estes dias que passam 931
Ligar o complicador
(usar o estupidificador...)
mcr, 26-8-24
Viver no Porto não é sempre coisa fácil. Os cidadãos bem que fazem pela vida mas a Câmara Municipal saudosa dos bons velhos tempos em que mandava e desmadava o pópulo ingrato e insubmisso, tem por norma complicar-lhes a vida.
Desta feita, poucos anos depois de ter gasto rios de dinheiro a arranjar a Avenida da Boavista, entenderam "eles, os camarários" mancomunados com as gentes do Metro voltar a rebentar com a única avenida relativamente ampla da cidade e meter-lhe no meio um "metrobus, ou seja uma espécie de autocarro a mover-se em via dedicada que sai da rotunda da Boavista e desemboca na rotunda da "anémona" em Matosinhos e, paralelamente usar a avenida Marechal Gomes da Costa fazendo também por ali passar o referido metrobus. A coisa terá o aspecto de um Y e neste segundo eixo tambem entenderam as temíveis criaturas camarário-metrobusistas destruir um arruameto que era um dos mais bonitos e aijardinados da cidade.
Convirá dizer, para quem não tem a azar de viver na cidade "invicta" que quer o percurso em Marechal Gomes da Costa quer o último troço da Boavista servem residências luxuosas ou ainda prédios de andares a preços classe média alta ou muito alta.
A meia da venida da Boavista, está a zona dita do "Foco" nome popular dado a um bairro constituído por seis blocos de prédios e quatro torres entre os dez e os dezoito andares para além de uma igreja, um hotel e uma edifício também de escritórios a que no prazo de dois anos se juntaram duas dúzias de moradias de alto (altíssimo !...) preço e de pelo menos um prédio frente à Igreja (serão mais num futuro não muito longínquo a ladear uma boa centena de metros da Avenida com previsíveis densidades bem altas).
O referido e mal denominado bairro do foco agrupa quatro centenas de habitações extremamente amplas com um jardim ao meio. Há também duas galerias comerciais e um hotel desactivado que em projecto será requalificado para mais umas dezenas de amplos apartamentos
Poderá falar-se sem qualquer exagero numa concentração de alguns milhares de pessoas incluindo, empregados de escritórios, de lojas, cafés, restaurantes que por sua vez atraem um número apreciável de visitantes diurnos e nocturnos.
Este conjunto está em vias de ser classificado (e muito bem) com de interesse municipal dada a alta qualidade da arquitectura e da construção. o conjunto é servido por três arruamentos de boa dimensão, além da rua que lhe serve de ligação à avenida da Boavista e que também ela está preenchida por uma dúzia moradias, além das três ligações à zona do estádio do Boavista também ela cm prédios de habitação de dimensões mais reduzidas, algum comércio e duas escolas secundárias.
Do bairro em questão saía-se para a Avenida por uma ampla rua com três pistas: uma de entrada e duas de saía para poente e nascente. Esta última implicava obviamente o atravessamento da avenida.
Subitamente, num envergonhado sábado de Agosto, apanhando moradores e visitantes em férias, eis que as duas saídas para a Avenida se destinam unicamente ao lado poente.
Esta direcção é justamente a que é (muito) menos usada pelos moradores que terão na sua imensa maioria os seus empregos nas zonas mais centrais da cidade.
Entretantoa saída mais próxima para nascente ficará limitada a uma estreita rua que liga o estádio à avenida ou, andando mais uns centos de metros a outra rua igualmente estreita (r João de Deus) que eventualmente ainda desembocará na avenida da Boavista.
Hoje, na esplanada, o habitual grupo de frequentadores dividia-se entre o sarcasmo e a irritação.
Genericamente todos concordavam com a falta de sentido desta modificação que empurrava todos quantos quererão alcançar as zonas centrais da cidade para "um par de quelhos" pequenos em que o efeito de funil produzirá quase constantemente bichas que nas horas de ponta das escolas se transformarão em horas de embaraço, buzinadela, exasperação e, sobretudo, de incompreensão absoluta sobre o bem fundado da alteração da rede viária. Todavia a maioria ia mais longe e acusava a Câmara ou o departamento de trânsito de ignorância cavernosa e de burrice supina.
Eu, mais modestamente, ia sugerindo que a Câmara ou o tal departamento apenas cumpriam galhardamente o seu destino histórico de complicar, de chatear o indígena ou provavelmente de tentarem enviesadamente impor mais dificuldades ao trânsito automóvel propondo o uso de um metrobus cujos tresloucados responsáveis que finalmente já terão percebido que na zona terá poucos usuários.
No meio disto, um cavalheiro que, pelas dez da manhã já ia na segunda cerveja, bramia que "os ricos devem pagar a crise"
"O gajo ou já está como há de ir ou é da UDP-
Ainda tenti dizer que a dita UDP estava defunta ou amalgamada no Bloco de Esquerda juntamente com ex-revisionistas e outros tantos trotskistas mas os protestatários nem me quiseram ouvir.
Aquilo é tudo uma cambada!... (claro que o substantivo usado foi mais barroco, mais tripeiro e mais saído do coração mas isto é um blog respeitável que não gosta de ofender as mães e avós dos cavalheiros que num dia perdido de Agosto nos pregaram a partida que acima se descreve.
Arre!
(ou em latim macarrónico: arrium porrium catanorum cunque!...)
Junta-se mapa elucidativo