Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

estes dias que passam 916

d'oliveira, 19.06.24

A culpa morre amancebada com o cocheiro

Mcr, 19-6-24

 

Há muitos anos, já, ainda os meus parceiros de bridge estavam vivos, e eu estava atrasado para a nossa partida dominical, resolvi ouvir o conselho de umas vizinhas e comer o que elas muito gabavam no pequeno restaurante da piscina. Arroz de pato à antiga, excomungado seja!

E em poucos minutos, comida feita, companhia desfeita, parti para a sessão de jogtinna.

Ao fim de meia hora, senti um enjoo que só me deu tempo de sair da mesa e correr para a casa de banho. Não alcancei o meu objectivo e vomitei todo o corredor da casa dos amigos que me acolhiam. Um horror! 

Fui para casa e durante di e meio nem saí, de tal  modo me sentia doente. 

Ao segundo dia arrastei-me até ao quiosque, comprei o jornal e lá vinha numa página interior a notícia de uma série de pessoas acometidas do mesmo mal ou pior, visto que algumas tiveram de ser hospitalizadas.

A empresa gestora do restaurante jurava a pés juntos nada ter a ver com o incomodo intestinal de uma boa dúzia de vítimas, coisa que me indignou de tsl maneira que, pela primeira vez na minha vida fiz uma queixa em boa e devida forma. P

Passaram dias, semanas, meses enfim, dois anos. Lá compareci no julgamento e para pasmo meu a condenação recaiu num jovem ajudante de cozinheiro, i+ou seja no último de quatro ou cinco responsáveis (proprietário da empresa, gerente, chefe de sala, cozinheiro...) A minha pouca fé na justiça esfumou-se ainda mais.

 

Narro este episódio de há quase trinta anos, porque acabo de saber que o sr dr Cabrita, ex-ministro da Administração Interna foi ilibado pelo Tribunal da Relação. O trabalhador  mortalmente atropelado pelo carro onde Sª Exª viajava repimpadamente no banco de trás. O chefe da segurança do sr Ministro também foi considerado inocente. Resta o motorista que, porventura por seu livre alvedrio conduzia a mais de 140 km hora se é que me lembro ainda. 

A presença de trabalhadores na autoestrada estaria sinalizada e é sabido que, normalmente, os motoristas do Estado são cuidadosos e só carregam no pedal por ordem expressa dos seus superiores que andam sempre atrasados. Tive durante anos um motorista e recordo perfeitamente o cuidado com que ele respeitava o código da estrada. Conheci outros que conduziam colegas meus e era geral o respeito pela lei e pela segurança dos passageiros. 

Também é verdade que aos Ministro se atribui sempre um profissional experiente, com provas dadas. 

Todavia, dois tribunais nõ conseguiram encontrar indícios suficientes para apurar responsabilidades pelo que, forçoso será concluir que, naquele malfadada ocasião, o condutor se tomou por um Ascari (nome de um famoso corredor conhecido pela sua temerária velocidade e morto por causa dela)e ceifou o desgraçado alentejano que ainda por cima produziu forte estrago no automóvel do Estado. 

A família da vítima, os “cidadãos auto-mobilizados” os seus advogados  e muita gente, como eu, simples paisanos, estarão agora a perguntar-se de não seria melhor, pensar em multar o desastrado cidadão atropelado por maus tratos a uma viatura do Estado, além do susto que terá pregado aos ocupantes da mesma.  

 

Claro que sobra um motorista do Estado cuja sorte desconheço

Às tantas sucede-lhe como ao jovem ajudante de cozinheiro a quem alguém ordenara que servisse um arroz de pato à antiga que sobrara de um casamento do dia anterior...

1 comentário

Comentar post