Também tinha outra coisa: era, apesar de tudo um pais democrático no meio de um cafarnaum de tiranias corruptas. 

A cada investida árabe, Israel crescia, aumentava a sua superfície ao mesmo tempo que continuava a trair população vinda de toda a parte, desde russos até etíopes, sem falar nas minorias judaicas do Magrebe e do Médio Oriente que quiseram ou foram forçadas a integrar o novo Estado judeu.

Dos Estados Uidos e da poderosa cominudade judaica aí instalada veio-lhe o dinheiro, a pressão interna sobre o governo americano  a que rapidamente se juntou uma política educacional de altíssima qualidade que transformou radicalmente aquela região pobre e desolada. Industrial e agricolamente como se sabe. 

quando os árabes perceberam que os seus pesados, caros e ineficazes exércitos nunca conseguiriam ganhar um palmo de terreno antes perdiam largos quilómetros quadrados, começaram a aparecer os pequenos grupos "terroristas" que levaram a cabo algumas operações sinistras, desde desvio de aviões civis até ao ataque à aldeia olímpica de Munique e ao assassínio dos atletas  israelitas. 

Já nessa época, um amigo meu, italiano, pertencente a uma minúscula organização radical (Stela Rossa) não sabia que partido tomar. E já nessa altura, passam 50 anos!..., afirmei-lhe que aquela acção não só não resolvia nada mas também tornava mais frágil a causa palestiniana. O resultado desse assassínio colectivo foi não só um maior isolamento dos palestinianos mas também a execução rigorosamente levada a cabo pela Mossad de todos os implicados na ocupação dos aposentos dos atletas.

Israel continuou a ser atacado e a aumentar o território mormente à custa da Jordânia que era uma espécie de guardiã da "Transjordânia" terra em princípio palestiniana. E só desistiu do Sinai quando percebeu que aquela ocupação era cara, desnecessária e fomentadora de uma feroz oposição egípcia.

Todavia, ocupou Jerusalém, transformou a cidade na sua capital, e dedicou-se a mermar os bairros árabes mesmo se parte da modificação da população fosse por compra direta de casas (operação que, mesmo durante a ocupação inglesa, perpetrou em muitos territórios que incautos ou sôfregos proprietários árabes sem dificuldade venderam.)

Também recordo uma invasão do Líbano e a consequente ocupação de dois campos de refugiados palestinianos de Sabra e Chatila permitiu aos falangistas libaneses massacrar um número indeterminado de civis que poderá chegar a cerca de três mil .  A tropa israelita permitiiu entrada de homens armados dessa milícia que, na altura vingava a morte do presidente do Líbano, Bashir Gemayel, cristão maronita e líder da Direita morto com mais duas dúzias de fieis, num atentado atribuído a palestinianos.

Nessa altura, algumas pessoas, em que me incluía eu, condenaram sem apelo nem agravo Israel quanto mais não fosse por cumplicidade.

A história do terrorismo mundial nao começou com este conflito, antes é uma antiquíssima prática e quase sempre não beneficiou os partidos referência dos fanáticos homicidas e bombistas.

Nos meus anos de juventude, foram muitas as situações em que o fanatismo cego, surdo e quase sempre imbecil e criminoso deu azo a situações que embaraçaram, fragilizaram a Esquerda. Na maioria dos casos, as pessoas tinham forte escrúpulo em criticar quer as Brigate Rosse, quer a Action Direct ou a Rote Armée Frktion. Todos estes grupos, sobretudo o primeiro, italiano, causaram tremendos prejuízos para os progressistas italianos, o PCI, os Sindicatos e até dirigentes burgueses  ( o caso Moro foi exemplar...). Direi mesmo, arriscando-me, que a Esquerda Italiana  jamais se recompôs. E o resultado é o que se vê.

Este  enorme atentado do Hamas que terá mais de 15oo vítimas quase todas civis, maioritariamente  idosos, jovens, mulheres e crianças poderá mostrar que o grupo terrorista que tem como refém a população de Gaza, pode num momento mostrar especial cuidado na criação deste episódio. 

Para já, deu também uma ajuda preciosa a Netaniahu e à extrema direit israelita que estava na corda bamba graças à imensa oposição cidadã que nas ruas mostrava uma crescente força. Era no seio dessa multidão protestatária que estava, mesmo que débil, a hipótese de um qualquer acordo com as autoridades palestinianas.

Hoje tudo isso, está arruinado. O sangue chama o sangue, trezentos mil reservistas bem preparados e melhor armados chegaram às fileiras e tudo indica que Gaza será arrasada. E se ainda o não foi é apenas graças ao facto de haver entre cem e duzentos raptados pelos invasores que rebentaram com a "muralha de aç (nome amaldiçoado desde aqueloutra célebre muralha portuguesa nos idos de 75...)  e cevarm a sua sede de sangue nos miúdis que estavam num festival de música. Acto heróico que ficará nos anais.

Seja qual for a posição política de cada um,isto o wue se paou foi penas uma crime e não h´causa alguma que o justifique. Dizer que Israel também tem culpas é um insulto à inteligência e à ética. condene-se e bem Israel pelo que fez ou faz mas não se deixe passar em claro o que aconteceu. 

Já começaram os bombardeamentos de Gaza e  se alguma certeza há é que as vítimas irão contar-se por milhares ou dezenas de milhares, civis e militantes do Hamas. É bom recordar que estes tem os seus escritórios, quartéis, depósitos de armas e refúgios em prédios indiferenciados que, nos andares superiores albergam famlias que nada tem a ver com os que os transformaram em reféns. 

Tenho a certeza que boa parte dos elementos que atacaram Israel serão apanhados e executados. O mesmo ocorrera cim as chefias politico-ilitares. É provavel que Israel perca muitos dos raptados mas tenho por quase certo que Gaza ficará irreconhecível. Para já está cercada, sem água, electricidade, alimentos.  Tenho por quase certo que o mundo árabe,  para além de protestos pro forma, de algum corte de relações diplomáticas, não moverá um dedo  e não enviará um soldado para defender os "irmãos" de Gaza. É muito provável que o Egipto não abra a fronteira ou então fa-lo-à a conta-gotas . De resto, as autoridades egípcias não apreciam (isto é um eufemismo) os heróis do Hamas. O único aliado plausível é o Irão que está longe e que não colhe simpatias de nenhum Estado árabe, bem pelo contrário.

Aqui, e até este momento, só Bibi Netaniahu  ganhou qualquer coisa e mesmo essa há de lhe custar caro se justiça houver neste mundo.

As raparigas e rapazes portugueses que já manifestaram directa ou indirectamente a sua aprovação por esta nova forma de Jihad islâmica, estão como de costume isolados mesmo se a berraria que lhes é própria se ouça aqui e ali.  

Politicamente estão moribundos e eticamente fedem.