estes dias que passam 944
""c'est les pauvres qui trinquent" 2
mcr, 1/11/24
quem me lê desculpará o franciu do título mas ele apenas recorda um texto que neste mesmo blog publiquei vai um largo par de anos. Na altura eu comentava uns violentíssimos distúrbios nos arrabaldes de Paris, nessas cidades dormitório para onde se expulsaram os pobres, os árabes, os negros, enfim os imigrantes de todas as nacionalidades. Já nãorecordo bem o que terá motivado essa tremenda explosão de raiva mesmo se me pareça que tal ocorreu devido à morte de um rapaz nego ou magrebino que a fugir da polícia se refugiou numa cabina de alta tensão.
ainda tentei encontrar o texto em causa mas não consegui ou a preguiça não deu para mais que uma busca rápida e ineficaz.
De todo o modo, a ideia central era esta: os distúrbios nas cidades satélite atingem com especial dureza quem lá vive . Carros espatifados, incêndios de mobiliário urbano, lojas assaltadas, repartições destruídas, um desastre...
entretanto os poderes constitídos continuavam a agir, reprimiam da ,esma maneira, as classes médias sentim um "frisson" na espinha mas como moravam longe, aquilo passava depressa. A polícia registava algumas baixas nos seus efectivos mas arreava forte e feio na mesma . Os manifestantes acabavam por desistir, regressavam à toca e continuavam a sentir-se "feios, porcos e maus". Os vizinhos ficavam mais pobres, mais desamparados, com menos serviços essenciais durante largos períodos e os ghettos continuavam a prosperar , paredes meias com pequenos (ou grandes) gangs que provavelmente eram os únicos beneficiários dos dias, semanas ou meses de explosão. como de costume alguns iluminados de Esquerda juravam que aquilo prenunciava "le grand soir" mas, em definitivo o que se ia notando era o lento desaparecimento dos "amigos do proletariado" (nese caso mais lumpen do que outra coisa) e a nova Direita instalava-se de armas e bagagens, melhor dizendo, arrebatava os votos na zona que durante dezenas de anos fora a cintura vermelha da capital.
agora, foi a vez da "grande" Lisboa. A morte de um cidadão brasileiro às mãos da polícia (e não vou tentar perceber os contornos da coisa por não dispor de meios para o fazer e por saber desde há muito como é que os partidos radicais sempre apreciam estas situações. Para já temos a senhora Mortágua a manifestar-se ente oMaquês e os Restauradores e a gentuça do Chega aos uibos pelas ruas da baixa. Uns e outros tentam tirar dividendos deste incidente, estão-se nas tintas para o ue realmente sucedeu mas é mais que provável que seja o Chrga a recolher mais um par devotos entre os habitantes dos bairros que viram os seus bens destruídos.
Entre tais destruições, chama a atenção a queima de autocarros que obviamente deixaram de circular fazendo com que os que têm de ir para o trabalho tenham ainda mais dificuldades em o fazer. W quem diz trabalho, diz repartições públicas, serviços de saúde, enfim uma vida pior.
Os motoristas da Carris não querem arriscar-se a ser alvo de cocktails molotov e a empresa não se arrisca a repor imediatamente as linhas.
Entretanto uma assembleia municipal já recomendou medidas duras contra os suspeitos de distúrbios e não é impossível que outras agremiações lhe sigam o exemplo,
É verdade que as famílias dos manifestantes violentos serão atingidas pelos sespejos nas casas sociais mesmo que em nada tenham contribuído para as malfeitorias. Mesno que tais medidas não sejam tomadas, algo fica e isso é irreparável: não estou a ver o dono de um automovel incendiado a perdoar a quem o destruiu e a famosa solidariedade (alegadamente existente nos ghettos) a desaparecer num ápice.
O que mais me perturba, (e eu vivo a 300 quilómetros de lá, dentro de uma zona confortável , numa cidade que tendo problemas não tem nasa de comparável à cintura emigrada de Lisboa) é a incapacidade de boa parte doa activistas em destrinçar o trigo do joioe em propor coisas simples, eficazes para melhorar a situação existente e isolar os que praticam distúrbios.
Valeria a pena lembrar que as famosas tasers não dão para apetrechar sequer dmeia duzia de esquadras mais próximas enquanto que as câmaras que o polícia deveria usar ainda não entraram ao serviço por razões de protecçõ de dados . enquanto tal protecção for o que parece ser, mais outros cidadãos morrerão , mais polícias poderão ser indiciados, menos pessoas entrarão numa carreira mal paga e sempre acusada de tudo.
A polícia é mal amada, há algumas razões para isso, eu mesmo nunca morri de amores por quem durante longos anos me impediu de me manifestar, me prendeu, mas a verdade é que sem polícia tudo correrá ainda pior. Quando as hordas radicais dos racistas começarem a dar forte e feio nos anti isto ou aquilo sempre quero ver por quem eles chamarão.
Isto não pressupõe que se feche os olhos, que se invente qualquer garantia administrativa, que se esqueçam as violências policiais ou que se perdoem os atropelos à lei. Uma polícia sem meios, mal armada tenderá sempre a usar de violência desproporcionada . alguém irá continuar a morrer nesses sítios do fim do mundo onde, aliás, a polícia não gosta de entrar...
voltando ao título apenas convém dizer que poderia ser em português corriqueiro: são sempre os pobres que se lixam (para não usar palavra mais forte e mais justa mas mais malcriada)!...
Dantes neste dia pedia-se o pãopor Deus (bolinos, bolinhós para mim e para vós... ) Agora importou-se dos EUA um Halloween esparvoado que diz muito da nossa subalternidade ideológica e mental. As criancinhas, claro, adoram ou são ensinadas a adorar...
Os cemitérios estão a florir mesmo se só amanhã se celebrar o dia de fieis defuntos. quem pode aproveita o feriado ou desanda para um fim de semana longo. bom proveito e que não chova...