estes dias que passam 930
os outros, sempre os outros
mcr,17-8-24
os outros são maus, mesquinhos, estúpidos, de direita de extrema direita, radicais de esquerda, da esquerda infantil, ultra liberais) incapazes politicamente, contra o povo e as classes laboriosas, ou contra o proletariado se ainda o houver, racistas, colonialistas, homofóbicos e tudo o mais incluindo traidores à pária.
Claro que, no debate político. ou naquilo que por cá corre com esse pseudónimo, h\a mais um milhar de variantes.
Repararão os leitores (se os há nesta época tão balnear e calorenta) que aquilo a que agora assistimos é apenas a desqualificação a outrance do Governo pelos vencidos (mas não convencidos) das últimas legislativas.
Não é novidade, apresso-me a dizer para não ser tomado por agente do Governo. apenas acontece que, com um governo minoritário, são em maior número e com os mais variados propósitos, as farpas atiradas contra o Poder.
Vejamos um par de exemplos:
o dr Montenegro anunciou a criação de dois novos cursos de Medicina. Logo o sr bastonário dos médicos veio uivar que médicos é o que mais há mas que estão mal aproveitados.
(se eu quisesse ser maroto, poderia afirmar que este cavalheiro fala em nome de interesses da classe nomeadamente na diminuição de concorrência. A mim, não me repugna um excesso de licenciados em Medicina ou então teria de citar o tremendo excesso de licenciados em ciências humanas, em direito para só citar dois casos onde pelos vistos não há numerus clausus) Obviamente, se de facto há médicos mais que suficientes conviria repensar as razões da sua falta no SNS. Retribuição insuficiente?, má organização hospitalar, falta de meios técnicos para acolher e tratar quem se dirige ao hospital?
Qual (já agora...) a razão do sucesso dos hospitais privados, a rapidez no atendimento e crescente procura destes serviços que, no entanto, custam bastante a quem a eles se dirige?
Já o sr Pedro Nuno veio desdenhar afirmando que a medida só terá efeito daqui a dez ou mais anos...
Todavia não se ouviu da parte dele a mesma crítica feita pelo bastonário. em que ficamos? há ou não médicos a mais? E como é que estão distribuídos? Porque é que no Norte se verifica uma quase total situação de urgências abertas?
O Governo anunciou um subsídio excepcional de 100 a 200 euros aos reformados, a pagar de uma só vez em Outubro.
Logo os costumeiros e alegados defensores dos pesionistas coitadinhos juraram que a medida é a) eleitoralista, b) insuficiente c) descontextualizada ou d) um penso rápido!
em relação a este último ponto vou tentar ver quantos pensionistas indignados se recusam a receber o cacauzinho.
E recordo que durante os precedentes anos outros governaram e não melhoraram especialmente ou de qualquer outra maneira a vida dos pensionistas.
Também aqui seria bom tentar perceber qual foi a vida contributiva dos trabalhadores ora reformados. Salários baixos levam a pensões baixas. Porém, salários baixos permitiram a milhares de empresas funcionar e criar emprego. Portugal é desde há muito (ou desde sempre) um país com pequenas e pequeníssimas empresas e, aí bate o ponto, continua a sê-lo. quando por milagre aparece uma empresa sólida ebem dimensionada são tantas as dificuldades (incluindo as burocráticas...) com que esta se debate que chega quase a parecer miraculoso o seu aparecimento e crescimento.
Mas sobre o tecido empresarial do país o debate ou não existe ou é quase nulo.
Aliás, não deixa de ser notável uma recente petição apresentada à AR para eliminar o trabalho aos domingos e feriados nas grandes superfícies. A mesma petição propõe que se diminua o número de goras de abertura nas mesmas empresas. A ideia qque parece favorável aos trabalhadores tem porém uma contrapoartida: a eliminação de emprego na ordem dos 20 a 30% do número de empregados. E para onde bão estes eventuais futuros desempregados?
Será que os peticionários sonham com a reabertura do pequeno comércio de rua que, em muitos casos, vendia produtos piores e mais caros? E onde se estabeleceriam essas eventuais e duvidosas lojas se não há locais acessíveis e a preço razoável?
Gostaria de salientar, mais uma vez, ue não sou dos que embandeiram em arco com as propostas do Governo actual como de resto também não dei pulos de alegria com toda uma série de medidas do anterior e longo governo de António Costa.
Assisto com escassa ou nenhuma surpresa aos gritos de indignação com a situação de centenas de milhares de imigrantes que se acumulam às portas da AIMA para obter dois ou três papeis que, provavelmente, a Iunta de freguesia poderia (ou deveria poder) emitir.
No meio disto tudo, aquela ajuntamento de patriotiros parvos e ignorantes quer um referendo sobre a imigração. sto num país de ondem saem anualmente 50.000 jovens e onde falta mão de obra para quase tudo o que do campo, do interior ou mal pago (ou as três coisas juntas)-
Consta que o seu líder (ou patrão ) tem um curso superior e, mesmo, um doutoramento. Por muito pouco que, actuualmente, estas referências académicas valham ( e cada vez valem menos e significam menos) custa pensar que aquela gente (que só pensa pela cabeça do cabecilha) não tenham ainda reparado que sem imigrantes isto vai ao fundo.
Os leitres recordarão que a crise dessa malfadada instituição que trata (mal) dos imigrantes sucedeu ao SEF. E sucedeu porque um ministro paspalhão e um governo desnorteado não conseguiram resolver um problema infame mas simples (o homicídio de um desgraçado imigrante ucraniano que só queria trabalhar cá). A experiência acumulada pelo SEF e a eventual rapidez com que resolviam situações de acolhimento foram deitadas para o lixo e criou-se uma coisa pomposa que mete água por todos os lados e que, diz-se, vai sofrer um par de greves nos próximos dias. em países menos dóceis aquilo já teria sido invadido meia dúzia de vezes por gente que espera e desespera e provavelmente haveria um par de funcionários espancados.
Mas não, as bichas repetem-se diariamente, os pobres desgraçados maldizem a sua sorte e agora apanharão com uma greve de funcionários eventualmente cansados!
Isto das greves a propósito ou a despropósito começa a ser doentia sobretudo na ferrovia, ou seja na cp que só tem 17 (dezassete!!!) sindicatos. Basta um para parar tudo e com quase dúzia e meia a coisa é simples e bastam pequenos acordos para dezenas de milhares de trabalhadores suburbanos perderem horas e dinheiro e tempo, muito tempo, graças às paragens constantes de algo que n\ao tem conserto possível enquanto tiver o monopólio do transporte ferroviário.
Alguém entretanto veio acusar o Governo em funções (o que não significa exactamente funciona, ou pelo menos funcionar adequadamente...) de querer promover a alternativa privada porque terá havido uma eventual redução do número de comboios a comprar!
Convenhamos que comprar locomotivas e carruagens para estarem paradas demasiadas vezes não faz sentido nenhum.
Estamos no Verão pelo que tudo isto , este pequeno bulício, pode não querer dizer nada. A estação é a silly seadon pelo que resta-nos aguardar por mais semanas e meia.
E para fechar com o bouquet final e estafado do costume eis que acabo por saber que o sr Presidente da República se acolheu a um modesto hotel de três estrelas em Montegordo para. ao que parece, sentir o povo perto. Que lhe preste...
E que aproveite o mar quente que este ano está a dar forte e feio.
(este post sai mais remendado do que devia ser permitido mas tenho andado uma roda viva que só terminará hoje à tarde, altura em que irei apanhar mais um par de injecções nos olhos. Não é petisco que deseja a quem quer que seja mas é o está a dar...)