estes dias que passam 943
Não dou para esse peditório!
mcr, 21-10-24
U coro não unânime mas importante entendeu indigna-se com a malvadez da Justiça que obrigou um pobre velhinho indefeso a percorrer vinte metros até à porta do tribunal onde, com mais uma dúzia de comparsas vai ser, finalmente, julgado por umas dezenas de crimes.
Pelos vistos esses cidadãos compadecidos nõ sabem que na lei portuguesa (e seguramente em muitas outras) obriga os réus a comparecer em plena sala do tribunal para se proceder à ua identificação.
A idade do se ricardo Salgado ao tribunal era, pois, obrigatória. A Justiça sai, para já, isenta de culpas .
Todavia, quem viu (e as televisões deleitaram-se a mostrá-lo) o lento percurso de um homem alegadamente afectado pelo Alzheiner, pode sentir alguma compaixão pelo que "alguém" o obrigou a fazer.
Esse alguém, pelos vistos, existe. O "ancião doente de olhar perdido" ia amparado pelo seu advogado e pela esposa amantíssima.
Pelos vistos, num primeiro tempo, ninguém se perguntou porque se assistiu a este caminho das pedras, quando o réu poderia ter entrado de carro na garagem do edifício e, em poucas passadas sem mirones de qualquer espécie, dirigiyr-se a um elevador e entrar directamente n sala de audiência.
Isso, essa faculdade, é a todos concedida desde que haja motivo para tal. A doença, obviamente, dá ao réu essa possibilidade. De resto, a saída do senhor DDT processou-se desse modo.
Portanto, primeira pergunta que qualquer indignado cidadão deveria ter feito é esta: porwue é que um velho doente foi obrigado a arrastar-se penosamente por entre a multidão qie naturalmente esperava desde há muito (dez anos) por este início do momento da verdade?
Claro que, houve quem desde logo pensasse que esta violência inaudita sobre o coidadinho do velhinho era apenas uma encenação e procurava tão só despertar comiseraçõ pelo menos via reportagem televisiva.
Pessoalmente foi isso que entendi desde o exacto momento da aparição daquela quase cadáver sem vontade nem percepção do que se passava à sua volta.
convém, neste momento, dizer que não sou vítima do BES, do GES ou de qualquer outra coisa ligada ao nome Espírito Santo. Não conheço a criatura, nem qualquer dos seus directos ou indirectos familiares.
Não tenho sequer especial interesse no desfecho deste processo. De resto, ou me engano muito, ou não viverei suficientemente para conhecer o fim, o fim absoluto dese processo. Nem mesmo tenho a certeza que assistirei ao julgamento, este, até `s primeiras condenações. Os advogados dos réus, os dos assistentes, o Ministério Público ou os atarefadíssimos juízes por diferentes motivos tem para muito e muito tempo. Isto não é a América que em poucos meses prendeu, julgou e meteu na prisão o senhor Madoff. O que lá não chegou a 2 anos por cá arrisca-se a ultrapassar (com sorte ) os vinte.
Entretanto, e voltando à vaca fria, não só a lei portuguesa obriga a pelo menos uma inicial presença do réu mas permite que familiares e advogados recorram a estas exibições infames e infamantes que, visivelmente só se destinam a criar à volta de alguém um clima de simpatia, de comoção, de indignação contra os "perseguidores (e aqui entram juízes, MP, advogados dos assistentes e "populaça"sempre áida de sangie e de escândalo. Até apareceu um prejidicado pelo GEs a uivar insultos e queixas sem que visivelmente alguém se interpusesse e o fizesse recuar.
(ao contrário de Madoff, não consta que o sr Salgado tivesse um colet `prova de bala... )
Ao lomgo d minha já extensa vida vi (oufui contemporâneo) de muitos criminosos célebres, mormente ditadores. A grande maioria morreu placidamente na cama. que me recorde as excepções foram Mussolini Morto pelos partisans italianos e depois dependurado pelos pás numa praça pública) e Ceausesco que umas tropas revoltosas despacharam em poucos minutos com a mulher. Jitler suicidou-se, Stalin ou Mao morreram tranquilamente na cama, o mesmo sucedendo a uma vintena de ditadores africanos e sulamericanos. Por cá o dr Salazar depois de cair da caseira morreu anos depois pensando que governava, e o seu sucessor morreu no exílio. alguns revolucionários esparvoados e com as mãozinhas tintas de algum sangue de inocentes morreram tranquilamente sem mesmo terem tido o frete de ir a julgamento.
Já nºao recordo bem como é que acabaram os cavalheiros que dirigiram os kmer vermelhos mas tenho a ideia de ver um deles (o camarada nº 1 ou o nº2) também velhinhos a serem presos e julgados, não sequer incomodar-me em pesquisar se morreram executados ou se fleceram tranquilamente ao contrário dos milhões de vítimas que mandaram matar.
quanto ao martirizado sr Salgado só me pergunto porque é no seu círculo íntimo ninguém proibiu a exibição qu todos pudemos ver.
Pelos vistos, a Ordem dos Advogados tmbém não tem poderes para lembrar ao advogado do réu Salgado que há, para além da lei, do Estatuto da Ordem, da civilidade e do direito a não exibir afrontosamente lguém incapaz de se defender, que "est modus in rebus" e que nem todos os truques são permitidos ou sequer legítimos. Mas isso é outra conversa...
E tenho quase por certo que o jovem causídico não se comoverá com estas mal traçadas regras baseadas num outro tempo e numa outra convicção quanto a valores e cidadania.