estes dias que passam 939
morrer da cura...
mcr, 8.10-24
A velhice como afirma a minha sábia mãe, é uma doença. Eu, menos experiente, acho que a idade é uma valente chatice. Já aqui o disse mesmo se om isto faça um verso de pé quebrado.
Entre as misérias que afligem os velhos, e não são poucas desdes os dentes que se vão, os cabelos que desaparecem, as carnes que engelham, as forças que falham, os ouvidos que perdem sensibilidade e mais m par de coisas que deixam de funcionar, está um par de doenças das que não matam mas amolam. Destas, porque a sinto nesta pele cansada, está o diabetes dos velhos, coisa que se vi resolvendo com um par de mezinhas que, normalmente, restabelecem um frágil equilíbrio desde que não se abuse da boquinha, outro prazer que se vai negando a quem entrou na terceira idade.
Eu, que de novo já nada tenho, além de ter uns olhos ameaçados pela "mácula" que vou combatendo com injecções periódicas para que a coisa não atija proporções maiores das que já tem, tenho como uma imensa legião de contemporâneos, o raio do diabetes b. A coisa, se controlada, não implica sofrimento . Claro que há alimentos proibidos ou censurados mas na maioria dos casos o regime alimentar não sofre especiais perturbações
A receita é simples. Para além das restrições culinárias tom o dois comprimidos para o diabetes e um terceiro para manter a tensão dentro dos seus normais limites. convenhamos que isto se tomado ao pequeno almoço e ao jantar, não incomoda ninguém, É apenas mais uma rotina mais que tolerável.
Todavia, ao fim de mais de meia dúzia de anos deste regime, comecei a reparar que os valores do açúcar medidos uma vez por dia em horários variáveis, excediam largamente aquilo que sempre tinham sido as metas(entre 90 e 150) Primeiro pensei que er o aparelho medidor que estaria a fazer das suas (fadiga, intervenção do Mossad, quiçá de algum inimigo menos distante, enfim, algo se passava) . Depois comecei a suspeitar do genérico que e, mã hora me fora aconselhado por uma farmaceutic de uma farmácia onde só entrei uma vez.
entretanto, consegui marcar uma consulta com a minha médica de sempre (que, aliás, me vai abandonar para passar à peluda) e descobri envergonhado que aquilo que, nos últiimos dois meses eu tomava parao controlo do diabetes era afinal um genérico do remédio para a regularização da tensão. Em poucas palavras: andei dois meses a permitir que os açúcares maus me fossem ocupando o futuro cadáver sem oposição da mezinha habitual.
Se eu tivesse, como devia, e agora exigi, comprado o medicamento certo sem pseudónimos genéricos, estaria não digo maravilhoso mas razoavelmente defendido.
Afinal fora a criatura da farmácia que se distraíra e trocara, espero que inocentemente, um medicamento por outro ainda por cima repetido .
Aguardo com a natural ansiedade os resultados da picadela de amanhã pois hoje vou dar tempo ao comprimido salvador.
Que todos os meus males, dada a minha vetustez, sejam estes já é uma meta de esperança. Ao que sei não corri perigo de vida mas se a coisa continuasse haveria obviamente consequências que não seriam agradáveis.
Alguém, desse lado invisível poderá repontar que me bastaria ter lido a famosa #literatura inclusa, que acompanha as pílulas. Sempre responderei que, à uma aquilo vem em letra pequeníssima mesmo para quem tem olhos de falcão peregrino. Depois o jargão farmacêutico é tão chato e peado quanto o jurídico. finalmente, descendente de uma longa teoria de médicos e farmacêuticos tenho por norma de vida (e de preguiça) confiar cegamente no que me receitam, seguir a prescrição à risca, e não me preocupar. Até há meses a coisa deu certo e, se tudo correr como propõe o meu inestimável doutor Pangloss (eu sou um voltairiano radical) tudo ira pelo melhor no melhor dos mundos.