estes dias que passam 917
Exercícios públicos de virtude
mcr, 22-6-24
ver os noticiários dedicados à comissão das gémeas começa a tornar-se uma tarefa pungente. Ver o cavalheiro Ventura esganiçar-se em perguntas, que ele pretende profundas mas que não passam de mera fancaria policial, é uma mau exemplo de fogachada de artifício inútil, pobre e de mais que duvidosas consequências.
eu nem sequer me vou preocupar com algo que já vai em três tremendos inquéritos e que for o preço do medicamento parece ter menos sumo do que um calhau rolado da praia.
É verdade que as bebés se tornaram portuguesas num abrir e fechar de olhos; também é verdade que aparecem (e aparecerão. ainda) umas personagens que poderiam dar aulas da velha especialidade portuguesa - a cunha (leia-se, à sombra ou não do acordo ortográfico
Também é verdade que, contra toda uma cultura e uma pesada tradição do SNS, o pistolão) as meninas foram pressurosamente atendidas e mais pressurosamente tratadas.
Parece, aliás tudo o indica , que não passaram à frente de ninguém.
Sabe-se que o "dr Nuno Rebelo de Sousa", filho de quem se sabe, terá enviado um mail ao extremoso pai descrevendo o drama de uma família que ele (Nuno) não conhece senão através de amigos.
Que lido sem especial atenção tal mail parece uma tentativa de cunha, são poucas as dúvidas. Não se conhece - até ao momento...-qualquer movimento do PR em prol da "recomendação" do filho
suscita pouca dúvida algum envolvimento do dr Sales, na altura Secretário de Estado, na rápida resposta ao pedido de tratamento das duas crianças.
que o directi clínico do Hospital à altura terá sabido do caso não é sequer uma dúvida. Mal andaria o Hospital se um tratamento deste preço se fizesse sem conhecimento da hierarquia.
Não se sabe (eaté à data nada se provou= se o dr Sales ou qualquer outr pessoa com responsabilidades reportou o caso à Ministra e o mesmo pode dizer-se de um hipotética intervenção do 1º Ministro
todavia , consta que a Comissão virtuosa e isenta desde o nascimento de todos os seus membros de qualquer simpatia por cunhas sejam elas quais forem, poderá entender na vertigem das más tiradas teatrais de que tem dado prova notória e trist poderá chamar estas personalidades a de por, anto mais que isso daria azo a que se chegue ao Presidente da República (velha pecha do Chega que não descansará enquanto não puder dizer um par de coisas ao "mais alto magistrado da Nação", já que o não pode acusar de traição à pátria imortal dos egrégios avós)
Já deixei os ensinamentos colhidos na Faculdade de Direito no caixote do lixo do esquecimento mas apesar de tudo vejo muito pouco futuro no inquérito do MP . Claro que pode sempre falar em favores (mas não em troca deles por qalquer outra cosa) em cheiro a abuso de poder mas daí até um processo vi uma distancia que eventualmente se mede em anos luz
No que a esta comissão parlamentar vai ouvir-se um chorrilho de vacuidades quanto à ética republicana mas pouco mais se poderá extrair deste fait divers que mobiliza pelo menos dois lideres partidários.
Não é de todo improvável que comecem a surdir à duvidosa luz do dia, histórias e historietas de "recomendações" de todo o género feitas pelas mesmas pessoas ou or outras próximas e influentes.
Quem nunca meteu uma cunha que atire a primeira pedra
Note-se que não há notícia de nenhuma comissão para analisar o grotesco caso influencer, o súbito aparecimento de escutas miseráveis e ridículas que ninguém percebe para que foram conservadas ao longo de vários e inúteis anos.
Sobre isso há uma promessa jocosa: o MP vai abrir um inquérito. Porém, a pergunta a fazer é esta: quando o fecha? com que formidável resultado?
Já agora que estou com a mão na massa, pergunto-me se não seria possível punir o órgão de comunicação social que desse a notícia de algo cujo conhecimento público é proibido.
Dir-me-ão que isso é matar o mensageiro e atentar contra a liberdade de informação mas aqui levanta-se a questão da recompensa (há sempre um preço ou a satisfação de um interesse privado ou político) ao informador.
De todo o modo, o que até ao momento resultou foi mais uma facada na perdida reputação do MP, da magistratura e, sobretudo, uma crescente desconfiança na Justiça.
E o mesmo se diga destas paródias ao venturoso Ventura
Ouvi-lo clamar virtudes dá para recordar a velha frase de Aquilino quando o quiseram julgar pela publicação de "quando os lobos uivam": quando os lobos julgam a justiça uiva!
Aparte que nada tem a ver com o que acima se escreveu: hoje o noticiário da uma da tarde deu os primeiros 45 minutos ao futuro jogo Portugal Turquia ouvindo tudo e todos, repetindo vezes sem conta as mesmíssimas vacuidades patrioteiras e mostrando multidões fardadas a preceito aos urros por Portugal. Tudo isso não torna a comissão menos surpreendente mas compreende-se que ela de facto exista. É Portugal a restaurar o seu antigo esplendor