estes dias que passam 856
mcr convoca o sr. Miranda (não o Jorge mas o Sá) e relembra s os seus longínquos tempos de liceu
numa sexta feira muito black friday aos 17 de Novembro e em vésperas de completar - se tudo correr bem- oitenta e dois anos de pastor que não serviu Labão nem nenhum outro senhor
“Não me temo de Castela
D’onde guerra inda não soa,
Mas temo-me de Lisboa,
Que ao cheiro desta canela
O reino nos despovoa.”
Não me temo do IUC
parido nado morto
mais me espanta o truque
de fazer do direito torto
Ainda há poucos serões
era uma forte certeza
bastam as eleições
para ir na correnteza
Entre Sá de Miranda e o cronista não há escolha possível e para o provar bastam duas quadras de pé quebrado. Há porém notícia do poeta ter e a quinta de Souto Maior no extremo Sul de Buarcos, situada entre os Quatro Caminhos e a zona chamada do Viso ou mais propriamente bordejada por uma ribeira que depois foi atravessada pela Ponte do Galante.
Nesses terrenos, propriedade de um avô do poeta ergueu-se mais tarde (sec XVII ou XVIII?), um baluarte para cruzar fogo com a fortaleza de Buarcos e o forte de Sta Catarina que defendia o acesso ao Mondego. Mais tarde ainda, a quinta terá sido comprada por um rico emigrante nos Brasis que tomou o nome da propriedade e nela fez erigir um palacete ao estilo francês que ainda hoje subsiste. Boa parte dos terrenos confinantes com a praia foram ainda durante algumas dezenas de anos uma mata de recreio com um parque infantil mas hoje está tudo está burramente urbanizado com prédios de apartamentos de férias vazios boa parte do ano. O baluarte, dito fortim de Palheiros ainda subsiste sem uma indicação sobre a sua origem e funções provando à evidência que o município local ou desconhece a história ou se está marimbando para ela.
Louvando neste feixe de eventuais memórias históricas, o cronista aproveita Sá de Miranda para demonstrar que à vista de eleições desvanecem-se todas as teorias ambientais inventadas por Fernando Medina apoiadas pelo inteiro Governo, na altura em plenas funções, e faz-se tábua rasa dos anteriores argumentos,
Só por má vontade (o costume...) do cronista é que este afirma que o pânico pela fuga de votos dos proprietários de 1,300.000 veículos anteriores a 2007 , influiu naquele abandono da medida.
Claro que o porta voz parlamentar do PS apareceu para dizer que os deputados da ainda actual maioria apenas estão a zelar pelos interesses dos portugueses mais desvalidos e que, desde sempre, havia no grupo parlamentar socialista a firme determinação de abalroar sem dó nem piedade aquele imposto encoberto fruto da imaginação perversa do sr.
Medina, aliás, apareceu com um sorriso asiaticamente amarelo, atirando a bola para canto: que seria o grupo parlamentar a decidir a sorte dessa salvífica medida ambiental que apesar de ecológica o não salvou de um copo de tinta arrojado por uma corajosa guerrilheira salvadora do planeta.
Os condutores de carros velhos (velhos mas não "antigos" e chic...) já poderão fazer as pazes com o PS e lorpamente voltar a presenteá-lo com mais uma maioria que, se for absoluta lhes cair em cima com mais acinte para a próxima vez.
Não há nada como as eleições para demonstrar a solidez dos princípios e a coerência das hostes partidárias. Isto vai ser um fartote até ao dia de ir meter o papelinho na urna.
É que ao cheiro da canela inebriante do poder tudo se despovoa a começar pelo bom senso e a acabar pelos princípios, pela famosa e nunca suficientemente invocada ética republicana.
Creio poder adiantar que os partidos da Esquerda vão acusar o PS de conluio com uma Direita que não é a do PSD mas tão só do capital . Quanto ao PSD irá ser acusado de querer vir a governar conluiado com os "fascistas", obviamente os do Chega que afiam a dentuça na esperança relativamente forte de aumentarem votos, deputados e influência.
Como as coisas agora vão ser mais à séria é provável que se assista ao inglório desaparecimento do LIVRE e do PAN ( o primeiro mais seguramente que o segundo...) O voto útil espreita por todos os lados e o Livre de facto não adiante nem atrasa o relógio da História.
Especula-se sobre uma tímida ressurreição do CDS em territórios que terão de ser reconquistados aos liberais e ao aventureiro Ventura.
Convenhamos que ao fim de uma curta viagem da maioria absoluta que andou sempre aos baldões das demissões, dos actos falhados, das más escolhas de responsáveis políticos, de pequenos e médios escândals, um acto eleitoral poderia ser a limpeza das estrebarias de Áugias mas temo bem que tal não acontreça. À uma por hábitos enraizados vícios ancestrais e por outro lado porque já ninguém se ocupa de cultura clássica e menos ainda dos mitos heraclianos ( de Hércules senhores deputados, de Hércules...) .
Entretanto, como para anunciar o fim de mais uma época, o sr. Presidente da Assembleia entendeu vir requerer ao STJ rapidez no inquérito ao dr. Costa e, ao mesmo tempo, carregando na voz, exigir explicações à sr.sa Procuradora Geral da República.
Desconheciam-se estes fartos conhecimentos jurídicos da 2ª figura do Estado ou sequer que fazia parte dos seus deveres constitucionais agir enquanto advogado oficioso do ex primeiro ministro que, à cautela, se manteve por uma vez calado que nem o ratinho da fábula.
Entretanto e para nos distrair da vitoriosa campanha futebolística da "nossa selecção" eis que os noticiários se espojam nas futuras eleições do PS, relatando as adesões a X ou a Y de todo o bicho careta que se agita dentro da organização aproveitando os fogos fátuos da actualidade para, só por uma e única vez, mostrar "quem é quem" lá dentro.
O jornal Público de hoje, sexta feira, raça um retrato rigoroso e surpreendente do ex melhor amigo, homem pelos vistos de múltiplos talentos, múltiplos cargos e imensos contactos. Não percam.
Sobre isto eu atrever-me-ia a voltar a Sá de Miranda
Como eu vi correr pardaus
Por Cabeceiras de Basto,
Crecerem cercas e o gasto,
Vi, por caminhos tão maus,
Tal trilha e tamanho rasto,
Logo os meus olhos ergui
E disse comigo assi:
Se Deus nos não val (e) aqui,
Perigoso imigo corre...
e sempre à sombra do poeta antigo me despeço desejando-vos bom fim de semana
* ao relembrar esses anos de juventude, quero recordar que foi em Braga onde padeci uns meses no chamado "internato" anexo ao liceu, que soube de Sá de Miranda graças um grande professor de Literatura chamado Feliciano Ramos (autor de vários ensaios importantes e de uma "história da literatura" de grande qualidade) Foi nesse anos que me estreei frente à polícia que me sovou o lombo julgando que o miúdo que fugia era adepto de Humberto Delgado. Não era mas depois das cacetadas passei rapidamente a sê-lo...