estes dias que passam 920
vindma vindimada ?
ou
les jeux sont faits
mcr, 8-7-24
quem generosamente tem paciência para me ler, recordará que no s últimos dias (aliás desde o último dia de Junho) sei à estampa 2 textos dobre as eleições francesas. No primeiro (abd 624) afirmava que que até ao lavar dos cestos há vindima e deixava no ar uma esperança, a de um vitória da Democracia.
ao longo de muitos e muitos anos fui testemunha de várias peripécias franco-francesas e habituei-me a ver os franceses, conseguirem quase ao soar do gongo fechar um cordão sanitário contra o lepenismo. Devo dizer que essa receita, purmente defensiva, funcionou sempre pelo que os resultados de ontem não são tão surpreendentes como, apesar de tudo, eu temia.
As desistências da segunda volta funcionaram quase sempre e a Direita radical ficou em terceiro lugar.
Conviria pois, e desde logo, saudar esse frémito democrático que junto com os excelentes resultados britânicos, acabam por tornar a semana num momento feliz .
Todavia para além da vitória da "nova frente popular" (182 mandatos) a que voltarei, há a (apesar de tudo) forte resistênciadfo "macronismo & cia" (168 mandatos e um razoável 2º lugar numa eleição muito participada mesmo se anteriormente tibesse 250 deputados...)
é bom recordar que "Os repblicanos" conseguem apesar da traição do seu ex-presidente, obter 46 mandatos que, eventualmente, se poderão aliar ao restante centro, criando desde logo uma base para um novo fôlego.
Não é impossível tanto mais que, a coligação vitoriosa é, queira-se ou não, um albergue espanhol ou, melhor ainda, um saco de gatos.
Já aqui escrevi que Melenchon, que é apenas o líder de auto proclamada "frança insubmissa" (ela mesma uma aliança de varias sensibilidades) é criatura a quem ninguém de bom senso e conhecedor da história pregressa da criatura, se disporia a comprar um carro usado.
Aliás, a sua precipitada proclamação sem conhecimento nem acordo dos restantes parceiros, prova à evidência o oportunismo da criatura. É duvidoso que o PS que parece ressuscitar do profundo coma em que estava caído, o secunde cegamente, o mesmo acontecendo com os Verdes. E não é absolutamente improvável que o outrora poderoso PC o apoie sem hesitação.
Ontem, o dr Mendes disse na SIC que Macron foi o segundo perdedor. É uma opinião discutível mesmo se a sua host tenha perdido cerca de noventa deputados.
A pergunta que se deve fazer e (de que Mendes se esqueceu) é esta: Teria Macron legitimidade e forç para governar num tabuleiro saído das europeias?
Mais: será que o dramático terceiro lugar da srª Le Pen nõ lhe reita alguma capacidade para vir disputar daui a três anos as presidenciais? É que ao pôr o jovem Bardella a chefiar a campanha, a dama Martine estava a preservar-se para o ambicionafo cargo de Presidente, coisa que também Melenchon terá ousado pensar.
Curiosamente nos poucos comentários que apanhei nas redes francesas foram raros os que o propunham para primeiro ministro.
De todo o modo, uma "coabitação centro +esquerda ou parte dela, não dificulta medonhamente o papel do Presidente que, na constituição francesa dispõe de um imenso poder.
E lembraria uma evidência: depois de Sarkozi, condenado em tribunal e de Holande o motociclista clandestino (e ridículo!...) Macron acaba por ser não direi gigantesco mas largamente superior aos dois predecessores.
Entretanto também é bom atentar nm par de questões suscitadas na campanha a começar pelo custo tremendo de um conjunto de medidas que, à compita, foram prometidas pela Esquerda e pela Direita radical. Pelos vistos um deficit que facilmente vai até aos 5%, uma dívida pública colossal, a ideia de baixar a reforma dos 64 para os anteriores 62 anos parece deixar perceber que alguém embarcado num nouveau Titnic não se apercebe dos icebergues que lhe barram o caminho.
Agora, vários analistas portugueses entendem que o resultado destas eleições torna a Assembleia Nacional mais poderosa e central.Na verdade, a AN francesa sempre teve um papel destacado e não recordo nenhi, Presidente que sistematicamente a hostilizasse ou sequer que fingisse ignorá-la.
Todavia, ainda está tudo muito fresco e curiosamnete Macron, ao não aceitar a demissão do seu primeiro ministro parece querer dar tempo ao tempo, verificar a solidez das alianças possíveis e, sobretudo, a solidez da frente de Esquerda.
Os laboriosos (e cautelosamente sucintos...) acordos na NFP poderão ser, uma vez passado o perigo lepenista, postos em causa .
É caso para voltar a dizer que mesmo vindimada, a vindima não terminou .