estes dias que passam 896
Águas de Março
mcr, 26-3-24
"são as águas de Março
fechando o" Inverno
Os leitores/as permitirão que adultere a letra da bela canção criada por Elis Regina sob poema de tom Jobim (anos setenta) pois, de facto estas águas agora caídas e que durarão, diz-se, até à Páscoa.
Se, de facto, é verdade que o dr. Aguiar Branco falhou a eleição para Presidente da AR, temos que as probabilidades de novas eleições crescem fortemente.
É que parecia haver um acordo tácito quanto a este político segundo o qual o Chega votaria a favor. Pelos vistos absteve-se, votando em branco como os deputados do PS.
Assim sendo, a guerra civil larvar na AR começa logo no primeiro dia mesmo que em segunda votação o candidato do PSD consiga a eleição.
Eis como o Chega priva a sua força e objectivamente aparece ao lado do PS, coisa que, de resto, irá ocorrer por muitas vezes, senão todas.
O PC pode estar descansado pois não terá grandes problrmas com a sua moção de rejeição anunciada há dias mesmo antes de se conhecer quer a composição do Governo, quer o programa
(prodígios da política à portuguesa!...)
Continuando a usar o poema de Jobim, temos que estas chuvas afora surgidas prenunciam um Abril de águas mil e prometem um Verão curioso mesmo se ainda agora entramos na Primavera.
Por outras palavras a política a que iremos assistir nos próximos dias ou semanas não vai ser uma seca, bem pelo contrário.
Luís Montenegro iria (ou ainda vai) herdar um superavit bem mais gordo do que as contas trapalhonas do anterior governo indicavam.
Ainda estou para perceber como é que um partido responsável começou por prever um déficit de 0,9 (out 22) corrigido em Abril de 23 para 0,4 e novamente alterado (out 23) para 0,8. Nada disto estava certo porque afinal o excedente (excessivo segundo César!....) atinge 1,2%!....
Convenhamos, recorrendo sempre à metáfora das águas de Março (e dos anteriores muitos meses) que estamos perante uma inundação de grandes dimensões mesmo se do ponto de visto do investimento público e da despesa do Estado a seca tenha sido no mínimo severa.
Os cidadãos, pelo menos os que vagamente se interessam pela gestão da coisa pública, perguntam-se que credibilidade devem conceder a quem andou perdido e desorientado nas finanças públicas.
O sr. eng, Guterres que também navegou em águas tumultuosas durante os seus mandatos, resolveu depois de uma aventura articulada com um senhor deputado apelidado 2o do queijo limiano" deixar as suas funções porque não queria passear-se no "pântano".
Isso permitiu um curto consulado do PPS que Santana Lopes rebentou com, de resto se esperava. E deu lugar a Sócrates esse famoso cavalheiro que deixou o pás (já não " de tanga" como Durão afirmaou mas nú no meio do deserto. Lá vieram os da troika, lá veio Passos Coelho (que por acaso ganhou duas eleições mesmo se a última ruiu perante uma extraordinária "geringonça" arquitectada, justo é recordá-lo, por Jerónimo de Sousa que na noite em que costa se mostrava de luto o ressuscitou) e durante estes últimos oito anos o país andou devagar, devagarinho, a disparar todas as suas desventuras sobre o anterior governo e a finalmente perder uma maioria absoluta do modo mais surpreendente mesmo se o número de tropeções de casos e casinhos (e "casoes"!) demonstrasse que algo não funcionava.
E este ponto leva-nos ao eguinte, a este último conselho de ministros a que o Presidente da República presidiu e que deu lugar a um espantoso numero circense em que Costa elogia "a relação fluida e solidária" e Marcelo, pelos vistos, aceitou risonho.
Alguém veio dizer que estamos perante dois "jogadores" de elevado gabarito. Se o jogo se chamar hipocrisia estou de acordo.
Na televisão comentadores não se entendem sobre a quem devem atribuir a "quebra" do acordo Chega PSD . Desculparão os leitores e leitoras mas a abstenção do PS acaba, como a mulher de César (o verdadeiro não aquela criatura que nos veio do anticiclone dos Açores) por "parecer mesmo que o não seja.
Ninguém, nem os partidos, esperava esta "coligação negativa" . Não será a única podem estar certos. Este parlamento andará (se durar) a navegar à mercê de ventos que provavelmente desconhecem e seguramente não sabem contornar.
Já alguém pensou no que, neste momento, se dirá na Europa sobre mais esta tropelia portuguesa. Como é que Montenegro sai na fotografia? Como é que Costa, ansioso, por um lugar europeu, aparece agora (pois ninguém ignora a influência que ainda tem no PS) vai ser olhado?
(em tempo: não conheço, não deverei alguma vez conhecer, o dr Aguiar Branco. Verifico, neste exacto momento que vai voltar a candidatar-se. Algum mérito tem pois a primeira reacção previsível seria retirar-se para o seu lugar.
Alguém volta a referir o dr. Francisco Assis que, porém, me parecer ter sido peremptório na recusa de qualquer lugar de destaque na Assembleia. Todavia, com idade que levo, já vi suceder tudo. E mais não digo...
Finalmente, começa a perceber-se como é que o Chega se irá comportar.
Neste exacto momento, o PS indica que vai candidatar Assis... Volto a dizer: " e mais não digo",,,
*a vinheta: há 3o anos, por ocasião da Páscoa, ofereceram-me este pequeno guache.Hoje, apareceu-me sem vidro protector ,,, ignorando-se quem causou esse pequeno desastre. Como sou um péssimo fotógrafo a iagem é bem pior do que o original mas quis celebrar uma dar redonda. E a praia da Apúlia é seguramente mais bonita do que o "pantano acima descrito.